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Empreendedores ignoram crise e desemprego faturando em áreas em alta
Publicado em 01/02/2016 , por PALOMA SAVEDRA
Tornar-se o seu próprio patrão tem sido a alternativa de muitos brasileiros Rio - "Vou abrir um negócio próprio”. Quantas vezes você já ouviu essa frase de quem está fora do mercado ou que sonha com a autonomia? Tornar-se o seu próprio patrão tem sido a alternativa de muitos brasileiros diante da alta do desemprego no país.
Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, o número de pessoas que trabalham por conta própria (formal ou informal, e que não seja empregador) nas Regiões Metropolitanas do Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre bateu o recorde de 4,650 milhões em dezembro de 2015, o maior desde o início da série, em 2002.
Os números mostram que cada vez mais brasileiros estão apostando nas suas ideias para transformá-las em negócio. Foi o que fez o cozinheiro Ernesto Pieroni, 33 anos, que vende sanduíche de carne suína em feiras do Rio — a especialidade é a porchetta, prato típico italiano feito lateral do porco desossada.
Depois de deixar um emprego em restaurante, criou, com o sócio Ragi Achacar, 64, o ‘Espírito de Porco’. Com um investimento inicial de R$ 5 mil, compraram uma barraca em março do ano passado e em agosto já estavam com um food-truck (trailer). Hoje contam com 15 pessoas e uma cozinha industrial.
“Escolhemos um produto que nem todos têm ou sabem fazer. No início, eram quatro eventos por mês. Hoje, são quatro por fim de semana. E a nossa cozinha ficou pequena e queremos abrir uma loja”, diz Ernesto.
Eles mostram ainda que o comércio de alimentos é uma das áreas mais promissoras este ano. Em meio à crise econômica, negócios como reparação de veículos e motos, conserto de computadores e recarga de cartuchos, confecção de roupa, cabeleireiros e estética também lideram a lista de negócios em alta do Sebrae.
Acertar na escolha do negócio e diferenciar-se no mercado também foi o fator de sucesso da MotoCerva, um bar itinerante instalado em uma motocicleta com quatro tipos de chopes artesanais da Röter, fábrica de Barra do Piraí, no Rio, criada pelo técnico cervejeiro Leopoldo Mayrinch, 32.
“Vendi meu carro para comprar a moto e investir no negócio. Em seis meses tive retorno. Hoje, há outros vendedores mas procuramos ter uma boa relação para não perdermos espaço. Nos falamos pelo WhatsApp para evitarmos ir para o mesmo evento quando oferecemos produtos parecidos”, conta ele, que também usa o Facebook para divulgação.
Olho na concorrência e também na divulgação
Além da visão de mercado, estudar os concorrentes é uma das dicas para lucrar. Leva vantagem quem já tem conhecimento na área, ensina o coordenador do Sebrae na Zona Norte, Leandro Marinho. Segundo o especialista, investir ‘do zero’ em algo com que não se tem experiência não é um impedimento, mas exigirá mais estudo. “Na medida que se escolha um negócio com algum contato anterior, aumentam as chances de ser bem estruturado”, diz.
Para o professor e coordenador do MBA em ‘Administração: Empreendedorismo e Desenvolvimento de Novos Negócios’, da FGV, Marcus Quintella, um erro cometido pelos empreendedores, e que leva à quebra da empresa, é não fazer pesquisa de mercado. “Tem que testar o produto, saber a área de venda, estudar quem são os concorrentes e saber como eles podem complementar o seu”, diz ele. “Quem não tem recurso para isso, pode ir ao local, perguntar e decidir pela percepção. O vendedor de salgado tem que ir no local onde quer comercializar e saber o que se vende ali, o que está em falta e se existe demanda”.
A técnica em Gestão de Projetos, Larissa Dias, 31, foi demitida em 2014 e usou o dinheiro da rescisão para fazer curso de Personal Organizer e montar o ‘Me and Mommy Organizer’. “Eu já fazia como hobby, mas me qualifiquei”, conta ela, que também usa o Facebook para visibilidade.
