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A Petrobras é capaz de pagar suas contas?
Publicado em 12/07/2016 , por Samy Dana
A Petrobras é capaz de pagar suas contas?
Quando acompanhamos as notícias sobre desvios milionários da Petrobras, maior empresa do país, temos a impressão de que a atual crise pela qual empresa exige unicamente vontade política: basta combater a corrupção sistêmica que tomou a estatal para superar suas dificuldades financeiras. No entanto, se olharmos os dados financeiros e balanços da Petrobras, veremos que o fardo, em termos de pagamento da dívida, é muito maior.
Como a estatal chegou a este ponto? A companhia tinha o objetivo de estar entre as cinco maiores empresas de petróleo do mundo até 2030, como formalizado no plano estratégico da companhia, lançado em 2014. O fato é que, ao longo dos últimos anos, faltou planejamento e, por fim, dinheiro para alcançar estes objetivos excessivamente ambiciosos. A Petrobras acabou se transformando em um grande e disfuncional grupo empresarial, composto por mais de 300 empresas – muitas delas fora de seu foco operacional.
A amplitude da estatal, somada aos casos de corrupção, congelamento do preço da gasolina e queda do preço do barril de petróleo, fizeram com que a empresa perdesse seu grau de investimento e grande parte de seu valor no mercado financeiro. O resultado foi o acúmulo de uma dívida exorbitante. Durante os próximos anos, a petrolífera nacional deverá gastar valores relativos a dívidas já contratadas que estão entre R$60 bilhões e R$90 bilhões por ano. Só em 2019, a Petrobras terá de desembolsar, aproximadamente, R$106 bilhões.
O problema da estatal não é simplesmente possuir dívidas. É válido dizer que, em finanças, o carregamento de dívida ou o tamanho desse passivo pouco importa caso a companhia apresente sinais de que tem condições de pagar. Por conta disso, é necessário analisar alguns outros fatores apresentados pelos demonstrativos da companhia, tais como o lucro da empresa descontando o que ela deve pagar ou descontar. O último demonstrativo divulgado revela que a Petrobras teve lucro de R$ 73,9 bilhões em 2015, mas realizou pagamentos na ordem de R$ 76 bilhões no mesmo ano.
Além disso, a rolagem da dívida é outra dificuldade a ser enfrentada, uma vez que cerca de metade do valor está indexado a diferentes taxas que vêm subindo recentemente. O custo da dívida subiu de 5,5% ao ano no primeiro trimestre de 2015 para 6% no mesmo período de 2016, fazendo com que a companhia passasse de uma alavancagem de 52% para 58%, nos respectivos períodos. Ou seja, a análise mostra que a companhia se endividou ainda mais no último ano.
Para superar a “tempestade perfeita” pela qual passa a Petrobras – cenário, em parte, construído pelos erros da própria empresa –, uma série de medidas deverão ser tomadas, com foco na melhora de sua gestão operacional. Isso inclui venda de ativos e esforços para aumento da rentabilidade. Além disso, é preciso renegociar suas dívidas para prazos maiores, já que os valores dos desembolsos para os próximos anos não parecem compatíveis com a evolução das receitas previstas nos últimos demonstrativos.
Felizmente, já vemos sinais de que a gigante petrolífera seguirá esses passos. A Petrobras anunciou o plano de venda de ativos para este ano no valor de US$ 14,4 bilhões para fazer caixa. Mais além, seu foco passou a ser a exploração e produção de petróleo nos rentáveis campos do pré-sal, em águas profundas da Bacia de Santos. A produtividade nesta área é elevada, e a produção chega a atingir 20.000 a 30.000 barris por dia.
Enfim, há muito trabalho para recuperar a companhia, mas o desafio não é impossível. A Petrobras deverá se desfazer de alguns ativos não estratégicos e apresentar, em seus próximos demonstrativos financeiros, qual caminho pretende seguir. Ela tem a chance de escolher se vai se manter como uma grande empresa naquilo que se propôs a fazer ou seguirá os passos de outras companhias brasileiras que, embaladas pela vontade de construir “campeãs nacionais”, se tornaram insolventes – como a Oi e a OGX.
