Endividamento em março atinge máxima histórica impulsionado por cartão de crédito, diz pesquisa
Publicado em 01/04/2022
Mais de 77% das famílias ouvidas relataram ter dívidas a vencer neste mês, maior índice em 12 anos de levantamento
A proporção de brasileiros endividados alcançou novo recorde em março. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer alcançou 77,5% neste mês, a maior proporção já registrada nos 12 anos do levantamento. Há um ano, essa parcela era de 67,3%, 10,3 pontos percentuais abaixo do resultado atual.
De acordo com a análise, os números apontam a tendência de alta do endividamento, apesar de os juros de mercado estarem mais elevados e encarecerem o crédito. Segundo dados recentes do Banco Central (Bacen), as taxas de juros médias nas linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas aumentaram de 39,4%, em janeiro de 2021, para 46,3%, em janeiro de 2022. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o resultado da Peic reflete a pressão da inflação nos orçamentos. “Essa inflação alta, persistente e disseminada mantém elevadas as necessidades de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para manutenção do nível de consumo”, observa.
Mais recordes
A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso também alcançou o maior patamar da pesquisa. Com crescimento de 0,8 p.p. em relação ao mês anterior, o percentual registrado foi de 27,8%, 3,4 p.p. mais alto do que o apresentado em março de 2021 e 3,7 p.p. acima do apurado antes da pandemia, em fevereiro de 2020. A parcela de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permanecerão inadimplentes também acirrou, na passagem mensal, de 10,5% para 10,8% do total de famílias, um aumento de 0,3 p.p.
No recorte por faixa de rendimentos, a Peic apontou que, entre as famílias com ganhos acima de dez salários mínimos, a proporção de endividados atingiu o maior patamar da série, 73,7%, com incremento mensal de 1,5 p.p., a maior expansão desde maio de 2019. No grupo com renda até dez salários mínimos, o percentual chegou a 78,5%. Considerando os indicadores de inadimplência, 31,1% das famílias de menor renda encerraram o primeiro trimestre com algumas contas e/ou dívidas atrasadas, outro recorde histórico. Essa proporção alcançou 13,2% do total de famílias no grupo de renda superior, o percentual mais alto desde abril de 2016.
Cartão de crédito
Considerando os tipos de dívida, o cartão de crédito seguiu como destaque absoluto, representando 87,0% do total de famílias endividadas no país. O índice retornou ao maior percentual, com aumento de 0,5 p.p em relação a fevereiro e de 6,7 p.p. na comparação com março de 2021. Entre as famílias com ganhos acima de dez salários mínimos, o uso do cartão de crédito apresentou o maior crescimento mensal, de 2,4 p.p., e anual, de 8,1 p.p., alcançando a proporção de 89,3% de famílias endividadas nessa faixa de rendimentos.
Já entre as famílias de menor renda, o percentual permaneceu igual ao registrado no mês anterior, 86,5%, e os avanços aconteceram nas modalidades do crédito pessoal (0,3 p.p.) e cheque especial (0,2 p.p.).
Diante do cenário, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, avalia que a retomada do consumo, especialmente de serviços, pelo grupo de maior poder aquisitivo, em um ambiente de reajustes de preços, ajuda a explicar o maior uso do cartão de crédito por esses consumidores. Além disso, ela considera que o panorama de endividamento elevado deve se manter, dada a continuação da deterioração das condições de consumo, principalmente com inflação persistentemente alta.
“O crédito continuará caro, com a manutenção dos juros altos por mais tempo, em razão do novo choque nos preços aos consumidores. Somando-se à fragilidade apontada no mercado de trabalho, a dinâmica da inadimplência dos consumidores nos próximos meses seguirá sendo negativamente afetada”, afirma Izis.
No recorte por faixa de rendimentos, a Peic apontou que, entre as famílias com ganhos acima de dez salários mínimos, a proporção de endividados atingiu o maior patamar da série, 73,7%, com incremento mensal de 1,5 p.p., a maior expansão desde maio de 2019. No grupo com renda até dez salários mínimos, o percentual chegou a 78,5%. Considerando os indicadores de inadimplência, 31,1% das famílias de menor renda encerraram o primeiro trimestre com algumas contas e/ou dívidas atrasadas, outro recorde histórico. Essa proporção alcançou 13,2% do total de famílias no grupo de renda superior, o percentual mais alto desde abril de 2016.
Fonte: O Dia Online - 31/03/2022
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