Preço médio dos remédios sobe 6,6% em maio, aponta levantamento
Publicado em 28/06/2023 , por Isabela Bolzani
Os remédios ficaram mais caros na região metropolitana de São Paulo. Segundo levantamento feito pela Precifica, empresa especializada em estratégias de precificação, o Índice de Preços de Medicamentos no e-commerce (IPM-Com) subiu 6,6% em maio em relação a abril.
O estudo envolve os remédios mais procurados, pertencentes a nove grupos diferentes e comercializados em seis grandes redes farmacêuticas com atuação no e-commerce.
O principal destaque de alta ficou com os antigripais, que registraram um aumento de 21,76% nos preços na variação mensal de maio, após queda de 14,36% no mês anterior.
Em seguida, vieram os anti-histamínicos (antialérgicos), com um avanço de 13,18%, e os anticoncepcionais (7,31%). O único grupo que apresentou queda no período foi o de antiparasitas, com um recuo de 34,04%.
Veja abaixo a variação dos nove grupos avaliados.
O que explica o aumento dos preços?
Segundo o presidente da Precifica, Ricardo Ramos, alguns fatores explicam o aumento dos preços dos medicamentos, tais como:
- o ajuste de preços feito no final de março;
- a mudança no clima e a maior incidência de chuvas;
- e o repasse de preços das fábricas.
Entenda abaixo a influência de cada um.
Ajuste de preçosO primeiro ponto a ser considerado, aponta Ramos, é o ajuste de preços autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e realizado ao final do mês de março.
“O ajuste foi feito com base no IPCA [inflação oficial do país] acumulado entre março de 2022 e fevereiro de 2023 (5,6%). Como a renovação de estoque pode variar bastante entre classes diferentes de produtos, o ajuste pode refletir em meses subsequentes”, afirmou o executivo.De acordo com a companhia, apesar de diferir do percentual de inflação divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número segue a mesma tendência de alta dos preços. A diferença se dá porque o indicador do IBGE também analisa preços de grupos que não são monitorados pela Precifica.
Não à toa, o grupo "Saúde e cuidados pessoais" foi o principal destaque de alta no IPCA nos últimos dois meses. Em maio, por exemplo, o segmento registrou um avanço de 0,93%, após ter aumentado 1,49% em abril. Em ambos os casos, o setor foi o que teve a maior alta no indicador.
Na abertura do IPCA, o item “Produtos Farmacêuticos” registrou alta de 0,77% em maio na região metropolitana de São Paulo. Nacionalmente, o avanço foi de 0,89%.
Ramos pondera, ainda, que parte da tendência de alta nos preços também se confirma pela “essencialidade do mercado”.
“Em uma situação de aperto financeiro, muito raramente as famílias cortam medicações de seu consumo, em especial aqueles de uso contínuo, como antidiabéticos e anti-hipertensivos”, diz o executivo. Em maio, o aumento visto nesses grupos foi de 2,09% e 6,58%, respectivamente.
Mudanças no clima
Ainda segundo Ramos, outro fator importante que pode explicar o aumento dos medicamentos na região é o clima.
Ele destaca que, em abril deste ano, São Paulo (SP) registrou 104,6 milímetros (mm) de chuva na estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Mirante de Santana. A quantia ficou 20% acima da Normal Climatológica de 1991/2020 (média histórica), que é de 87,0 mm .
“O IPM-COM detectou um forte aumento dos antigripais no mês de maio, o que pode ser reflexo do aumento da demanda desse tipo de medicamento em decorrência da incidência de chuvas na região”, afirma o executivo.
Repasse das fábricasPor fim, outro ponto que também explica o aumento dos preços para os consumidores é o repasse vindo de fábrica. Exemplo disso é que o Índice de Preços ao Produtor (IPP), também divulgado pelo IBGE, registrou um aumento de 3,97% para a categoria “fabricação de produtos farmoquímicos e produtos farmacêuticos”.
“Essa foi a maior alta do ano até o momento. E o aumento [de preços] visto em maio e que provavelmente será visto em junho pode, sim, refletir o repasse dos produtores aos consumidores”, acrescenta Ramos.
Variação entre bairros
O presidente da Precifica diz, ainda, que os preços podem variar em regiões dentro da mesma cidade. Ramos explica que isso acontece porque diversos fatores influenciam a demanda, tais como:
- mudança climática;
- questões sanitárias;
- tempo de entrega;
- e acesso a rede hospitalares públicas.
“Esses fatores podem variar de bairro para bairro e, para contemplá-los, as empresas se utilizam de precificação regional, o que pode fazer com que um mesmo medicamento varie de preço de acordo com o local, data e até horário da compra”, afirma Ramos.
Fonte: G1 - 27/06/2023
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