Golpe da 'agência investigada': conheça a nova fraude financeira e veja como se proteger
Publicado em 15/10/2024
Criminosos dizem que a agência bancária está em investigação, e pedem transferência do dinheiro para uma conta suspeita. Febraban iniciou campanha antifraudes nesta segunda-feira (14).
Um novo golpe por telefone está sendo aplicado por criminosos. Nele, os golpistas se aproveitam da vulnerabilidade de idosos para pedir a transferência de grandes quantias financeiras.
Funciona assim: os golpistas ligam para clientes de banco dizendo que agência ou o gerente está sob investigação. Em seguida, pedem a transferência de recursos para contas suspeitas.
O Fantástico mostrou neste domingo o caso da Dona Lenir, de 78 anos, que perdeu R$ 17 mil. Moradora de Guarulhos (SP), ela recebeu uma ligação no dia 21 de agosto de um homem se apresentando como gerente do banco.
O golpista convenceu a aposentada a transferir todo o seu dinheiro para outra conta, alegando que essa nova conta estaria "protegida". Após a transferência, a aposentada percebeu que se tratava de uma fraude e que o homem não era funcionário do banco.
O mecanismo do novo golpe
A nova fraude utiliza uma velha abordagem: o da central telefônica falsa. Nesse caso, são aplicadas técnicas de engenharia social, a partir da manipulação psicológica do cliente, para que ele forneça informações confidenciais ou transfira valores a quadrilhas.
Para dar credibilidade à fraude, os criminosos chegam até a mandar um boletim de ocorrência falso, alertou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A partir daí, dizem que, para a proteção do cliente, ele deve transferir seus recursos para favorecidos indicados por eles enquanto durar a investigação criminal.
“Esta abordagem é golpe. Os bancos, entidades ou autoridades policiais nunca pedem que clientes façam transações bancárias", alerta José Gomes, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban.
Gomes orienta que, em caso de contato desse tipo, a ligação seja encerrada imediatamente. Qualquer dúvida sobre a agência deve ser esclarecida pelos canais oficiais do banco.
Segundo a Febraban, os bancos podem entrar em contato com os clientes para confirmar transações suspeitas, mas nunca solicitam dados pessoais, senhas, atualizações de sistemas, chaves de segurança, pagamentos ou estornos de transações nestes contatos.
Campanha antifraudes
Em meio a esse e outros casos (veja mais abaixo 15 golpes comuns e como se proteger), a Febraban lançou nesta segunda-feira (14) uma campanha de conscientização sobre fraudes eletrônicas.
O tema principal é: "Se é golpe, tem contragolpe", com participação do humorista Fabio Porchat. A ideia do projeto é fazer uma comunicação "direta e simples para ensinar as pessoas a reconhecerem os golpes", afirmou a organização. A campanha irá se estender até abril de 2025.
Em uma das peças de propaganda para a TV, Porchat diz:
“Gente, que negócio é esse de passar a senha, passar o código de segurança do cartão quando alguém liga dizendo: Ah, aqui é do banco, clonaram seu cartão, preciso que você confirme sua senha, seu código’. ‘Paaaara. Banco nunca pede pra você dizer a senha. NUNCA!!!! Pediu a senha? Pediu código de segurança? É golpe!!! Pó desligar sem dó." Cartilha sobre golpes contra idosos
Neste ano, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH) lançou uma cartilha com detalhes sobre como identificar e enfrentar a violência patrimonial e financeira contra idosos.
Esse tipo de violência ocorre quando uma pessoa ou instituição se apropria indevidamente do dinheiro ou dos bens de um idoso. São ações que podem causar danos, perdas, situações humilhantes ou vergonhosas, além de violar direitos humanos e de cidadania.
Na maioria dos casos, essa prática ocorre sem a autorização do idoso. Segundo o MDH, no entanto, há muitas situações em que permissão é concedida por meio de ameaças, violência psicológica ou desinformação. Isso pode levar, por exemplo, o idoso a assinar algo sem entender do que se trata.
Veja quais são os 15 principais golpes eletrônicos contra idosos, e como se proteger.
1. Bilhete premiado
Nesse caso, um golpista diz que ganhou na loteria — na Mega-Sena, por exemplo —, que possui um bilhete premiado e que não conseguirá receber o prêmio no banco. Em seguida, ele oferece ao idoso direito ao prêmio, desde que a vítima pague um valor menor pelo bilhete.
Como se proteger: Se alguém oferecer um bilhete premiado por um valor menor do que o prêmio anunciado, provavelmente é uma tentativa de golpe. Prêmios da loteria são concedidos diretamente aos portadores dos bilhetes premiados. Não há intermediários envolvidos.
2. Bilhete falso
Com base nas suas pesquisas feitas na internet, o golpista consegue saber quais são seus interesses e preferências. Ele emite, então, um boleto falso de viagens, consórcios, operadoras de telefonia, multas ou até mesmo de igrejas, e envia por e-mail.
