Mulher vê dívida de cartão saltar de R$ 1.200 para R$ 115 mil em três anos e lamenta: 'Poderia ser minha casa'
Publicado em 17/05/2024
Após ficar desempregada, a jornalista Juliana Lourenço não pagou fatura e conta como débito virou uma 'bola de neve'
"Poderia ser a minha casa". O lamento é da jornalista Juliana Silva Lourenço, 30 anos, que viveu uma situação inusitada após abrir o aplicativo do banco. Uma dívida de R$ 1.200 que contraiu com o Nubank em 2021 chegou a inacreditáveis R$ 115 mil em abril de 2024. A situação ganhou notoriedade após a mulher compartilhar a situação na rede social X (antigo Twitter). A publicação já teve mais de 160 mil visualizações.
A dívida iniciou após ela ficar sem emprego, no final de 2021, e deixar de pagar uma fatura de R$ 1.200 do seu cartão de crédito. Com o passar dos meses, a dívida inicial foi se acumulando, superando o limite de R$ 3.100 do cartão.
Em uma primeira postagem na internet em março deste ano e que teve mais de 355 mil visualizações, Juliana divulgou que a dívida estava em R$ 87.470,52. Em abril, ela se espantou com o valor. "Em dois meses, já pulou para 115 mil, o céu é o limite", escreveu.
Em uma conversa exclusiva com O DIA, a jornalista afirmou que tentou um acordo com o banco, mas as possibilidades ainda não cabiam no bolso.
"Já tentei negociar essa dívida, mas nenhuma proposta ficou por menos de 4 mil reais à vista, mesmo com o Desenrola [programa de renegociação de dívidas do governo federal]", conta Juliana.
A jornalista chegou a ser contactada pelo banco para liquidar o débito. "O desconto que oferecem é de 96%, mas sobre esses 115 mil, fica em quase 5 mil reais, pagando à vista," explicou. Segundo ela, "se optar pelo parcelamento em 10 vezes, o montante sobe para mais de 6 mil reais", lamentou.
Além do alto valor, Juliana esbarra em outro empecilho: a dificuldade de conseguir um emprego formal. Atualmente trabalhando como autônoma, não sobra lastro para tentar eliminar a dívida, que só cresce. "Conforme a fatura vai aumentando, vai aumentando o valor da proposta", lamenta.
Morando de aluguel em uma kitnet, ela contou que precisou se mudar, mas, com restrição de crédito, teve que recorrer ao auxílio da família. "Conseguir alugar casa com nome restrito é muito difícil. Então sigo por aqui, porque fiz o contrato pelo nome da minha mãe", explica.
Mesmo em meio ao drama, a jornalista imagina o que faria se os dígitos da dívida fossem saldo na conta. "Eu com esse saldo já teria a minha casa, abençoa senhor", disse.
No entanto, ela não vê perspectiva de melhora na vida financeira. "Não tenho mais nenhum tipo de cartão de crédito e provavelmente não terei tão cedo. Para tudo uso débito ou Pix," desabafa.
Procurado por O DIA, o Nubank informou, por meio de nota, que para preservar o sigilo de seus clientes, não comenta casos específicos. Confira a nota divulgada pela instituição na íntegra.
"O Nu reforça que realiza e participa de campanhas que fazem ofertas cujos descontos podem atualmente ficar ao redor de 98% do valor devido, de acordo com critérios e análises de cada caso. A companhia recomenda ainda que os clientes utilizem o aplicativo para renegociar suas dívidas, evitando a incidência de juros - todos os clientes podem fazer renegociações via canais oficiais de atendimento do Nu ou por meio de plataformas como Serasa Limpa Nome e Acordo Certo.
Informações úteis e detalhadas sobre negociação de dívidas estão publicadas neste post em nosso blog: https://blog.nubank.com.br/como-negociar-divida-no-nubank/"
Ajuda no Banco Central
Juliana acionou o Banco Central para buscar uma solução. "Fiz a denúncia, porque é minha última alternativa, caso contrário vou deixar caducar. Não tenho advogado para o caso", explica.
Apesar da situação difícil, ela segue otimista. "A denúncia foi aberta essa semana, e o prazo inicial para resposta é de dez dias, embora possa ser estendido. Estou confiante em uma solução mais adequada", concluiu.
Segundo nota da instituição, "as reclamações sobre os serviços oferecidos pelas instituições supervisionadas pelo Banco Central (BC) ajudam no processo de regulação e fiscalização do sistema financeiro".
"Entretanto, o BC informou que não atua sobre o caso individual do cidadão. Em caso de conflito com uma instituição, ele deve procurar o local do atendimento ou o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da própria instituição, a ouvidoria da instituição ou os órgãos de defesa do consumidor (Procon do estado)", conclui a nota.
O Banco Central divulgou um canal que os cidadãos podem obter mais informações sobre reclamações contra bancos e outras instituições: financeiras: https://www.bcb.gov.br/meubc/registrar_reclamacao.
Fonte: O Dia Online - 16/05/2024
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