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Desemprego no 3º trimestre só caiu em São Paulo, aponta IBGE
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Desemprego no 3º trimestre só caiu em São Paulo, aponta IBGE

Publicado em 20/11/2019

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Geração de emprego no estado foi puxada pela construção civil

São Paulo foi o único estado do Brasil a registrar queda no desemprego no terceiro trimestre, informou nesta terça (19) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No período, a diminuição no número de desempregados no estado paulista foi de 217 mil pessoas. Assim, a taxa de desocupação em São Paulo caiu para 12% no terceiro trimestre do ano, após registrar 12,8% nos três meses anteriores.

 

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que os números em São Paulo foram puxados pelo ramo da construção. "O que observamos nessa atividade foi um movimento significativo de pessoas trabalhando, e esse movimento impactou todo o resultado do Sudeste", explicou.

Rodolpho Tobler, economista do Ibre/FGV, apontou ainda que, apesar da melhora, os trabalhos informais seguem em alta no estado paulista.

"A melhora foi concentrada no setor da construção, mas também na informalidade. Mesmo resultados positivos têm sido baseados na informalidade. Temos menos pessoas desocupadas e mais pessoas ocupadas, mas o ideal era que estivesse mais consistente do lado formal", disse Tobler.

Já 25 das demais 26 unidades federativas permaneceram com a desocupação estável no trimestre que compreende julho, agosto e setembro. Apenas Rondônia registrou aumento, de 1,5 ponto percentual, na comparação com os meses de abril, maio e junho, para 8,2%.

No trimestre anterior, puxada pela alta da informalidade, a taxa de desemprego havia recuado em 10 unidades da federação, demonstrando estabilidade em todas as outras. Na ocasião, a taxa de desocupação era de 12% na média nacional. Atualmente, está em 11,8%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2018, o número de desempregados cresceu em Goiás e no Mato Grosso, e caiu em São Paulo, Alagoas e Sergipe. As demais 22 unidades da federação tiveram estabilidade.

INFORMALIDADE

O desemprego permaneceu estável na maior parte do país mesmo com recordes no trabalho informal. Ao fim do terceiro trimestre, 11,8 milhões de pessoas trabalhavam no setor privado sem carteira assinada, e outros 24,4 milhões trabalhavam por conta própria.

A taxa de informalidade entre os empregados, ou seja, aqueles que estavam sem carteira assinada no setor privado, trabalhadores domésticos sem carteira assinada, empregadores sem CNPJ, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores auxiliares familiares, chegou a 57,9% nos estados do Norte, 53,9% no Nordeste, 38,5% no Centro Oeste, 35,9% no Sudeste e 32,2% no Sul.

O trimestre encerrado em setembro teve aumento de 459 mil pessoas ocupadas, o que fez essa população chegar a 93,8 milhões, um recorde na série histórica que teve início em 2012.

"Um recorde puxado por informalidade", disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

De acordo com o IBGE, no período, 46,9% dos desocupados passaram entre um mês e um ano procurando emprego.Isso representa cerca de 5,8 milhões de pessoas.

O número de desempregados que buscam trabalho há menos de um mês vem crescendo, está em 1,8 milhão. No ano passado, eram 1,6 milhão de brasileiros.

"A procura por trabalho ainda é muito grande. A criação de ocupação, apesar de existir, ainda está em descompasso com a pressão feita pelos trabalhadores em busca de uma ocupação", disse Adriana Beringuy. 

Por outro lado, os que procuravam trabalho há dois anos ou mais estavam em 3,2 milhões de brasileiros, enquanto 1,7 milhão correm atrás de trabalho de 1 ano a menos de dois anos. Ambos os registros vêm caindo desde 2018.

Para o pesquisador do Ibre/FGV e da IDados Bruno Ottoni, essa queda no número de pessoas que procuram emprego há mais tempo é um ponto para ser olhado com otimismo.

"Foi uma queda, mesmo que pequena, mas foi uma queda", disse ele, que também viu com bons olhos os números de São Paulo. "O Sudeste costuma ser mais formal, com bastante presença da indústria, o que pode ter repercussão na cadeia do país", apontou.

Em contrapartida, Ottoni alerta que o momento do mercado de trabalho é inconclusivo, já que outros dados divulgados pelo IBGE apontam uma análise contrária.
 
"O fato de o desemprego estar elevado e não cair fortemente, além da grande informalidade, são números que permitem uma análise mais vazia", disse o pesquisador.

A taxa de desocupação mais alta continua sendo na população jovem. Para os que têm de 18 a 24 anos, esse número alcançou 25,7% no terceiro trimestre do ano.

Essa faixa etária é alvo do governo Bolsonaro, que assinou na semana passada uma Medida Provisória que cria o programa Emprego Verde e Amarelo, modalidade que reduz a tributação sobre empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos em primeiro emprego.

"Os jovens enfrentam falta de experiência ou restrições de horário por conta dos estudos. Com a restrição de trabalho para toda população, os jovens acabam tendo mais dificuldade porque ainda se deparam com a dificuldade que todas as pessoas e trabalhadores vêm enfrentando", apontou Beringuy.

O rendimento médio também permaneceu estável no país de julho a setembro, estimado em R$ 2.298, apenas R$ 1 a mais do que no trimestre anterior e R$ 3 acima do mesmo período do ano passado.

Segundo o IBGE, a taxa de desocupação é maior entre as mulheres (13,9%) do que entre os homens (10%). No Nordeste, a população feminina desempregada chegava a 16,7%, enquanto no Sul esse registro ficou em 9,8%.

Na comparação por cor, a população negra desempregada registrou números acima da média nacional. Os pretos representavam 14,9% desse número, enquanto os pardos chegavam a 13,6%. Os brancos ficaram abaixo, com 9,2%.

Fonte: Folha Online - 19/11/2019

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