Post em parceria com Vinícius Bernardini Gonçalves, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e consultor pela Consultoria Júnior de Economia (www.cjefgv.com)
Quando acompanhamos as notícias sobre desvios milionários da Petrobras, maior empresa do país, temos a impressão de que a atual crise pela qual empresa exige unicamente vontade política: basta combater a corrupção sistêmica que tomou a estatal para superar suas dificuldades financeiras. No entanto, se olharmos os dados financeiros e balanços da Petrobras, veremos que o fardo, em termos de pagamento da dívida, é muito maior.
Como a estatal chegou a este ponto? A companhia tinha o objetivo de estar entre as cinco maiores empresas de petróleo do mundo até 2030, como formalizado no plano estratégico da companhia, lançado em 2014. O fato é que, ao longo dos últimos anos, faltou planejamento e, por fim, dinheiro para alcançar estes objetivos excessivamente ambiciosos. A Petrobras acabou se transformando em um grande e disfuncional grupo empresarial, composto por mais de 300 empresas – muitas delas fora de seu foco operacional.
A amplitude da estatal, somada aos casos de corrupção, congelamento do preço da gasolina e queda do preço do barril de petróleo, fizeram com que a empresa perdesse seu grau de investimento e grande parte de seu valor no mercado financeiro. O resultado foi o acúmulo de uma dívida exorbitante. Durante os próximos anos, a petrolífera nacional deverá gastar valores relativos a dívidas já contratadas que estão entre R$60 bilhões e R$90 bilhões por ano. Só em 2019, a Petrobras terá de desembolsar, aproximadamente, R$106 bilhões.
O problema da estatal não é simplesmente possuir dívidas. É válido dizer que, em finanças, o carregamento de dívida ou o tamanho desse passivo pouco importa caso a companhia apresente sinais de que tem condições de pagar. Por conta disso, é necessário analisar alguns outros fatores apresentados pelos demonstrativos da companhia, tais como o lucro da empresa descontando o que ela deve pagar ou descontar. O último demonstrativo divulgado revela que a Petrobras teve lucro de R$ 73,9 bilhões em 2015, mas realizou pagamentos na ordem de R$ 76 bilhões no mesmo ano.
Além disso, a rolagem da dívida é outra dificuldade a ser enfrentada, uma vez que cerca de metade do valor está indexado a diferentes taxas que vêm subindo recentemente. O custo da dívida subiu de 5,5% ao ano no primeiro trimestre de 2015 para 6% no mesmo período de 2016, fazendo com que a companhia passasse de uma alavancagem de 52% para 58%, nos respectivos períodos. Ou seja, a análise mostra que a companhia se endividou ainda mais no último ano.
Para superar a “tempestade perfeita” pela qual passa a Petrobras – cenário, em parte, construído pelos erros da própria empresa –, uma série de medidas deverão ser tomadas, com foco na melhora de sua gestão operacional. Isso inclui venda de ativos e esforços para aumento da rentabilidade. Além disso, é preciso renegociar suas dívidas para prazos maiores, já que os valores dos desembolsos para os próximos anos não parecem compatíveis com a evolução das receitas previstas nos últimos demonstrativos.
Felizmente, já vemos sinais de que a gigante petrolífera seguirá esses passos. A Petrobras anunciou o plano de venda de ativos para este ano no valor de US$ 14,4 bilhões para fazer caixa. Mais além, seu foco passou a ser a exploração e produção de petróleo nos rentáveis campos do pré-sal, em águas profundas da Bacia de Santos. A produtividade nesta área é elevada, e a produção chega a atingir 20.000 a 30.000 barris por dia.
Enfim, há muito trabalho para recuperar a companhia, mas o desafio não é impossível. A Petrobras deverá se desfazer de alguns ativos não estratégicos e apresentar, em seus próximos demonstrativos financeiros, qual caminho pretende seguir. Ela tem a chance de escolher se vai se manter como uma grande empresa naquilo que se propôs a fazer ou seguirá os passos de outras companhias brasileiras que, embaladas pela vontade de construir “campeãs nacionais”, se tornaram insolventes – como a Oi e a OGX.
Post em parceria com Vinícius Bernardini Gonçalves, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e consultor pela Consultoria Júnior de Economia (www.cjefgv.com)
Fonte: G1 - 11/07/2016
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