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Brasileiro quer sacar FGTS para comprar casa, abrir negócio e viajar
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Brasileiro quer sacar FGTS para comprar casa, abrir negócio e viajar

Publicado em 08/06/2022 , por Cristiane Gercina

Só 3 em cada 10 usariam FGTS para pagar contas e limpar nome

Só 3 em cada 10 brasileiros usariam o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para pagar contas e limpar o nome, aponta pesquisa do Instituto Opinion Box, encomendada por Serasa e Banco Pan. O estudo revela ainda que o consumidor quer sacar os valores para comprar a casa própria ou montar um negócio.

O levantamento tem como objetivo apontar o que os trabalhadores sabem sobre o FGTS e como pensam em utilizá-lo. Foram entrevistados, de forma online, 2.132 brasileiros entre os dias 12 e 22 de abril. Do total, só 17% disseram que pagariam contas com o dinheiro e 10% afirmaram que limpariam o nome. A maioria quer comprar a casa própria ou abrir o próprio negócio. Os trabalhadores poderiam escolher mais de uma opção.

 

Segundo o estudo, 45% querem comprar a casa própria e 33% gostariam de abrir um negócio com os valores. Houve ainda 20% que cuidariam da saúde e 17% pegariam o dinheiro para fazer uma viagem internacional. 

Os dados apontam que embora a maioria saiba o que é FGTS (92%) e 80% tenham conhecimento de que é possível consultar seu saldo, 4 em cada 10 (38%) não têm ideia de quanto há atualmente em sua conta, porque não sabe fazer a consulta (16%) ou porque desconhecem o valor acumulado (22%).

O FGTS é uma espécie de poupança compulsória dos trabalhadores que têm emprego com carteira assinada. Por mês, o empregador deposita 8% do valor do salário em uma conta em nome do profissional. O montante acumulado só pode ser sacado em situações específicas, como na compra da casa própria, demissão sem justa causa ou aposentadoria. Não é possível usar o dinheiro para viajar ou abrir um negócio.

Matheus Moura, diretor de marketing da Serasa, diz que a pesquisa mostrou que o brasileiro conhece seu direito ao fundo, mas desconhece muitas modalidades de saque. "Quando você pergunta, o brasileiro sabe [sobre o fundo], mas as formas mais conhecidas de usar o FGTS são demissão ou casa própria, e eles sabem porque já devem ter usado por isso", diz.

Com um público-alvo que concentra cerca de 70 milhões de contas com saldo no Fundo de Garantia e uma possibilidade de movimentar R$ 80 bilhões em recursos, empresas e governo estão de olho nos valores que o trabalhador tem acumulado no fundo.

Neste ano, como forma de driblar efeitos da inflação e da baixa renda do trabalhador, o governo federal liberou o saque extraordinário de até R$ 1.000 do FGTS. Os lotes finais serão liberados até o dia 15 de junho, conforme o mês de aniversário do trabalhador.

Para Moura, se soubessem que podem usar o dinheiro para empréstimo, na nova modalidade saque-aniversário, muitos poderiam lidar com a inadimplência crescente. Dados da Serasa mostram que, em março, a inadimplência bateu recorde, chegando a 65,69 milhões de pessoas no país.

Segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, também da Serasa, a alta em março —últimos dados disponíveis— foi de 0,81% em relação a fevereiro. O número não atingia este patamar desde o começo da pandemia, em abril de 2020.

A educadora financeira Cíntia Senna, da Dsop, afirma que o trabalhador precisa ter muito cuidado ao movimentar seus valores de FGTS em qualquer que seja a modalidade ou a ocasião de liberação para não ficar ainda mais endividado.

"Esse tipo de empréstimo, não só do FGTS, teria de ser uma última alternativa, em que eu já fiz todas as mudanças no meu padrão de consumo, eu já negociei prazos, valores, taxas e já fiz portabilidades, e essa teria de ser a única instância à qual eu pudesse recorrer não só como solucionador, mas como um paliativo,"

Para ela, a modalidade é válida, mas para usar, os juros funcionam como uma penalidade. "Você pode ter a possibilidade de antecipar o FGTS, um dinheiro que já é do trabalhador, porém, com um custo. Se quiser receber antecipadamente, tem uma penalidade", diz.

  BANCOS OFERECEM EMPRÉSTIMO COM FGTS

Instituído em 2019, o saque-aniversário passou a ser uma nova empréstimo em bancos e instituições de crédito em 2020. Os juros variam conforme o relacionamento com a instituição. Para contratar, o trabalhador deve, em primeiro lugar, aderir a este tipo de saque na Caixa Econômica Federal, gestora do fundo.

Dependendo da instituição, há juros de 1,69% e parcelas a partir de R$ 50. Dentre os que oferecem este tipo de empréstimo estão a Serasa e o Banco PAN, que firmaram parceria para a medida. A partir desta terça-feira (7), será possível antecipar até sete parcelas do saque-aniversário por meio da plataforma online Serasa eCred.

André Carnevale, superintendente executivo do Banco PAN, diz que a nova plataforma vai oferecer todo o suporte a quem quer fazer esse empréstimo. "Muitas vezes a pessoa não chega com o pacote pronto", diz. Ele afirma que o empréstimo pode ser solicitado por aqueles que têm saldo mínimo a partir de R$ 400 em seu FGTS e desejam antecipar até sete parcelas do saque-aniversário. É preciso ter acima de 18 anos.

O Banco Mercantil do Brasil também oferece a modalidade, com juros a partir de 1,99%, contratada por canais remotos. Na Caixa Econômica Federal, a contratação também é remota. O Banco do Brasil oferece valores a partir de R$ 400.

Fonte: Folha Online - 07/06/2022

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