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Café para todos os bolsos? Alta nos preços se mantém e levanta dúvidas sobre futuro da bebida
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Café para todos os bolsos? Alta nos preços se mantém e levanta dúvidas sobre futuro da bebida

Publicado em 28/04/2025 , por João Santos

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Atualmente, um quilo do produto corresponde a 4,3% do salário mínimo no Brasil

Café para todos os bolsos? Alta nos preços se mantém e levanta dúvidas sobre futuro da bebida "O café é democrático. Tem para todos os bolsos e para todos os gostos." É provável que você já tenha escutado essa expressão sendo dita por algum amigo ou familiar no passado. Porém, em abril de 2025, os números mostram que essa afirmação deixou de ser verdade. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), no mês de março, o quilo do café torrado e moído no varejo chegou a R$ 64,80, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando era de R$ 32,90, representando um aumento de quase 100%. Atualmente, um quilo do produto corresponde a 4,3% do salário mínimo no Brasil.

Diante do aumento significativo no valor, O DIA conversou com autoridades do setor e especialistas da área para entender os motivos que sustentam a escalada de preços e a projeção do mercado para os próximos meses. Além disso, entenda quais fatores influenciam diretamente o custo do café, como as instabilidades na política internacional, as variações climáticas e os impactos na cadeia produtiva, que acabam refletindo no bolso de milhões de brasileiros. 

 Política internacional e Clima

No ano passado, a produção mundial de café foi de 176,2 milhões de sacas. O Brasil, maior produtor global, costuma responder por cerca de um terço do total. A expectativa era de quase 59 milhões, mas, devido a intercorrências climáticas, a produção ficou abaixo do previsto, fechando em 54 milhões. No Vietnã, segundo maior produtor global, a situação não foi muito diferente, problemas com o clima também o impactaram, diminuindo 10% de sua safra. Esses fatores representaram uma perda relevante para a oferta mundial e, assim, impactou diretamente no equilíbrio entre produção e consumo.

O café é uma commodity — produto elaborado em larga escala que funciona como matéria-prima — negociada nas bolsas de Nova York, Londres e São Paulo. Com a alta do dólar, o produto ficou mais valorizado para exportação, o que resultou na elevação de preços no mercado interno. A demanda internacional continuou aquecida, diminuindo os estoques. A pressão sobre os preços aumentou, afetando os valores pagos pelo consumidor final. No primeiro trimestre de 2024, em média, o quilo do produto foi vendido a R$ 30,81. No mesmo período deste ano, saltou para R$ 62,33, aumento de 102%.

O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café, Lucas Tadeu, explicou que a redução na produção, especialmente no Brasil e no Vietnã, gerou a pressão de demanda que elevou significativamente os preços.

"A demanda praticamente esgotou os estoques. As indústrias precisam manter uma margem de segurança, pois não podem adquirir o produto diariamente. Isso exerceu uma pressão sobre os preços em nível mundial, chegando a dobrar em comparação com o primeiro semestre do ano passado. Como a indústria comprou o café em sacas mais caras do que o valor atual, ela está utilizando esse custo anterior nas gôndolas dos supermercados", explicou Tadeu.

O pesquisador também destacou que as políticas tarifárias implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactaram diretamente o preço do café, além das possíveis "surpresas" do mandatário norte-americano.

"Há um fator novo: o presidente dos Estados Unidos está impondo taxas a diversos países, incluindo o Vietnã com uma taxa de 40%. Isso impactou o preço do café, pois o consumidor americano passa a pagar mais. E não se sabe qual será a próxima medida que ele adotará. O cenário político e econômico internacional está muito instável", disse o especialista.

Comportamento do consumidor

De acordo com a Abic, entre novembro de 2023 e outubro de 2024, o consumo interno aumentou 1,1%, totalizando 21,916 milhões de sacas. Com isso, o Brasil se mantém como o segundo maior consumidor global, atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, é importante lembrar que a elevação das cotações internacionais começou no segundo semestre de 2024, período em que as indústrias ainda contavam com estoque antigo. Isso possibilitou a manutenção dos preços por alguns meses. Em dezembro, o quilo do produto custava R$ 42,65, e subiu para R$ 56,68 já em janeiro deste ano, momento que os estoques anteriores se esgotaram.

Segundo pesquisa do Instituto Axxus, em 2019, 26% dos consumidores compravam o café de sua preferência, independentemente do preço. Em 2023, o patamar caiu para 15%, indicando uma mudança no comportamento do consumidor. Ainda conforme o relatório, em 2019, apenas 7% das pessoas optavam pela marca mais barata disponível no momento da compra; enquanto em 2023 esse índice subiu para 16%. Os dados revelam que essa transformação nos hábitos já vem ocorrendo há alguns anos — e é bem provável que na próxima pesquisa essa mudança fique ainda mais evidente.

O diretor executivo da Abic, Celírio Inácio, destacou que a maior parte do café consumido no país é da categoria tradicional. Os especiais e gourmet, por apresentarem preços mais elevados, representam uma fatia menor. Segundo ele, a diferença deve se acentuar ainda mais este ano, diante do cenário que se mantém desde o segundo semestre de 2024.

"No ano passado, o café tradicional e o extra-forte representaram cerca de 60% das vendas, enquanto os especiais e gourmet ficaram com 40%. Entretanto, com o aumento do preços, estimamos uma redução considerável nas vendas dos cafés especiais, já que os consumidores passam a optar por produtos mais acessíveis. Em um primeiro momento, os preços dos especiais até se mantiveram estáveis, mas posteriormente também sofreram reajustes", afirmou.

