Caí em um golpe na internet, e agora? Especialistas dão dicas sobre o que fazer caso se torne vítima
Publicado em 22/04/2024
Quadrilhas possuem variadas táticas para enganar internautas
Com o grande número de pessoas utilizando a internet e as redes sociais, também cresce o número de ofertas de produtos on-line, além de ofertas enganosas, os chamados golpes. Uma vez que a pessoa é vítima de um, ela pode pensar que não há o que fazer, mas não é bem assim.
Bruno Trigo, gerente de risco da 99Pay, compartilhou algumas recomendações do que fazer após cair em um golpe digital. Confira uma lista do que fazer caso lide com alguns dos golpes mais comuns na internet:
Phishing
O phishing é um dos golpes mais comuns, onde fraudadores se passam por empresas conhecidas para "pescar" informações confidenciais dos usuários.
Caiu no golpe? Comunique imediatamente a instituição financeira responsável pela sua conta ou cartão. Mantenha-se atento às suas informações financeiras e utilize medidas de segurança on-line.
"Em caso de suspeita de atividade fraudulenta, aja rapidamente para aumentar suas chances de recuperação", pontua.
O DIA entrou em contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que endossou a explicação do especialista e ressaltou que "o banco nunca liga para o cliente pedindo senha nem o número do cartão e também nunca liga para pedir para realizar uma transferência ou qualquer tipo de pagamento. Ao receber uma ligação suspeita, o cliente deve desligar, pegar o número de telefone que está no cartão e ligar de outro telefone para tirar a limpo essa história".
Perfis Falsos
Neste método, o golpista cria um perfil falso usando informações básicas da vítima para entrar em contato com pessoas do círculo social do indivíduo e inventar uma história convincente para justificar um pedido de transferência.
Caiu no golpe? De acordo com o especialista, a recuperação do dinheiro pode ser desafiadora, especialmente no caso de um Pix enviado ao golpista. Em casos de fraude, é possível solicitar o estorno na instituição financeira por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED). Dirija-se à delegacia mais próxima e formalize um boletim de ocorrência.
"O momento é tenso e estressante tanto emocionalmente como financeiramente. Vejo que muitas pessoas acabam entrando em desespero — o que é compreensível, mas não ajuda a encontrar soluções. O primeiro passo é tentar se acalmar, para encontrar caminhos possíveis para reverter ou evitar mais prejuízos", explica Bruno.
Como utilizar especificamente o MED
De acordo com informações divulgadas pelo Banco do Brasil, a vítima de golpe deve registrar o pedido de devolução na sua instituição em até 80 dias da data em que foi feito o Pix. O procedimento funciona assim:
- Faz a reclamação junto à instituição bancária;
- O banco avalia o caso e, se entender que faz parte do MED, o recebedor do seu Pix terá os recursos bloqueados da conta;
- O caso é analisado em até sete dias. Se concluírem que não foi fraude, o recebedor terá os recursos desbloqueados. Se for fraude, em até 96 horas a vítima receberá o dinheiro de volta (integral ou parcialmente).
O MED também pode ser utilizado quando existir falha operacional no ambiente Pix da sua instituição — por exemplo, o banco efetuar uma transação em duplicidade. Nesse caso, ele avalia se houve a falha e, em caso positivo, em até 24 horas o dinheiro é devolvido.
E se nada disso funcionar? O advogado especialista em direito digital Maurício Zerbini, explicou que ainda é possível tentar reaver o dinheiro.
"Se todas as outras opções falharem, a pessoa pode considerar buscar assistência jurídica para processar o banco e reaver o valor perdido. Um advogado especializado pode orientar sobre as melhores medidas a serem tomadas no seu caso", aconselha.
Quem já passou por isso?
A estudante de publicidade e propaganda Daniela Rondón contou que já sofreu um golpe que gerou transtornos. Ela, que é venezuelana e mora em Niterói, contou que seu cartão era clonado quando realizava os pagamentos de sua faculdade.
"Meu cartão foi clonado inúmeras vezes. Consegui descobrir onde estava sendo feita a clonagem, no pagamento da mensalidade da faculdade. Todo mês ao ser debitado no meu cartão o pagamento da mensalidade, um a dois dias depois, eram feitas várias compras no mesmo cartão", conta. "Tive que trocar o método de pagamento pois a faculdade assegurava que o sistema era seguro e não tinha risco de golpes, porém eu só utilizava o mesmo nesse lugar", completa.
Após contatos com o banco Itaú, Daniela conta que conseguiu ter seu valor estornado.
Já Neuza Nascimento de Abreu, chef Patisserie, de 54 anos, diz que caiu em um golpe envolvendo a compra de celulares.
"Em dezembro, vi no Instagram que várias pessoas na internet estavam comprando celular em uma empresa que, segundo eles, arrematou um leilão da Receita Federal de aparelhos celulares apreendidos na alfândega. Como havia várias pessoas do meio artístico e pessoas do meio evangélico, achei que fosse seguro. Entrei em contato e fiz pagamento à vista porque teria desconto. A empresa me informou que demoraria um pouco por conta do volume vendido. Isso foi em dezembro. Quando se passaram três meses, comecei a pressionar. Aí começaram me bloquear em todas as redes rociais. Antes disso me passaram três códigos de rastreamento falsos. Enfim, até hoje não tive retorno do meu dinheiro e não tive mais acesso à empresa. Mandei mensagem até para os influenciadores que continuavam divulgando, porém não consegui retorno", conta. De acordo com estudo recente da Nord Security, empresa do ramo da segurança digital, 71% dos brasileiros já se tornaram vítimas de, pelo menos, um golpe on-line.
O Procon do Estado do Rio de Janeiro e o Procon Carioca não responderam à tentativa de contato para informar quais medidas devem ser tomadas pela vítima de um golpe.
Prevenindo problemas
Melhor do que descobrir a como lidar com um golpe é nem mesmo ser vítima dele. Por conta disso, o DIA separou quatro dicas do especialistas Maurício Zerbini para escapar destes golpes.
- Nunca compartilhe informações pessoais ou financeiras, como números de cartão de crédito, senhas ou códigos de segurança, por e-mail, telefone ou mensagens de texto, a menos que você tenha certeza da legitimidade da solicitação.
- Mantenha seu computador, smartphone e outros dispositivos eletrônicos protegidos com antivírus e softwares de segurança atualizados para evitar que hackers obtenham acesso aos seus dados pessoais.
- Esteja atento a e-mails, mensagens de texto ou telefonemas que solicitem informações pessoais ou financeiras ou que pareçam suspeitos. Golpistas muitas vezes tentam enganar as pessoas usando táticas de phishing.
- Ao fazer compras on-line, verifique se o site é seguro e confiável, procurando por sinais como o cadeado na barra de endereço e URLs que começam com "https://". Evite fazer compras em sites desconhecidos ou não seguros.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) também ressalta o empoderamento do usuário na hora de bloquear o acesso a informações. Em nota, a entidade afirma que alguns aplicativos pedem bem mais informações do que é necessário e bloquear estes acessos também torna sua navegação mais segura.
"Evite fornecer os seus dados para todo e qualquer aplicativo ou site que surja por aí. Você não precisa permitir o acesso a tudo que é seu para um app funcionar. Eles pedem coisas a mais do que precisam para poder te oferecer um serviço. Negue tudo que puder. Apague também seus dados em aplicativos e redes sociais que não utilize mais", aconselha o Idec em nota.
Fonte: O Dia Online - 21/04/2024
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