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Black Friday sem fraude: veja como se proteger dos golpes na hora das compras
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Black Friday sem fraude: veja como se proteger dos golpes na hora das compras

Publicado em 30/10/2024 , por Janize Colaço

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A edição de 2024 promete levar os brasileiros às compras, mas é preciso ficar atento para não cair em golpes

Um dos eventos mais esperados do ano pelo varejo está próximo de começar: a Black Friday 2024. A última sexta-feira de novembro cai no dia 29, mas desde antes os consumidores devem encontrar promoções e descontos. A expectativa é de que o faturamento no e-commerce cresça 9% na comparação com o ano passado e chegue aos R$ 9,3 bilhões, segundo dados da Neotrust.Confi. Só que junto às compras, golpes e fraudes também costumam marcar presença no evento.

Ao InfoMoney, o professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberto Kanter, destaca que golpistas buscam por datas como a Black Friday para induzir os consumidores ao erro. “Um produto que costuma ser vendido por R$ 1 mil será apresentado por R$ 600, numa loja com a identidade visual muito parecida com a Magalu, mas num site chamado ‘Malagu’, por exemplo. O consumidor é induzido ao erro, pensando estar comprando de uma loja conhecida”, explica. 

“Para dar credibilidade a um produto que está sendo vendido, golpistas usam sites de vendedores de depoimentos e bancos de fotos e vídeos internacionais para dar crédito ao produto e enganar o consumidor”, alerta Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Junto às páginas falsas que simulam e-commerce conhecidos, a entidade ainda alerta que golpes na Black Friday costumam ser aplicados em diferentes modalidades, como:

  • Supostas promoções enviadas SMS e mensagens de WhatsApp que podem conter links maliciosos;
  • Descontos e cupons enviados por e-mail se passando por empresas de grande porte, utilizando contas privadas como “@gmail”, “@hotmail”, “@outlook” ou “@terra”;
  • Perfis falsos nas redes sociais que investem em mídia para aparecer em páginas de compras e stories (no caso do Instagram) – inclusive com depoimentos de falsos compradores.

No “Mapa da Fraude – Black Friday 2023”, a ClearSale aponta que entre os dias 23 e 26 de novembro do ano passado foram mais de R$ 10 milhões somados em tentativas de vendas fraudulentas — ou pelo menos 400 ações criminosas por hora. “Observamos que a data está se expandindo ao longo de novembro e até dezembro, estendendo as vendas para o Natal e reduzindo a concentração de pedidos no fim de semana promocional”, explica Matheus Manssur, superintendente comercial da ClearSale.

Além disso, o executivo reforça que, após atingir um recorde de faturamento e pedidos em 2020, no auge da pandemia, os resultados da Black Friday têm arrefecido. “A recessão econômica é outro fator que tem impactado o volume de pedidos e o faturamento. Ainda que a fraude acompanhe essa tendência de redução, continua a representar um risco significativo”, diz.

Para Kanter, uma das principais formas para não se tornar vítima da “Black Fraude”, seja pela ação de criminosos ou de vendedores que possam estar praticando a “metade do dobro” nos preços, é iniciar a pesquisa pelos produtos e pelas lojas com um tempo de antecedência – semanas e, quando possível, meses. Além do consumidor ficar sabendo quanto eram os preços praticados fora da promoção, ele tem tempo de pesquisar a reputação do e-commerce pelo Reclame Aqui, as avaliações do Google e redes sociais. “Só que muitos nem estão pensando em comprar, mas acabam se deixando levar por alguma promoção que pode parecer ser imperdível.”

A pesquisa “Comportamento de compra e tendências para a Black Friday 2024”, da Dito com a Opinion Box, mostra que 43% dos brasileiros decidem se vão ou não fazer compras entre um a seis meses antes do evento. Ainda assim, 38% deixam para se decidir entre as semanas anteriores e a sexta-feira de promoções, sendo que outros 17% não sabem dizer se costumam ter uma frequência certa para se decidirem. Veja detalhes da pesquisa no gráfico abaixo.

Como evitar as compras por impulso – e as chances de cair em uma fraude?

Vale dizer que não se trata apenas da falta de planejamento financeiro que leva as pessoas a fazerem compras por impulso na Black Friday. Há fatores emocionais que explicam comportamentos como esses — deixando esses compradores suscetíveis aos golpes on-line. A educadora financeira e psicóloga Ana Paula Hornos explica que a compra por impulso é uma mistura de desejo e ilusão. “No momento em que a promoção aparece, a mente é capturada pela sensação de oportunidade única, e é como se cada etiqueta de desconto gritasse: amanhã vai ser tarde demais!”, diz.

Segundo a psicóloga, o cérebro libera doses de dopamina (neurotransmissor da recompensa), fazendo com que a compra se transforme em uma promessa rápida de prazer. “Vivemos em uma era onde consumir é confundido com realizar. O desconto é só o empurrão que faltava para alimentar o mito do ‘preciso disso agora’, mesmo que, na prática, o objeto em questão acabe esquecido no fundo de uma gaveta”, diz Ana Paula. Ela recomenda a pesquisa pelos produtos e preços e a elaboração de uma lista de compras, com antecedência.

