Passado o Carnaval, veja como administrar orçamento e se livrar das dívidas
Publicado em 10/03/2025 , por Nicole Rangel e Marlucio Luna
Mais de 74 milhões de brasileiros estão ‘negativados’; conheça caminhos para mudar cenário
Viagens, compras de festas de fim de ano e outros gastos de férias costumam ser positivas para a economia do País. De uma perspectiva mais afunilada, porém, a época pode ser difícil financeiramente para muitos.
Após as festas de Natal, Ano Novo e Carnaval, o início de ano costuma ser complicado para alguns brasileiros. Depois de compras, pagamentos de contas e dívidas pendentes, sobra pouco. Segundo dados do Serasa, o principal motivo para o endividamento no País é o desemprego, seguido pelos “gastos inesperados e de emergência”.
Previstas no orçamento ou não, despesas fazem parte da vida cotidiana. No Brasil, saber administrá-las pode ser um desafio para uma parcela significativa da população. De acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC), 46% dos brasileiros não sabem gerir as finanças.
Entenda melhor porque este é um problema recorrente para os brasileiros e saiba como sair das dívidas para voltar a ter equilíbrio financeiro. Sérgio Maciel, feirante de 63 anos, afirma que, apesar de se considerar alguém organizado financeiramente, nunca recebeu orientação quanto às finanças, e teve de “aprender com a vida”. “Eu não gasto mais do que recebo. Faço anotações e procuro separar o que não gastei como uma reserva futura”, diz. “Procuro comprar as coisas à vista, e, quando parcelado, no menor número possível de parcelas, para não entrar um gasto sobre o outro”.
Sérgio Maciel, feirante de 63 anos, afirma que, apesar de se considerar alguém organizado financeiramente, nunca recebeu orientação quanto às finanças, e teve de “aprender com a vida”. “Eu não gasto mais do que recebo. Faço anotações e procuro separar o que não gastei como uma reserva futura”, diz. “Procuro comprar as coisas à vista, e, quando parcelado, no menor número possível de parcelas, para não entrar um gasto sobre o outro”.
Bianka Amaral, especialista em Educação Financeira do Serasa, explica que a questão é estrutural no País. “Muitas vezes, vem da família. Não é um problema fácil de ser resolvido. A pessoa precisa querer sair dele”. Segundo a especialista, a relação “complicada” do brasileiro com o dinheiro gera consequências negativas no futuro, como a inadimplência.
Inadimplência
Dados divulgados pelo Serasa registraram 74,60 milhões de brasileiros inadimplentes em janeiro de 2025. Na Região Sudeste, o Rio de Janeiro lidera o ranking, com um percentual de 55,81% de pessoas com contas em atraso. O valor médio da dívida por pessoa é de R$ 5.617. De acordo com Bianka, o número demonstra pequenos acúmulos que resultaram em uma dívida maior.
Ainda segundo o levantamento, o cartão de crédito é o maior vilão da inadimplência. A pesquisa mostra que 28,90% de brasileiros estão inadimplentes devido ao cartão, seguido por aqueles que devem em contas básicas, dívidas financeiras e serviços.
Bianka explica que muitas dívidas vêm do pensamento de que o limite da conta bancária ou cheque especial são uma complementação de renda. “As pessoas usam o cheque especial como complementação, mas ele tem juros que voltam altos”, diz.
De acordo com o economista João Tenney, a dificuldade em poupar dinheiro já é antiga no Brasil. Para ele, a falta de educação financeira é a raiz do problema. “Parece simples não gastar mais do que se recebe, mas, na prática, pode ser complexo para alguns”, pontua.
Tenney diz que reduzir a Selic, taxa básica de juros da economia, não é a melhor opção para solucionar os juros altos. “Baixar a Selic na tentativa de tirar as pessoas das dívidas pode gerar uma tendência de alta na inflação ou até em alta do dólar”, comenta.
Imprevistos
“Imprevistos vão acontecer. Eles são tão certos, que é até difícil chamá-los assim”, comenta Tenney. Para ele, todos devem ter planejamento para passar por situações fora do “script” sem contrair dívidas. “Se você vai contrair um empréstimo, naturalmente irá reduzir sua renda durante muito tempo. Isso caso você consiga pagar”, alerta o economista sobre os juros atrelados a empréstimos bancários.
O contador Pedro Marcelo Pires diz que o melhor caminho no caso de imprevistos é ter uma reserva de emergência, que deve ter o valor calculado considerando no mínimo três meses de despesas básicas. Sem ela, os juros podem tornar as despesas repentinas em uma “bola de neve” e dificultar ainda mais o processo para sair das dívidas.
“É recomendável que essa reserva esteja aplicada em ativos de alta liquidez, que possa facilmente ser convertida em dinheiro, e baixíssimo risco. Isso fará com que as finanças sejam mais equilibradas e que você não precise recorrer a empréstimos caso algum imprevisto aconteça, como desemprego, despesas médicas inesperadas ou qualquer outro gasto elevado extraordinário”, orienta Pires.
Estou endividado, o que faço agora?
Para Bianka, a primeira ação é organizar as dívidas e começar a pagar as contas básicas, aquilo que é indispensável. “Depois, separe seu salário e faça a divisão 50/30/20: 50% do salário em coisas indispensáveis; 30% em gastos como roupas ou lazer e 20% para poupar”. Segundo a especialista, a prática da poupança fará com que o salário cheio volte em cinco meses. “É esse ciclo que o brasileiro precisa ter”, explica.
Tenney também recomenda o pagamento das contas mais importantes, seguido pela análise do que sobrou ou não de dinheiro. “Se não sobrou, ou você busca formas de renda alternativas, ou busca reduzir despesas. Na pior das hipóteses, sua receita precisa ser igual às suas despesas”, pontua.
No caso de redução de gastos, cortes serão necessários. “Corte o máximo de gastos desnecessários possíveis, como assinaturas de streaming, saídas para bares e restaurantes ou delivery, e entenda que a prioridade no momento é quitar as dívidas para que os juros possam deixar de jogar contra e passem a jogar a favor, que é o que acontece quando se investe”, orienta o contador Pires.
Educação financeira
A pesquisa Pulso 2023, da Ipsos, aponta que 61% dos brasileiros não conseguem guardar dinheiro para investimento ou poupança. Para os especialistas, a estatística é resultado de um país que não investe em educação financeira.
“Esta é a matéria mais importante a ser ensinada em uma escola. Independentemente da área, todas as pessoas terão de lidar com dinheiro. Por isso, o Brasil precisa aprender a se planejar, entender as receitas e despesas e começar a colocar tudo na ponta do lápis”, comenta o economista Tenney.
A especialista do Serasa conta que a empresa oferece auxílios aos que buscam orientação para as finanças. No site, é possível encontrar o Curso de Finanças Básicas, além das redes sociais da empresa com outras dicas de organização contra o endividamento. A 33ª edição do “Feirão Limpa Nome” do Serasa ocorre entre 17 de fevereiro a 26 de março de 2025, em mais de 10 mil agências dos Correios pelo país.
Fonte: O Dia Online - 10/03/2025
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