'Não há vara de condão que recupere a economia', diz Temer em SP
Publicado em 02/12/2016
Presidente participa de evento com empresários em SP. Ele reconheceu que incidentes de natureza política tem afetado a confiança no pais.
O presidente Michel Temer disse na tarde desta quinta-feira (1º), em São Paulo, que "não há nenhuma vara de condão que recupere da noite para o dia uma economia que foi golpeadapor alguns anos de políticas equivocadas". O presidente participou na tarde desta quinta de um evento para investidores promovido pelo JP Morgan, no Hotel Hyatt, na Zona Sul de São Paulo.
Temer afirmou que incidentes de natureza política tem afetado a confiança no pais.
"Não posso ignorar o fato de que neste último mês de novembro, a confiança caiu um pouco em face de vários incidentes até de natureza política. As questões relativas à chamada anistita em um dado momento, agora a questão da responsabilidade de juízes e promotores etc, tem criado um natural embate em alguns setores governamentais e além disso, tem criado embates na própria opinião pública. Estes fatos e outros que vão ocorrendo criaram uma instabilidade e toda vez que há instabilidade o investidor coloca o pé atrás", afirmou.
O presidente ressaltou o avanço na proposta que impõe teto dos gastos, reconheceu que essa medida não é suficiente para gerar a credibilidade integral para impedir a recessão e prometeu aos investidores que na próxima semana vai remeter ao Congresso a reforma da previdência.
Também sinalizou a intenção de "cuidar das relações trabalhistas" para fazer valer "o acordado sobre o legislado."
Temer falou sobre a política de juros:
"Eu ouvi falar aqui a respeito de juros, que o Meirelles [ministro da Fazenda] falou sobre juros, que é uma coisa que vem pouco a pouco, viu Meirelles, vem vindo, porque é uma coisa com responsabilidade. Evidentemente vai, num dado momento...deve cair , nem dou palpite sobre isso. Isso tem que ser uma coisa do Banco Central, mas tudo isso leva à ideia de eficiência. "
O presidente disse que não teme os movimentos de rua:
"Se for movimento de rua pacífico não atrapalha não. Isso é fruto da democracia. Eu acho que chegamos a uma fase da nossa democracia que nos permite receber com muita tranquilidade esses movimentos. Claro que não os movimento depredadores. Portanto, quando se vê depredação, nós temos que manter a ordem", afirmou.
Temer falou em "pacificar o país".
"É preciso pacificar o país. Não podemos permanentemente viver em atrito entre várias correntes. Você pode atritar as ideias, mas não as pessoas. Nos últimos tempos , lamentavelmente o argumento não é de pensamento, é físico, depredar etc. Eu sei que eu digo isso e as pessoas ficam mais agitadas ainda. E 'não, nós temos que fazer isso'. Eu digo: não pode. Temos que partir para a pacificação do país, que também é outro ponto." Temer disse que o investidor quer saber se há tranquilidade no país e se há segurança jurídica.
No último dia 16, em jantar no Palácio da Alvorada que incluiu parlamentares e ministros, Temer admitiu que o país enfrenta uma recessão “profunda e extremamente preocupante”. Na ocasião, ele disse que são necessárias “medidas amargas” para reverter esse cenário. O encontro havia sido marcado para que o presidente pedisse apoio de senadores para a aprovação da PEC 55, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos.
Temer falou também sobre a agitação no cenário político. "Reconheço o fato de que neste último mês a confiança caou um pouco em face de vários incidentes de natureza política", afirmou.
Temer disse que na semana que vem vai enviar ao Congresso Nacional uma proposta de emenda constitucional que tem como objetivo readequar a previdência social.
"Os estados brasileiros estão praticamente quebrados em função da previdência", disse Temer.
Reunião com governadores
Pela manhã, no Palácio do Planalto, em Brasília, Temer se reuniu com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, e cinco governadores para discutir a crise financeira dos estados.
Participaram do encontro os governadores Luiz Fernando Pezão (RJ), Raimundo Colombo (SC), Rodrigo Rollemberg (DF), Simão Jatene (PA) e Wellington Dias (PI).
O rombo nas finanças tem afetado a maioria dos estados. Alguns deles estão sem dinheiro até para pagar a folha do funcionalismo. Os casos mais críticos são os do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Dos 27 estados brasileiros, quatro tiveram recuo no Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 na comparação com 2013, de acordo com a pesquisa Contas Regionais 2014 divulgada no início desta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: G1 - 01/12/2016
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