Mercado crescente
No Brasil, o número de microempreendedores individuais (MEIs) ultrapassou o número de micro e pequenas empresas. Desde sua criação em 2008, até janeiro, o país já formalizou mais de 5.720.194 micro empreendedores individuais, ou seja, quase 20 % a mais de MEIs sobre o número de micro e pequenas empresas (MPEs) abertas, que totalizam 4.777.069. Assim, o número de pequenos negócios empresariais (MEIs + MPEs) chega a 10.497.263.
O Microempreendedor Individual (MEI) trabalha por conta própria, ou tem um empregado. O faturamento anual é de até R$ 60 mil. Ele se constitui pelo Portal do Empreendedor e fica inscrito no Simples Nacional e tem a vantagem da carga tributária reduzida. Ele paga INSS, ICMS (se for indústria ou comércio) e/ou ISS (atividades de serviço). O pagamento é fixo e mensal, independente do que faturar. A microempresa tem faturamento anual de R$ 60 mil a R$ 360 mil. A pequena empresa de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões. A formalização é na Jucerja.
Passos para o sucesso no negócio próprio
1- Escolha do negócio
A escolha de um negócio com o qual já se tenha experiência é uma vantagem para o empreendedor. Especialista do Sebrae, Leandro Marinho lembra que o contato anterior com a área é fundamental. Se você investir em algo que não tem conhecimento, estude e converse com pessoas da área. Opte por algo não só pela paixão, mas que tenha mercado. O Sebrae presta consultoria gratuita a quem pretende empreender ou que já tenha empresa. Informações em qualquer unidade ou pelo Telefone : 0800 570 0800.
2 - Estude a área
Definido o negócio, é fundamental que se esgote ao máximo a possibilidade de conhecimento da área. “Pergunte a potenciais clientes seus gostos e necessidades. Quanto mais informação, mais elementos para que a empresa seja estruturada e cresça”, diz Leandro.
3 - Local
O ponto de venda, seja fixo ou itinerante, tem que ser avaliado. Por exemplo, antes de decidir abrir uma loja em uma área, pesquise se haverá mercado para seu produto. Em muitos casos, isso é feito por percepção do empreendedor, que visita os locais e pergunta. Mas esse dado é obtido no detalhamento do Plano de Negócios (abaixo), feito gratuitamente com consultores do Sebrae ou com algum especialista contratado.
4 - Plano de negócios
É o que vai estruturar o negócio, minimizando os riscos de quebra da empresa. O plano faz um levantamento dos recursos que serão necessários para investir e manter o empreendimento. Leva em consideração potenciais compradores e fornecedores, quais são os concorrentes e como eles funcionam, e se eles se posicionam de forma aglomerada ou em pontos diversos. O empreendedor terá que colocar no papel todos esses custos. Mas especialistas alertam que esse serviço deve ser feito com auxílio de profissionais (como contador). Há orientação gratuita de técnicos do Sebrae e o documento é disponível no site.
5- Capacitação
Muitos têm pressa para montar o negócio, mas não se preparam para ser gestor. “Um padeiro pode ser bom profissional, mas a gestão da padaria envolve capacitação. É uma atividade diferente de fazer pão”. É preciso aprender a gerenciar pessoas, recursos financeiros e a questão da logística de fornecedor. Procure cursos acessíveis.
6- Diferencial
O mercado tem inúmeras atividades. É importante se diferenciar para que o seu produto agregue mais valor que o do concorrente.
7- Finanças
No cenário atual, muitas pessoas demitidas estão pegando dinheiro da rescisão e investindo em um negócio. Mas é preciso ter verba para manutenção da empresa. “Muitos investem todo o capital na construção da empresa, e depois não têm o capital de giro, que é o dinheiro para o dia a dia da empresa, para pagar fornecedor etc. Um bom plano de negócios ajuda a enxergar isso”, diz Leandro. Também é imprescindível separar as contas da empresa das pessoais.
8 - Financiamento
Para quem precisar de empréstimo bancário, o especialista faz um alerta: o ideal é obter crédito na abertura da empresa e não para capital de giro. “Em geral, sai mais barato. Há créditos voltados para compra de produtos e equipamentos, por exemplo”. O empreendedor tem que buscar informação para saber o que é mais favorável.
9 - Enquadramento da empresa
O empreendedor deve verificar se sua atividade pode ser enquadrada como MEI, microempresa ou pequena empresa e se formalizar.