Além disso, os especialistas lembram que alguns sites permitem acompanhar o histórico de preços e fazer a comparação entre lojas, como o InfoMoney mostra nesta matéria. “São ferramentas que ajudam a monitorar os principais e-commerces. Mesmo assim, há quem não se importe de correr o risco de comprar em um site desconhecido”, diz o professor da FGV. Reforçando o argumento, a pesquisa da Dito com a Opinion Box mostra que o uso de comparadores como Zoom, Buscapé, BondFaro e afins, foi deixado de lado por 28% dos entrevistados (confira o gráfico abaixo), que raramente ou sequer usaram na Black Friday do ano passado. Junto a isso, 49% revelaram terem comprado em lojas desconhecidas.

Como se proteger de golpes na hora das compras da Black Friday?

Embora o ambiente de compras da Black Friday seja um terreno fértil para golpistas, os especialistas consultados pelo InfoMoney destacaram que há meios dos compradores se protegerem. O head de prevenção à fraude em produtos e operações da NeonMark Sze, cita que mesmo os aplicativos bancários podem ajudar a prevenir e evitar algumas fraudes. “Eles contam com várias funcionalidades de segurança que, quando bem exploradas, podem ser determinantes para proteger os consumidores”, afirma.

Abaixo, confira as melhores formas de se proteger e evitar fraudes.

Compras com cartão de crédito

Sze prossegue com algumas recomendações de segurança para as compras, online ou nas lojas físicas. “Com um pouco de atenção e o uso correto dos recursos de segurança que a tecnologia nos permite usufruir, é possível ter uma experiência de compra segura e aproveitar as promoções sem colocar suas contas ou cartões em risco”, afirma. A seguir, ele listou formas que os compradores podem se proteger durante a Black Friday.

  • Ativar notificações de uso e alertas em tempo real: os aplicativos de bancos oferecem a possibilidade de habilitar alertas para cada movimentação financeira, que chegam exatamente no horário em que a transação é realizada. “Possibilita que o consumidor aja imediatamente, no caso de uma compra não reconhecida, bloqueando o cartão ou a conta na hora. Isso impede que outras transações sejam concluídas”, explica Mark Sze.
  • Ativar a geolocalização para o aplicativo: o recurso pode evitar fraudes, permitindo que transações sejam autorizadas apenas quando o dispositivo e o estabelecimento estiverem em locais de habitualidade do cliente.
  • Cartões virtuais em compras online: os dados dos cartões virtuais são protegidos e podem ser acessados apenas dentro do aplicativo bancário, gerados com números diferentes do cartão físico, o que reduz o risco de fraudes. “Em caso de atividades suspeitas ou compras não reconhecidas, o app permite o bloqueio emergencial do cartão, garantindo uma resposta rápida.”
  • Definir limites de transações e compras diárias: muitos aplicativos das fintechs e bancos permitem que o cliente configure limites diários para compras, transferências e saques. Isso ajuda a limitar a exposição a fraudes. “Configurar um limite adequado para o seu uso pessoal é uma boa estratégia durante a Black Friday. Se for necessário realizar compras maiores, você pode aumentar temporariamente o limite e depois reduzi-la novamente”, aconselha Mark Sze.
Compras com Pix

Muitos e-commerces e mesmo lojas físicas costumam dar mais descontos para pagamentos com Pix. Por isso, é importante ter atenção ao QR Code ou ao “copia e cola” fornecido.

A recomendação é conferir os dados do pagamento e se a loja escolhida é realmente quem irá receber o dinheiro.

Compras impulsivas

Se surgiu uma promoção boa demais para deixar passar e com tempo limitado, o professor de MBAs da FGV, Roberto Kanter, recomenda que o meio de pagamento seja o boleto. “Há uma validade que costuma ser entre 24 e 48 horas. Nesse meio tempo, o consumidor pode avaliar se a compra valeu a pena e se a loja é confiável.”

Sobre os boletos, a Febraban acrescenta que vale conferir se a empresa beneficiária que aparece no momento do pagamento no aplicativo ou site do banco tem relação com o vendedor. “Se o nome for diferente da marca ou empresa onde a compra foi feita, a transação não deve ser concluída”, recomendou a entidade na Black Friday do ano passado.

Compras em lojas físicas

Algumas empresas adotam uma estratégia omnicanal na Black Friday — quando visam garantir aos clientes uma experiência integrada em todos os seus canais, sejam físicos ou digitais, incluindo preços e descontos. “É o caso da Apple, em lojas online ou físicas, e em revendedores oficiais”, diz Kanter.

Mesmo assim, no caso de varejistas de eletrodomésticos e eletrônicos, as vendas pelo e-commerce costumam ser mais baratas devido aos menores custos de estoque. “Mas vale olhar uma loja perto de casa e se informar se haverá descontos diferenciados”, aponta o professor da FGV.

A Febraban, por sua vez, lembra que se a compra presencial for com cartão de crédito, vale conferir o valor na maquininha de pagamentos antes de digitar a senha. Além disso, a recomendação é de que o dono do cartão insira-o na maquininha. “Caso tenha entregado o cartão ao vendedor na hora do pagamento, verifique se o que foi devolvido é realmente o seu — golpistas costumam aproveitar o momento de empolgação e aglomeração no comércio de rua para trocar o seu cartão.”

Fonte: InfoMoney - 30/10/2024

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