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Escândalo da Petrobras ′engoliu 2,5% da economia em 2015′
Publicado em 03/12/2015
Segundo cálculos de consultorias, sem Lava Jato, porcentual de queda do PIB seria cerca de um terço de recessão prevista
Não fosse o impacto da operação Lava Jato, a recessão brasileira seria bem menor, segundo Alessandra Ribeiro, economista da Consultoria Tendências.
Pelos cálculos da consultoria, a Lava Jato deve ter um impacto negativo de 2,5 pontos percentuais no PIB deste ano.
Por enquanto, a estimativa da consultoria é de uma retração na economia brasileira de 3,2% em 2015, embora o número deva ser revisado para uma queda ainda mais brusca em função dos resultados do PIB do terceiro trimestre, divulgados na manhã da última terça-feira pelo IBGE - e piores do que o esperado.
Descontados os efeitos econômicos atribuídos às investigações, a queda do PIB seria, portanto, de algo em torno de 0,7% e 1,3% (dependendo da revisão).
"A Lava Jato paralisou setores que têm um peso grande nos investimentos totais da economia, então é natural que tenha um impacto negativo expressivo no PIB no curto prazo", explica Ribeiro.
"O lado positivo dessa história é que as instituições estão funcionando e o risco de os corruptos serem pegos está aumentando - o que tende a limitar a corrupção no longo prazo."
Outra consultoria, a GO Associados, também estima um efeito da Lava Jato no PIB da mesma magnitude. Segundo seu levantamento, os impactos diretos e indiretos da operação poderiam ser de R$ 142,6 bilhões em 2015 - algo em torno de 2,5% do PIB.
"Trata-se de um cenário relativamente pessimista, mas que reflete o peso dessas empresas e setores para a economia", diz Fernando Marcato, sócio da GO Associados.
Petrobras e construtoras
Pelos cálculos da Tendências, os investimentos da Petrobras corresponderiam a 2% do PIB brasileiro e os aportes de grandes construtoras envolvidas no escândalo em obras de infraestrutura, 2,8%.
Em seu conjunto, portanto, os investimentos de todas as empresas envolvidas na Lava Jato chegariam a quase 5% do PIB, em um país em que o nível total dos investimentos varia de 17% a 20%.
Em função da Lava Jato, construtoras como a Odebrecht e a Camargo Correa, além da própria Petrobras, revisaram seus planos de investimentos, fizeram mudanças em sua estrutura organizacional ou em contratos com fornecedores e parceiros.
Só a Petrobras reduziu em mais de 30% o volume de investimentos previstos entre 2015 e 2019, por exemplo. E muitas empresas do setor de óleo e gás ou construção civil realizaram demissões.
A operação também teria elevado os risco derivados da maior dificuldade de financiamento das empresas, que podem não conseguir "fazer frente a suas obrigações", segundo a Tendências.
Longo Prazo
Para Marcato, da GO Associados, não há como garantir que o efeito econômico da Lava Jato será positivo no médio e longo prazo.
"É claro que o resultado de uma operação como essa pode ser uma melhoria institucional, mas se comprometer a própria existência de algumas empresas terá um efeito indesejado para a economia", acredita.
"Por isso, acho que uma caça às bruxas em estilo medieval não interessaria a ninguém, e precisamos discernir entre indivíduos que cometeram falhas e as empresas, que são grandes geradoras de emprego e devem ter sua capacidade de investimento preservadas."
O professor André Biancarelli, da Unicamp, lembra que nos EUA houve situações em que empresas ameaçadas de quebrar por práticas inadequadas de seus executivos foram salvas pelo Estado.
"Não acho que o combate à corrupção deva ser subordinado à necessidade das empresas, mas é natural que haja uma preocupação com preservar empregos e companhias em determinados setores da economia", diz.
Já o consultor da Transparência Internacional Fabiano Angélico discorda que essa deva ser uma preocupação no que diz respeito à Lava Jato.
"Toda a sociedade ganha com regras claras, um ambiente mais transparente e menos corrupção porque o sobrepreço tende a desaparecer nas obras públicas e os contratos são feitos de forma mais eficiente", diz ele.
"Se algumas grandes empresas que não agiam de acordo com as regras sofrem e são obrigadas a demitir, seus funcionários certamente vão encontrar trabalho em empresas médias que acharão mais espaço e mais oportunidades para operar no mercado."
No mês passado, questionado pela BBC Brasil sobre a possibilidade de o país sair prejudicado se as construtoras da Lava Jato quebrarem, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, respondeu:
"Não temos dúvida de que o que prejudica a economia e a sociedade não é o combate à corrupção, mas a corrupção em si. Usando uma analogia do juiz Sergio Moro (responsável pela operação na primeira instância), não se pode culpar o investigador que achou o cadáver resultante de um assassinato. O responsável é quem matou a vítima."
