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Na crise, cresce preocupação com educação financeira de crianças e jovens
Publicado em 08/12/2015
RIO - A formiga trabalhou de forma disciplinada no verão para garantir comida nos dias de inverno. Já a cigarra levou a vida a cantar e, quando o frio chegou, não tinha o que comer. Em tempos de crise, a formiguinha virou exemplo de boa conduta em finanças pessoais. Com a queda na renda, a alta da inflação e o fantasma do desemprego, cresce o interesse das famílias em educar crianças e adolescentes para consumir, poupar e investir de forma consciente e sustentável. E, por ora, com parcimônia.
— A crise afeta uma geração que, até aqui, nunca passou por experiências como alta da inflação, troca de moeda ou outras que mexessem no orçamento familiar — explica Cláudia Forte, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil). — É uma oportunidade para que a educação financeira seja tratada de forma séria.
SUPERVISÃO DOS PAIS É FUNDAMENTAL
Não existe uma cartilha única sobre como educar crianças para a boa gestão financeira. Especialistas apontam o momento em que os pequenos dominam operações básicas de matemática — somar e subtrair — como hora de começar a lidar com o dinheiro. Mas o aprendizado começa antes.
— Na educação financeira, o futuro começa quando a gente nasce. A estratégia passa tanto por incentivar a autonomia de crianças e jovens na tomada de decisão quanto a como gastar seu dinheiro — diz Cláudia.
O primeiro estágio da educação financeira, continua ela, tem elementos rotineiros ou lúdicos que mostram que o comportamento da criança no presente vai ter reflexos no futuro.
— Na fase em que a criança brinca de encaixar peças, pode ganhar um cofre. Ela vai aprender que pode juntar moedas, que pode abrir o cofre e perder essas moedas. Ou usá-las para comprar algo — explica o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.
Para o processo funcionar, afirmam especialistas, a participação dos pais é fundamental. Por volta dos 7 anos, tão logo consiga calcular o troco, a criança pode receber uma semanada:
— Ela começa a fazer pequenas compras, como lanches na escola. Depois dos 14 ou 15 anos, passa para a mesada, que deve funcionar realmente como um treinamento para a vida adulta, quando terá de administrar o uso de um salário de verdade — recomenda Calil.
O valor da mesada, alerta Gilberto Braga, professor de Finanças do IBMEC-RJ, deve ser definido e obedecido. E, se acabar, não pode ser reposto até o início do mês seguinte. Caso a criança gaste tudo, aprenderá que faltará dinheiro para outros gastos até o fim do mês:
— É uma ferramenta de ensino. Lidar com finanças é necessário para a vida.
Daniel Sousa, colega de Braga no IBMEC-RJ, lembra é preciso aprender que toda escolha tem consequências.
— É preciso aprender desde cedo que os recursos são escassos e finitos. A mesada deve estar sempre de acordo com o perfil financeiro de cada família. É um erro optar por aquela postura de dar tudo o que puder ou o que a criança quiser. Ela precisa aprender a fazer escolhas.
Os especialistas citam também o uso do cartão pré-pago, espécie de versão digital da mesada. Mas que deve ter monitoramento dos responsáveis.
A maior parte das lições em finanças para os pequenos vem de casa. As escolas, porém, já cuidam desse aprendizado em sala de aula.
— Entre os 12 e os 14 anos, os adolescentes devem aprender a ter organização e planejamento. O uso de uma planilha eletrônica ajuda a enxergar onde e como estão gastando dinheiro — conta Carlos Gaspar de Oliveira, professor de Finanças da Dínamis, em Botafogo.
O advogado Alexandre Malho, pai de Beatriz, de 5 anos, já conversa com a filha sobre a importância de poupar, ensinando que é necessário esforço para conquistar os objetivos:
— Faço ela juntar dinheiro no cofrinho dela até poder comprar o brinquedo. Quero que ela tenha essa conscientização de juntar dinheiro (para comprar algo) em vez de financiar, quando se paga juro. Quero que, mais à frente, ela aprenda a controlar o dinheiro e a ter economias — conta ele, que fez uma previdência privada para Beatriz quando ela nasceu.
O mercado está atento a estes pequenos poupadores. A Icatu Seguros, por exemplo, criou área especial no site para crianças com jogos on-line que ensinam os miúdos a poupar brincando.
SITE E HISTÓRIA EM QUADRINHOS
A criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), em 2010, colocou o aprendizado sobre como poupar, comprar e investir de forma consciente no centro das discussões. A AEF-Brasil, por exemplo, tem programas para a rede de ensino. Hoje, conta com 1.200 escolas no projeto, sendo 200 de ensino fundamental e outras mil de ensino médio.
— Estamos elaborando a proposta de inserção da educação financeira em todos os ciclos de ensino — diz Cláudia.
As grandes instituições do setor no país contam com programas específicos para crianças e jovens. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), seguradoras e empresas mantêm programas de educação financeira com ações específicas para o público infantojuvenil.
— Em agosto de 2014, lançamos um curso de finanças pessoais, programa de ensino à distância, em parceria com a Veduca, plataforma on-line de ensino superior. No primeiro mês, tivemos 54,3 mil acessos. Até aqui, mais de 500 mil visualizações. Nos cursos presenciais, são 29 mil pessoas participando em um ano — diz Marita Bernhoeft, diretora de Comunicação, RH e Educação da BM&FBovespa.
A educação financeira para crianças e jovens será tema de seminário promovido pela Bovespa em parceria com a CVM nesta quarta-feira, no Rio.
A CVM mantém em seu site um portal infantil com histórias em quadrinhos. “Poupar é guardar uma parte do seu dinheiro para usar depois, no futuro, quando for necessário”, explica o personagem Seu Pereira à neta Lili.
