Golpe do empréstimo digital: saiba como se proteger
Publicado em 28/04/2025

Especialistas orientam sobre como evitar armadilhas e proteger dados ao buscar crédito digital
Se você é um usuário das redes sociais, é provável que já tenha visto anúncios de empréstimos digitais com promessas de dinheiro rápido e fácil. Essas ofertas, que parecem vantajosas à primeira vista, podem esconder armadilhas. Para ajudar o leitor a evitar dores de cabeça, especialistas consultados pelo O DIA prepararam uma série de dicas sobre como contratar empréstimos com segurança e evitar ciladas.
Cristina Helena de Mello, economista e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC), explica que os golpes relacionados a empréstimos começam com uma grande proposta de dinheiro fácil. Os criminosos fazem uma série de perguntas pessoais à vítima e, logo em seguida, enviam um link para que dados sejam digitados.
"Normalmente, os golpistas aparecem com a promessa de oferecer crédito, mas, para isso, pedem que você pague alguma quantia ou clique em um link onde eles conseguem capturar os dados da sua conta corrente”, destaca.
Os criminosos entram em contato com a vítima e pedem que ela assine um suposto contrato. No entanto, sem que a pessoa perceba, são inseridas cláusulas que preveem multas em caso de desistência. Também é comum haver ameaças, como a de que o nome do cliente será enviado aos serviços de proteção de crédito, o que pode resultar em seu nome negativado.
Procurada pela reportagem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que instituições sérias não exigem pagamento antecipado para realização de empréstimos.
"Não existe nenhum empréstimo em que a pessoa tenha que fazer qualquer tipo de pagamento antecipado, seja de impostos, de preenchimento de cadastro ou de supostos adiantamentos de parcelas. Este tipo de abordagem é golpe. Em todas as operações de crédito regulares, o cliente recebe o dinheiro e não tem que pagar nada para isso", alerta Adriano Volpini, do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban.
Volpini também ressalta que o cliente sempre deve desconfiar de sites na internet que ofereçam crédito com condições vantajosas. "Sempre pesquise e verifique se a instituição é autorizada pelo Banco Central a oferecer empréstimos."
Procurada pelo jornal O DIA, a Polícia Civil informou que o Instituto de Segurança Pública (ISP) não possui dados sobre o número de boletins de ocorrência registrados por vítimas de golpes de empréstimo on-line. Como evitar golpes Para não cair em golpes digitais, é necessário ficar atento. Mareska Tiveron, advogada especialista em meios de pagamento, fintechs, direito bancário e compliance, reforça que o consumidor precisa adotar "postura cautelosa diante de ofertas de empréstimos que aparentem ser excessivamente vantajosas".
"Condições como taxas de juros extremamente baixas, liberação imediata do valor solicitado e uma agilidade incomum no processo de contratação devem ser vistas com desconfiança", aponta.
Uma prática indispensável, segundo a especialista, é jamais fornecer dados pessoais ou bancários a pessoas ou instituições desconhecidas. Antes de aceitar qualquer proposta de empréstimo ou realizar qualquer ação, também é fundamental confirmar a autenticidade do contato recebido. Para isso, é necessário buscar os canais oficiais da instituição financeira, como o site oficial ou os meios de atendimento autorizados, e verificar se a oferta foi, de fato, feita pelo banco mencionado na proposta.
"Outro ponto essencial é nunca efetuar pagamentos antecipados ou depósitos prévios como condição para liberação do empréstimo. Esse tipo de exigência é um indicativo claro de golpe, já que instituições sérias e regulamentadas não adotam essa prática", alerta Mareska Tiveron.
Empréstimo com nome negativado
Alguns golpes digitais atraem vítimas com a promessa de crédito para quem está com o nome negativado. Mesmo nesses casos, não é necessário recorrer a propostas duvidosas para conseguir ajuda financeira.
O consultor financeiro Renan Diego salienta que o empréstimo consignado pode ser uma alternativa viável para aposentados e pensionistas, que, mesmo com o nome negativado, desejam acesso ao crédito.
"Ele costuma ter taxas de juros mais baixas e é descontado diretamente do benefício, o que reduz o risco para os bancos", comenta.
Quem não faz parte do grupo, mas está com o nome negativado, também pode contratar um empréstimo.
"Algumas instituições financeiras oferecem crédito para pessoas com nome sujo, desde que apresentem um bem como garantia, como um imóvel ou veículo. Fintechs também estão entrando nesse mercado, utilizando critérios alternativos de avaliação, como o histórico de pagamento de contas de luz, água, telefone e outros serviços."
Fiscalização
Rubens Neto, especialista da Crédito Popular, analisa que, como grande parte dos golpes é aplicada por meio de redes sociais, aplicativos de mensagens e sites falsos, a fiscalização feita — em geral, pela Polícia Civil, Polícia Federal e Banco Central — enfrenta desafios. Ele também destaca que as instituições têm um papel fundamental no enfrentamento do problema.
"As autoridades devem ampliar campanhas públicas de conscientização, alertando para os sinais de golpes e orientando como denunciar. Criar parcerias com plataformas digitais para identificar e remover perfis, páginas e anúncios fraudulentos com mais agilidade também pode proporcionar efeitos positivos", sugere.
O consultor financeiro Renan Diego pontua que o sentimento de vergonha das vítimas também dificulta o processo de registro. "Muitas vítimas ficam constrangidas por terem passado por essa situação. Então não fazem o boletim de ocorrência, o que piora ainda mais a situação", diz.
Caí em um golpe. O que eu faço?
Se você caiu em um golpe digital de empréstimo, é importante agir rápido.
No caso de a vítima ter realizado um pagamento por Pix e depois perceber que se tratava de um golpe, é "fundamental entrar em contato com o banco ou acessar o aplicativo da instituição e procurar por um serviço específico denominado MED (Mecanismo Especial de Devolução)", indica a economista Cristina Helena de Mello.
"Esse canal foi criado justamente para permitir que, em casos de fraude, o banco tente realizar a reversão da transação e providencie a devolução dos valores transferidos indevidamente", pontua. "No entanto, é importante destacar que, muitas vezes, as instituições financeiras tratam essas ocorrências como erro de transferência por parte do cliente, desconsiderando o fato de que se trata de um crime, mesmo quando há evidências de que a vítima foi induzida ao erro por terceiros."
Também é essencial registrar um boletim de ocorrência e formalizar a denúncia. "Esses dados são indispensáveis não apenas para a apuração do crime, mas também para que se construa uma base de informações confiável, que ajude na gestão e no combate às fraudes envolvendo o sistema financeiro", explica Cristina.
Fonte: O Dia Online - 28/04/2025
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