Colaborou Adriano Brito, da BBC Brasil em São Paulo
Não fosse o impacto da operação Lava Jato, a recessão brasileira seria bem menor, segundo Alessandra Ribeiro, economista da Consultoria Tendências.
Pelos cálculos da consultoria, a Lava Jato deve ter um impacto negativo de 2,5 pontos percentuais no PIB deste ano.
Por enquanto, a estimativa da consultoria é de uma retração na economia brasileira de 3,2% em 2015, embora o número deva ser revisado para uma queda ainda mais brusca em função dos resultados do PIB do terceiro trimestre, divulgados na manhã da última terça-feira pelo IBGE - e piores do que o esperado.
Descontados os efeitos econômicos atribuídos às investigações, a queda do PIB seria, portanto, de algo em torno de 0,7% e 1,3% (dependendo da revisão).
"A Lava Jato paralisou setores que têm um peso grande nos investimentos totais da economia, então é natural que tenha um impacto negativo expressivo no PIB no curto prazo", explica Ribeiro.
"O lado positivo dessa história é que as instituições estão funcionando e o risco de os corruptos serem pegos está aumentando - o que tende a limitar a corrupção no longo prazo."
Outra consultoria, a GO Associados, também estima um efeito da Lava Jato no PIB da mesma magnitude. Segundo seu levantamento, os impactos diretos e indiretos da operação poderiam ser de R$ 142,6 bilhões em 2015 - algo em torno de 2,5% do PIB.
"Trata-se de um cenário relativamente pessimista, mas que reflete o peso dessas empresas e setores para a economia", diz Fernando Marcato, sócio da GO Associados.
Petrobras e construtoras
Pelos cálculos da Tendências, os investimentos da Petrobras corresponderiam a 2% do PIB brasileiro e os aportes de grandes construtoras envolvidas no escândalo em obras de infraestrutura, 2,8%.
Em seu conjunto, portanto, os investimentos de todas as empresas envolvidas na Lava Jato chegariam a quase 5% do PIB, em um país em que o nível total dos investimentos varia de 17% a 20%.
Em função da Lava Jato, construtoras como a Odebrecht e a Camargo Correa, além da própria Petrobras, revisaram seus planos de investimentos, fizeram mudanças em sua estrutura organizacional ou em contratos com fornecedores e parceiros.
Só a Petrobras reduziu em mais de 30% o volume de investimentos previstos entre 2015 e 2019, por exemplo. E muitas empresas do setor de óleo e gás ou construção civil realizaram demissões.
A operação também teria elevado os risco derivados da maior dificuldade de financiamento das empresas, que podem não conseguir "fazer frente a suas obrigações", segundo a Tendências.
Longo Prazo
Para Marcato, da GO Associados, não há como garantir que o efeito econômico da Lava Jato será positivo no médio e longo prazo.
"É claro que o resultado de uma operação como essa pode ser uma melhoria institucional, mas se comprometer a própria existência de algumas empresas terá um efeito indesejado para a economia", acredita.
"Por isso, acho que uma caça às bruxas em estilo medieval não interessaria a ninguém, e precisamos discernir entre indivíduos que cometeram falhas e as empresas, que são grandes geradoras de emprego e devem ter sua capacidade de investimento preservadas."
O professor André Biancarelli, da Unicamp, lembra que nos EUA houve situações em que empresas ameaçadas de quebrar por práticas inadequadas de seus executivos foram salvas pelo Estado.
"Não acho que o combate à corrupção deva ser subordinado à necessidade das empresas, mas é natural que haja uma preocupação com preservar empregos e companhias em determinados setores da economia", diz.
Já o consultor da Transparência Internacional Fabiano Angélico discorda que essa deva ser uma preocupação no que diz respeito à Lava Jato.
"Toda a sociedade ganha com regras claras, um ambiente mais transparente e menos corrupção porque o sobrepreço tende a desaparecer nas obras públicas e os contratos são feitos de forma mais eficiente", diz ele.
"Se algumas grandes empresas que não agiam de acordo com as regras sofrem e são obrigadas a demitir, seus funcionários certamente vão encontrar trabalho em empresas médias que acharão mais espaço e mais oportunidades para operar no mercado."
No mês passado, questionado pela BBC Brasil sobre a possibilidade de o país sair prejudicado se as construtoras da Lava Jato quebrarem, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, respondeu:
"Não temos dúvida de que o que prejudica a economia e a sociedade não é o combate à corrupção, mas a corrupção em si. Usando uma analogia do juiz Sergio Moro (responsável pela operação na primeira instância), não se pode culpar o investigador que achou o cadáver resultante de um assassinato. O responsável é quem matou a vítima."
Colaborou Adriano Brito, da BBC Brasil em São Paulo
Fonte: Estadão - 02/12/2015
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