Ao receber este boleto, a vítima não percebe se tratar de um golpe e acaba efetuando o pagamento.
Como se proteger: Ao se deparar com um boleto que você não tem conhecimento, leve-o até a agência bancária e peça orientação ao gerente. Antes de fazer qualquer pagamento, confira o valor, a data de vencimento e quem será beneficiado.
3. Cartão retido no caixa eletrônico
Instalação de uma armadilha nos caixas eletrônicos com o objetivo de prender seu cartão magnético na máquina, para ter acesso aos dados do cartão.
Como se proteger: Antes de inserir o seu cartão na máquina, verifique se o caixa eletrônico está violado ou se o local de inserir o cartão está com aspecto diferente do normal.
4. Consignado, empréstimo e cartão de crédito
Ocorre quando bancos ou instituições financeiras ligam insistentemente oferecendo empréstimos e cartões de crédito consignados — quando o pagamento de empréstimo é feito de forma automática e a partir da conta bancária da pessoa que solicitou o empréstimo ou foi vítima do golpe.
Segundo o MDH, o golpe pode ocorrer de duas formas diferentes:
- telessaque ou saque pelo telefone sem autorização; e
- telessaque ou saque pelo telefone sem que a pessoa que contrata tenha compreensão das regras da operação ou seja induzido ao erro.
Como se proteger: Assim que perceber o depósito em sua conta bancária, não movimente os fundos. Isso inclui não transferir o dinheiro para outras contas ou retirá-lo em espécie, diz o MDH. Entre imediatamente em contato com sua instituição bancária para relatar o incidente.
Outra dica é manter um registro de todas as comunicações e transações relacionadas ao incidente. Isso pode incluir datas, horários, números de telefone, nomes de pessoas com quem você falou.
Além disso, quando a contratação é realizada por meio de ligação telefônica, é garantida a desistência do negócio no prazo de 7 dias.
5. Falso namorado pela internet
O golpista utiliza sites de namoro para procurar vítimas — geralmente idosos ou pessoas que moram sozinhas. Logo, se aproximam, demonstram interesse e iniciam contato por aplicativos de conversa. Após envolvimento emocional, o golpista diz precisar de dinheiro para, por exemplo, tratamento de saúde.
Também é comum que golpistas peçam dinheiro emprestado — que nunca será devolvido — ou que se passem por estrangeiros, alegando envio de presentes. Nesse caso, é comum que um comparsa se passe por funcionário dos Correios ou da alfândega e ligue à vítima dizendo que os presentes estão retidos e precisam de pagamento para serem liberados.
Como se proteger: Se você suspeitar que está sendo alvo de um golpe, não hesite em falar com amigos, familiares, autoridades e pedir orientação para resolver a situação de forma segura, orienta o Ministério.
6. Falso sequestro
Os golpistas ligam aleatoriamente para o celular ou telefone e, quando a vítima atende, ela escuta pedidos de ajuda, gritos desesperados e choro, e essa pessoa se passa por alguém de sua família que foi sequestrada.
Logo, outro comparsa fala exigindo pagamento em troca da vida e segurança do suposto familiar, alerta o MDH.
Como se proteger: Nesse caso, a orientação é não se apavorar, não pronunciar o nome de ninguém da sua família, desligar o telefone e ligar imediatamente para a pessoa que foi supostamente sequestrada ou para pessoas próximas a ela.
7. Falsa central de atendimento
Por ligação telefônica ou mensagens de WhatsApp, os golpistas se passam por funcionário de alguma instituição financeira e comunicam à vítima que uma compra foi realizada em seu cartão de crédito. Geralmente, uma compra com valor elevado.
Durante a conversa, o golpista pedirá para confirmar seus dados, como número do cartão, endereço, nome completo, CPF, e assim irá coletar suas informações pessoais para benefício dele.
Como se proteger: Antes de fornecer qualquer informação pessoal ou financeira, verifique se a comunicação é legítima. Solicite detalhes sobre a compra em questão, como a data, o valor e o estabelecimento onde a compra foi supostamente realizada.
Se possível, entre em contato diretamente com o banco ou instituição financeira utilizando os números de telefone oficiais listados em seu cartão de crédito ou no site oficial da instituição.
Dois em cada 10 brasileiros foram vítimas de golpes financeiros nos últimos doze meses
8. Maquininha
Esse tipo de golpe pode ocorrer de várias formas.
As mais recorrentes são:
- Visor da maquininha quebrado: o golpista diz que a tela da maquininha está com defeito, efetua o pagamento na máquina e pede para a vítima conferir o valor da compra pelo aplicativo do celular dele. Mas o valor que é cobrado é muito maior do que o valor que aparece no app.
- Visor da maquininha com película: o golpista cola um adesivo no visor da maquininha para cobrir parte da tela onde aparece o valor que será cobrado. Assim, a vítima efetua o pagamento acreditando ser o valor que ela visualiza, mas o real valor cobrado é muito maior.
