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Consumo depende de mobilidade social
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Consumo depende de mobilidade social

Publicado em 25/11/2022

Estou com saudade de tratar de assuntos de defesa do consumidor, não de falta de consumo Plano Real, aumentos do salário mínimo acima da inflação e planos de transferência de renda para os mais vulneráveis fizeram com que mais da metade da população brasileira chegasse à classe C em 2014, ou seja, à classe média. Com o eventual retorno destas práticas de governo, novamente o Brasil poderá ser o ‘país da classe C’. Estou com saudade de tratar de assuntos de defesa do consumidor, não de falta de consumo.

Indústria e serviços terão de se adaptar a essa demanda, que influencia positivamente todas as áreas produtivas. E se preparar para produzir também para a população mais pobre, com educação para o consumo. Por exemplo, para que fiquem longe do superendividamento.

 

Os elevados preços da cesta básica terão de ser combatidos com políticas públicas, como o incentivo à agricultura familiar e os estoques reguladores, que ajudam a reduzir a inflação que tira comida do prato.
Se as famílias mais vulneráveis ascenderem socialmente, provocarão um efeito cascata positivo em todos os níveis de renda. O desemprego formal cairá, e a arrecadação de impostos crescerá.

Mas se isso parece um toque de mágica, por que não é feito por todos os governos? Boa pergunta. Notamos que algumas medidas adotadas às portas da eleição reduziram a inflação e o desemprego, sem baixar os preços da cesta básica.

Medidas assim não deveriam ser adotadas somente por quem pretendesse se reeleger. Caso contrário, têm prazo curto de validade.

No terceiro trimestre deste ano, o consumo das famílias avançou 5,6% em comparação a igual período de 2021. Caiu, contudo, em setembro último ante agosto.

É provável que o pagamento do 13º salário, a Black Friday, as compras de Natal e o Ano-Novo ainda impactem positivamente este cenário. Caso não haja, contudo, medidas para revigorar o poder de compra dos mais pobres, o consumo continuará travado.

Bons programas que estivessem dando certo, deveriam ser mantidos. Descontinuidade administrativa, comum no Brasil, afeta o desenvolvimento de diversos segmentos importantes.

Não sou economista nem governante. Concordo que não se deva aumentar o déficit público indefinidamente. Mas, sem dúvida, também não é possível simplesmente fechar os olhos à miséria, à fome, ao desemprego e ao achatamento da renda.

Se a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) proposta pelo gabinete de transição –ou iniciativa semelhante– melhorar a situação dos mais vulneráveis socialmente e embalar a economia, o teto furado poderá ser coberto por outras medidas. E deixaremos de ser um país bom somente para uma minoria mais afortunada.

Fonte: Folha Online - 22/11/2022

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