10 - Divulgação
É fundamental o esforço para que a empresa apareça. Faça contatos com amigos e pessoas do ramo, divulgue em mídias sociais. Tem que ser criativo.
Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, o número de pessoas que trabalham por conta própria (formal ou informal, e que não seja empregador) nas Regiões Metropolitanas do Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre bateu o recorde de 4,650 milhões em dezembro de 2015, o maior desde o início da série, em 2002.
Os números mostram que cada vez mais brasileiros estão apostando nas suas ideias para transformá-las em negócio. Foi o que fez o cozinheiro Ernesto Pieroni, 33 anos, que vende sanduíche de carne suína em feiras do Rio — a especialidade é a porchetta, prato típico italiano feito lateral do porco desossada.
Depois de deixar um emprego em restaurante, criou, com o sócio Ragi Achacar, 64, o ‘Espírito de Porco’. Com um investimento inicial de R$ 5 mil, compraram uma barraca em março do ano passado e em agosto já estavam com um food-truck (trailer). Hoje contam com 15 pessoas e uma cozinha industrial.
“Escolhemos um produto que nem todos têm ou sabem fazer. No início, eram quatro eventos por mês. Hoje, são quatro por fim de semana. E a nossa cozinha ficou pequena e queremos abrir uma loja”, diz Ernesto.
Eles mostram ainda que o comércio de alimentos é uma das áreas mais promissoras este ano. Em meio à crise econômica, negócios como reparação de veículos e motos, conserto de computadores e recarga de cartuchos, confecção de roupa, cabeleireiros e estética também lideram a lista de negócios em alta do Sebrae.
Acertar na escolha do negócio e diferenciar-se no mercado também foi o fator de sucesso da MotoCerva, um bar itinerante instalado em uma motocicleta com quatro tipos de chopes artesanais da Röter, fábrica de Barra do Piraí, no Rio, criada pelo técnico cervejeiro Leopoldo Mayrinch, 32.
“Vendi meu carro para comprar a moto e investir no negócio. Em seis meses tive retorno. Hoje, há outros vendedores mas procuramos ter uma boa relação para não perdermos espaço. Nos falamos pelo WhatsApp para evitarmos ir para o mesmo evento quando oferecemos produtos parecidos”, conta ele, que também usa o Facebook para divulgação.
Olho na concorrência e também na divulgação
Além da visão de mercado, estudar os concorrentes é uma das dicas para lucrar. Leva vantagem quem já tem conhecimento na área, ensina o coordenador do Sebrae na Zona Norte, Leandro Marinho. Segundo o especialista, investir ‘do zero’ em algo com que não se tem experiência não é um impedimento, mas exigirá mais estudo. “Na medida que se escolha um negócio com algum contato anterior, aumentam as chances de ser bem estruturado”, diz.
Para o professor e coordenador do MBA em ‘Administração: Empreendedorismo e Desenvolvimento de Novos Negócios’, da FGV, Marcus Quintella, um erro cometido pelos empreendedores, e que leva à quebra da empresa, é não fazer pesquisa de mercado. “Tem que testar o produto, saber a área de venda, estudar quem são os concorrentes e saber como eles podem complementar o seu”, diz ele. “Quem não tem recurso para isso, pode ir ao local, perguntar e decidir pela percepção. O vendedor de salgado tem que ir no local onde quer comercializar e saber o que se vende ali, o que está em falta e se existe demanda”.
A técnica em Gestão de Projetos, Larissa Dias, 31, foi demitida em 2014 e usou o dinheiro da rescisão para fazer curso de Personal Organizer e montar o ‘Me and Mommy Organizer’. “Eu já fazia como hobby, mas me qualifiquei”, conta ela, que também usa o Facebook para visibilidade.
Mercado crescente
No Brasil, o número de microempreendedores individuais (MEIs) ultrapassou o número de micro e pequenas empresas. Desde sua criação em 2008, até janeiro, o país já formalizou mais de 5.720.194 micro empreendedores individuais, ou seja, quase 20 % a mais de MEIs sobre o número de micro e pequenas empresas (MPEs) abertas, que totalizam 4.777.069. Assim, o número de pequenos negócios empresariais (MEIs + MPEs) chega a 10.497.263.