- Visor da maquininha adulterado: o golpista adultera o visor da maquininha fazendo aparecer, na tela, o valor combinado. Na prática, no entanto, é cobrado um valor muito maior da vítima.
- Compra duplicada: a vítima digita sua senha para confirmar a compra e, logo em seguida, o golpista diz que houve algum erro. Ele diz, então, que vai tentar concluir o pagamento em outra maquininha. Assim, o pagamento é cobrado duas vezes.
Como se proteger: Para evitar os golpes, é fundamental adotar medidas como não entregar seu cartão na hora do pagamento e sempre pedir o comprovante.
9. Motoboy
O golpista liga para a vítima, diz que o cartão dela foi clonado e que precisa ser cancelado com urgência. Ele confirma os dados pessoais da pessoa e solicita que alguns dados sejam inseridos no próprio telefone.
O criminoso pede, então, que a vítima faça uma ligação para o número que está no verso do cartão, que é o número da sua agência bancária.
Mas, por meio de escutas telefônicas, eles conseguem interceptar a ligação e informam que vão enviar um motoboy, suposto funcionário do banco, ou até mesmo um policial, e que seu cartão deverá ser entregue a ele.
Com os dados da vítima e o cartão, os golpistas realizam saques bancários e fazem compras online ou em lojas físicas.
Como se proteger: Nunca compartilhe informações confidenciais, como números de cartão de crédito, senhas ou códigos de segurança, por telefone.
10. Parente com o carro quebrado
O golpista faz uma ligação para a vítima, se identifica como um parente e pergunta se a pessoa "se esqueceu" dele. Durante a chamada, ele diz que precisa de dinheiro para consertar o carro e seguir viagem — e pede uma transferência bancária ou depósito.
Como se proteger: É preciso manter a calma e tentar descobrir mais informações desse suposto parente: pergunte o nome, de quem é filho, onde está, entre outras características que o ajudem a confirmar se é realmente o seu parente que está te ligando. Se as suspeitas de golpe aumentarem, desligue o telefone e ligue diretamente para a pessoa em questão.
11. Processo judicial
Por meio de ligação telefônica ou envio de correspondência, os golpistas informam que o idoso tem direito a receber certa quantia em dinheiro devido a uma causa ganha na justiça. Mas diz que será necessário efetuar o pagamento dos honorários e outras taxas para que eles iniciem a ação.
Como se proteger: Verifique a veracidade da informação. Pergunte detalhes sobre a suposta causa ganha, como o nome do advogado ou firma responsável, o tribunal onde o caso foi julgado e o número do processo. Se possível, entre em contato com um advogado de sua confiança para obter orientação.
12. Saidinha de banco
Idosos podem ter dificuldade em utilizar os caixas eletrônicos para efetuar operações de saque ou consulta de saldo. Por isso, muitas vezes pedem ou aceitam ajuda de pessoas desconhecidas.
Nesse momento, os golpistas coletam os dados pessoais, bem como número, senha e código de segurança do cartão.
Como se proteger: O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania recomenda que, se precisar de ajuda, procure sempre por um funcionário do banco uniformizado e identificado ou prefira realizar a transação dentro da agência bancária, no caixa de atendimento.
13. Site falso
Os golpistas criam sites falsos para venda de diversos produtos. Geralmente, eles usam o nome de grandes marcas e empresas e alteram apenas o endereço eletrônico. Então, para atrair as vítimas, criam diversos anúncios superchamativos, com descontos inacreditáveis, alerta o MDH.
Como se proteger: Sempre que for realizar compras pela internet, desconfie de preços muito abaixo dos concorrentes. O Ministério também orienta a verificar o endereço eletrônico, pesquisar o CNPJ da empresa e procurar saber se existem muitas reclamações sobre ela.
14. Troca de cartão
O golpista aguarda próximo às agências bancárias e, assim que a vítima sai de lá, ele a aborda e diz que seu cartão apresentou um erro ou que a transação financeira não pode ser realizada por algum erro.
Em seguida, pede que a vítima entregue o cartão para que ele possa examinar. Nesse momento, o golpista faz a troca do cartão e só depois a vítima percebe, alerta o MDH.
Como se proteger: Se alguém pedir para examinar seu cartão por qualquer motivo, recuse. Os funcionários do banco têm seus próprios métodos para lidar com questões relacionadas ao seu cartão.
15. WhatsApp clonado
O golpista finge ser funcionário de uma empresa com a qual a vítima contratou algum serviço e pede que confirme seus dados pessoais para atualizar o cadastro ou ganhar descontos na prestação dos serviços.
Dessa forma, ele consegue ter acesso a aplicativos de conversa, como o WhatsApp da vítima. Então, o criminosos se passa por ela e envia mensagens pedindo dinheiro aos familiares e amigos.
Fonte: G1 - 15/10/2024
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