— Sem poupança não há investimento. Com o ganho de renda da população dos últimos anos, e a nova classe média, milhares de brasileiros passaram a ter a oportunidade de se planejar, mas não necessariamente transformaram essa oportunidade em poupança — diz José Alexandre Vasco, Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM.
— A crise afeta uma geração que, até aqui, nunca passou por experiências como alta da inflação, troca de moeda ou outras que mexessem no orçamento familiar — explica Cláudia Forte, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil). — É uma oportunidade para que a educação financeira seja tratada de forma séria.
SUPERVISÃO DOS PAIS É FUNDAMENTAL
Não existe uma cartilha única sobre como educar crianças para a boa gestão financeira. Especialistas apontam o momento em que os pequenos dominam operações básicas de matemática — somar e subtrair — como hora de começar a lidar com o dinheiro. Mas o aprendizado começa antes.
— Na educação financeira, o futuro começa quando a gente nasce. A estratégia passa tanto por incentivar a autonomia de crianças e jovens na tomada de decisão quanto a como gastar seu dinheiro — diz Cláudia.
O primeiro estágio da educação financeira, continua ela, tem elementos rotineiros ou lúdicos que mostram que o comportamento da criança no presente vai ter reflexos no futuro.
— Na fase em que a criança brinca de encaixar peças, pode ganhar um cofre. Ela vai aprender que pode juntar moedas, que pode abrir o cofre e perder essas moedas. Ou usá-las para comprar algo — explica o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.
Para o processo funcionar, afirmam especialistas, a participação dos pais é fundamental. Por volta dos 7 anos, tão logo consiga calcular o troco, a criança pode receber uma semanada:
— Ela começa a fazer pequenas compras, como lanches na escola. Depois dos 14 ou 15 anos, passa para a mesada, que deve funcionar realmente como um treinamento para a vida adulta, quando terá de administrar o uso de um salário de verdade — recomenda Calil.
O valor da mesada, alerta Gilberto Braga, professor de Finanças do IBMEC-RJ, deve ser definido e obedecido. E, se acabar, não pode ser reposto até o início do mês seguinte. Caso a criança gaste tudo, aprenderá que faltará dinheiro para outros gastos até o fim do mês:
— É uma ferramenta de ensino. Lidar com finanças é necessário para a vida.
Daniel Sousa, colega de Braga no IBMEC-RJ, lembra é preciso aprender que toda escolha tem consequências.
— É preciso aprender desde cedo que os recursos são escassos e finitos. A mesada deve estar sempre de acordo com o perfil financeiro de cada família. É um erro optar por aquela postura de dar tudo o que puder ou o que a criança quiser. Ela precisa aprender a fazer escolhas.
Os especialistas citam também o uso do cartão pré-pago, espécie de versão digital da mesada. Mas que deve ter monitoramento dos responsáveis.
A maior parte das lições em finanças para os pequenos vem de casa. As escolas, porém, já cuidam desse aprendizado em sala de aula.
— Entre os 12 e os 14 anos, os adolescentes devem aprender a ter organização e planejamento. O uso de uma planilha eletrônica ajuda a enxergar onde e como estão gastando dinheiro — conta Carlos Gaspar de Oliveira, professor de Finanças da Dínamis, em Botafogo.
O advogado Alexandre Malho, pai de Beatriz, de 5 anos, já conversa com a filha sobre a importância de poupar, ensinando que é necessário esforço para conquistar os objetivos:
— Faço ela juntar dinheiro no cofrinho dela até poder comprar o brinquedo. Quero que ela tenha essa conscientização de juntar dinheiro (para comprar algo) em vez de financiar, quando se paga juro. Quero que, mais à frente, ela aprenda a controlar o dinheiro e a ter economias — conta ele, que fez uma previdência privada para Beatriz quando ela nasceu.
O mercado está atento a estes pequenos poupadores. A Icatu Seguros, por exemplo, criou área especial no site para crianças com jogos on-line que ensinam os miúdos a poupar brincando.
SITE E HISTÓRIA EM QUADRINHOS
A criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), em 2010, colocou o aprendizado sobre como poupar, comprar e investir de forma consciente no centro das discussões. A AEF-Brasil, por exemplo, tem programas para a rede de ensino. Hoje, conta com 1.200 escolas no projeto, sendo 200 de ensino fundamental e outras mil de ensino médio.
— Estamos elaborando a proposta de inserção da educação financeira em todos os ciclos de ensino — diz Cláudia.
As grandes instituições do setor no país contam com programas específicos para crianças e jovens. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), seguradoras e empresas mantêm programas de educação financeira com ações específicas para o público infantojuvenil.
— Em agosto de 2014, lançamos um curso de finanças pessoais, programa de ensino à distância, em parceria com a Veduca, plataforma on-line de ensino superior. No primeiro mês, tivemos 54,3 mil acessos. Até aqui, mais de 500 mil visualizações. Nos cursos presenciais, são 29 mil pessoas participando em um ano — diz Marita Bernhoeft, diretora de Comunicação, RH e Educação da BM&FBovespa.
A educação financeira para crianças e jovens será tema de seminário promovido pela Bovespa em parceria com a CVM nesta quarta-feira, no Rio.
A CVM mantém em seu site um portal infantil com histórias em quadrinhos. “Poupar é guardar uma parte do seu dinheiro para usar depois, no futuro, quando for necessário”, explica o personagem Seu Pereira à neta Lili.
— Sem poupança não há investimento. Com o ganho de renda da população dos últimos anos, e a nova classe média, milhares de brasileiros passaram a ter a oportunidade de se planejar, mas não necessariamente transformaram essa oportunidade em poupança — diz José Alexandre Vasco, Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM.
Fonte: Extra - 07/12/2015
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