Inácio acrescentou que o café tem uma característica única entre os alimentos: permanece presente no dia a dia do brasileiro, mesmo com valores elevados.

"O café já está presente em 97% dos lares brasileiros e, ainda assim, tivemos um crescimento significativo no ano passado, de 1,1%. A grande preocupação é que ele deixe de ser um alimento acessível a todos. Independentemente da marca ou do tipo escolhido, todos os cafés têm o mesmo selo de qualidade. O que temos observado é que os consumidores não deixaram de comprar, mas estão mais criteriosos: abrem mão de sua marca preferida para levar a opção mais em conta", explicou.

Mesmo com o aumento nos preços, o café segue sendo consumido pela quase totalidade da população brasileira. Contudo, percebe-se uma mudança no perfil de compra, ocorrendo uma troca de marcas e tipos. Se antes consumidores da classe D e E eventualmente compravam cafés gourmet, hoje isso se tornou inviável. Já aqueles que compravam cafés especiais com frequência, agora os consomem apenas ocasionalmente.

Supermercados 

Segundo relatório da Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, em abril de 2024, o preço da saca de 60 kg do café arábica era de US$ 236,77 (R$ 1.196 no câmbio da época). Já no mesmo período deste ano, o valor subiu para US$ 425,87 (R$ 2.470). A elevação do preço da safra, somada à valorização do dólar, que está em torno de R$ 5,80, impactou diretamente o valor que chega aos supermercadistas e comerciantes. Naturalmente, seria esperado um repasse proporcional ao consumidor final. No entanto, conforme o diretor executivo da Abic, os comerciantes estão tentando retardar os preços.

"O mercadista está lutando junto com a indústria para tentar diminuir o valor do café que chega ao consumidor. Ele está praticando uma média ajustada, e não proporcional, diminuindo sua margem de lucro para oferecer um produto mais acessível à população. Esse movimento não é comum, o comerciante está enfrentando os aumentos, e não se beneficiando diretamente deles", explicou.

Inácio acrescentou que, independentemente do valor ofertado, o supermercadista deve zelar pela qualidade do café. É considerado fraude e violação do Código de Defesa do Consumidor vender produtos que não atendam às exigências legais. Por isso, de acordo com as autoridades, é fundamental que os comerciantes  estejam atentos ao selo de qualidade da mercadoria, evitando problemas com órgãos de fiscalização e protegendo os consumidores da comercialização de "café fake", como são chamados os produtos adulterados ou fora dos padrões exigidos pela legislação brasileira, que podem representar riscos à saúde.

O que esperar para os próximos meses?

A previsão do preço do café para os próximos meses ainda é incerta e depende de uma série de fatores, como o clima, a política internacional, a safra deste ano e o aumento da produção da matéria-prima em países como o Vietnã, segundo maior produtor mundial. O especialista em Direito Tributário Fabrício Tonegutti alertou que, no curto prazo, a tendência é de continuidade da elevação, já que as indústrias ainda utilizam a safra anterior.

"No curto prazo, a expectativa é de manutenção de preços elevados, com possibilidade de novos picos antes de algum alívio mais adiante. No início de 2025, a Abic alertou que os repasses de custos ainda não terminaram: projeta-se aumento entre 20% e 30% nos valores ao consumidor até o fim do primeiro semestre. Esse reajuste adicional decorre do encarecimento da matéria-prima [café verde], que subiu mais de 100% em 2024, mas não teve toda essa alta repassada a população. Portanto, até a entrada da nova safra no mercado, os preços internos devem continuar pressionados", afirmou Tonegutti.

Apesar do cenário pouco animador para este ano, Tonegutti aponta que em 2026 pode haver uma queda nos valores que chegam às gôndolas. Segundo relatório do Citibank, os preços estão próximos de seu pico e devem ceder gradualmente à medida que a oferta global se restabeleça e a demanda perca força.

"Para 2026, as previsões dependem muito do desempenho das próximas safras, especialmente a brasileira. Há certo otimismo de que o ciclo pode virar: após vários anos de clima adverso, espera-se que a produção de café no Brasil, cuja colheita começará em meados de 2025, seja mais robusta, aumentando a oferta e baixando os preços ao consumidor. Se as chuvas colaborarem e a bienalidade positiva vier forte, 2026 traria um respiro, com estoque refeito e cotações aliviando no mercado internacional, o que seria repassado aqui em forma de preços menores do pó de café", disse o especialista.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima uma colheita em torno de 51,8 milhões de sacas de 60 kg em 2025,  4,4% menor que no ano passado. Tonegutti afirma que essa redução já era esperada, por ser um ano de bienalidade baixa para o café arábica, fenômeno natural em que as lavouras apresentam menor produtividade após uma safra mais alta no ano anterior. Ele também destacou o impacto das condições climáticas desfavoráveis. 

"Além do ciclo natural, houve clima seco e temperaturas altas no fim de 2024, justamente período de floração e formação dos grãos. Isso derrubou a produtividade em algumas regiões. A média prevista no Brasil é de 28 sacas por hectare, abaixo da safra anterior. A produção de arábica deve somar 34,7 milhões de sacas, uma queda de 12,4%, enquanto o robusta deve crescer para 17,1 milhões de sacas, alta de 17,2% em relação ao ano passado", explicou.

Segundo os especialistas, para que a expressão popular "O café é democrático para todos os bolsos e para todos os gostos" continue fazendo sentido, será necessário que variáveis como clima, cenário internacional e produção voltem a caminhar em equilíbrio. Até que esses fatores entrem em concordância, a escalada de preços continuará interferindo nos valores que chegam aos comércios e, consequentemente, no bolso do consumidor.   

Fonte: O Dia Online - 27/04/2025

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