O Microempreendedor Individual (MEI) trabalha por conta própria, ou tem um empregado. O faturamento anual é de até R$ 60 mil. Ele se constitui pelo Portal do Empreendedor e fica inscrito no Simples Nacional e tem a vantagem da carga tributária reduzida. Ele paga INSS, ICMS (se for indústria ou comércio) e/ou ISS (atividades de serviço). O pagamento é fixo e mensal, independente do que faturar. A microempresa tem faturamento anual de R$ 60 mil a R$ 360 mil. A pequena empresa de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões. A formalização é na Jucerja.
Passos para o sucesso no negócio próprio
1- Escolha do negócio
A escolha de um negócio com o qual já se tenha experiência é uma vantagem para o empreendedor. Especialista do Sebrae, Leandro Marinho lembra que o contato anterior com a área é fundamental. Se você investir em algo que não tem conhecimento, estude e converse com pessoas da área. Opte por algo não só pela paixão, mas que tenha mercado. O Sebrae presta consultoria gratuita a quem pretende empreender ou que já tenha empresa. Informações em qualquer unidade ou pelo Telefone : 0800 570 0800.
2 - Estude a área
Definido o negócio, é fundamental que se esgote ao máximo a possibilidade de conhecimento da área. “Pergunte a potenciais clientes seus gostos e necessidades. Quanto mais informação, mais elementos para que a empresa seja estruturada e cresça”, diz Leandro.
3 - Local
O ponto de venda, seja fixo ou itinerante, tem que ser avaliado. Por exemplo, antes de decidir abrir uma loja em uma área, pesquise se haverá mercado para seu produto. Em muitos casos, isso é feito por percepção do empreendedor, que visita os locais e pergunta. Mas esse dado é obtido no detalhamento do Plano de Negócios (abaixo), feito gratuitamente com consultores do Sebrae ou com algum especialista contratado.
4 - Plano de negócios
É o que vai estruturar o negócio, minimizando os riscos de quebra da empresa. O plano faz um levantamento dos recursos que serão necessários para investir e manter o empreendimento. Leva em consideração potenciais compradores e fornecedores, quais são os concorrentes e como eles funcionam, e se eles se posicionam de forma aglomerada ou em pontos diversos. O empreendedor terá que colocar no papel todos esses custos. Mas especialistas alertam que esse serviço deve ser feito com auxílio de profissionais (como contador). Há orientação gratuita de técnicos do Sebrae e o documento é disponível no site.
5- Capacitação
Muitos têm pressa para montar o negócio, mas não se preparam para ser gestor. “Um padeiro pode ser bom profissional, mas a gestão da padaria envolve capacitação. É uma atividade diferente de fazer pão”. É preciso aprender a gerenciar pessoas, recursos financeiros e a questão da logística de fornecedor. Procure cursos acessíveis.
6- Diferencial
O mercado tem inúmeras atividades. É importante se diferenciar para que o seu produto agregue mais valor que o do concorrente.
7- Finanças
No cenário atual, muitas pessoas demitidas estão pegando dinheiro da rescisão e investindo em um negócio. Mas é preciso ter verba para manutenção da empresa. “Muitos investem todo o capital na construção da empresa, e depois não têm o capital de giro, que é o dinheiro para o dia a dia da empresa, para pagar fornecedor etc. Um bom plano de negócios ajuda a enxergar isso”, diz Leandro. Também é imprescindível separar as contas da empresa das pessoais.
8 - Financiamento
Para quem precisar de empréstimo bancário, o especialista faz um alerta: o ideal é obter crédito na abertura da empresa e não para capital de giro. “Em geral, sai mais barato. Há créditos voltados para compra de produtos e equipamentos, por exemplo”. O empreendedor tem que buscar informação para saber o que é mais favorável.
9 - Enquadramento da empresa
O empreendedor deve verificar se sua atividade pode ser enquadrada como MEI, microempresa ou pequena empresa e se formalizar.
10 - Divulgação
É fundamental o esforço para que a empresa apareça. Faça contatos com amigos e pessoas do ramo, divulgue em mídias sociais. Tem que ser criativo.
Fonte: O Dia Online - 31/01/2016
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