Adesão a Pix Saque e Troco ainda é tímida; entenda como usar
Publicado em 21/02/2022 , por Suzana Petropouleas
Em cerca de dois meses, foram 70 mil transações nas modalidades, concentradas no interior
Enquanto as transações por Pix ultrapassaram os 30 milhões só no primeiro mês de operação da ferramenta, as modalidades de saque e troco têm tido uma adesão mais lenta pelos brasileiros.
De acordo com dados do Banco Central, o Pix Saque e o Pix Troco, lançados em 29 de novembro, somam 71,1 mil transações até janeiro, feitas por 43 mil pessoas.
Na primeira modalidade, o cliente faz um Pix através de QR Code ou aplicativo, e recebe de volta a quantia em espécie. Na segunda, o cliente faz um pagamento em um valor maior pelo produto ou serviço que esteja adquirindo, e recebe de volta a diferença em espécie.
Segundo o Banco Central, o extrato da transação deve discriminar o valor da compra e o valor sacado na forma de troco.
O Pix Saque é o que ganhou maior adesão, respondendo por 97,7% das 71,1 mil transações registradas. A maior parte aconteceu em municípios interioranos (73%), com destaque para a região Sul. Luis Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de shopping), afirma que a novidade ainda não se popularizou entre os empresários representados pela entidade, mas é vista com bons olhos.
"A expectativa é que tenha uma boa adesão com o tempo, especialmente entre os comerciantes menores, que são maioria. É um alívio para eles, porque reduz as idas aos bancos. Quanto mais esvaziar o caixa, menor o risco de assalto, por exemplo. Alivia também para o cliente, que não precisa ir até o banco", diz Ildefonso.
O diretor executivo de inovação, produtos e serviços bancários da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Leandro Vilain, ressalta que o lançamento das soluções de saque e troco do Pix, próximo ao final do ano, pode ter desacelerado a adesão inicial pelo varejo, uma vez que o período é voltado para as vendas das festas, quando empresários evitam implementar inovações tecnológicas.
Ainda assim, a novidade foi vista como positiva tanto para o varejo quanto para o setor bancário, que não teme a redução de público em agências e caixas eletrônicos, onde outros serviços como seguros costumam ser ofertados.
"Diminuir a necessidade de abastecimento de ATMs [caixas eletrônicos] é notícia ótima para os bancos, porque exigem investimentos altos em carro-forte, logística, segurança e trabalho de tesouraria, como contagem de cédulas", diz Vilain.
É cedo também para determinar por que o Pix Saque e Troco foram adotados com mais força no interior e no Sul, diz Vilain, mas fatores como o acesso a tecnologia impactam a adesão.
"Não há um fator único que explique, mas a convergência de vários. O percentual de digitalização da população da cidade, o acesso a redes 4G e o poder aquisitivo para comprar smartphones, por exemplo."
Segundo o BC, os serviços de saque e troco estão disponíveis em mais de 36 mil pontos de atendimento, como estabelecimentos de comércio, caixas eletrônicos e unidades de correspondentes bancários.
Para comerciantes, a possibilidade de retirada de dinheiro pelos clientes através do Pix pode permitir reduzir custos e riscos associados ao dinheiro físico em caixa, como as idas frequentes ao banco para depósito de valores.
Além disso, segundo o BC, espera-se que a oferta dos serviços amplie a circulação de clientes nos pontos de oferecimento, o que poderia aumentar as vendas nestes locais, e estimule a concorrência, uma vez que clientes de fintechs que não possuem caixas eletrônicos também poderão sacar valores através do serviço.
Os estabelecimentos têm a liberdade para definir horários e dias para o funcionamento do Pix Saque e Troco e as quantias máximas a serem sacadas, respeitando-se os limites de R$ 500 durante o dia e R$ 100 entre 20h e 6h.
Os estabelecimentos que oferecem a solução recebem uma tarifa por operação, que pode variar de R$ 0,25 a R$ 1. O valor depende da negociação com a instituição contratada para facilitar o serviço e os repasses são feitos até o 15º dia útil do mês seguinte.
Embora as novidades possam aumentar a segurança nas operações de manutenção e transporte de numerários, seus efeitos sobre a segurança de clientes e comerciantes que optarem por elas ainda não são conhecidos.
O lançamento do método de pagamento instantâneo foi acompanhado de uma série de denúncias de novos golpes envolvendo o recurso. No comércio de rua, empreendedores também reclamam de fraudes e falsas confirmações de pagamento por parte de usuários.
COMO SACAR USANDO O PIX
É preciso ir até um estabelecimento que faça Pix com uso de QR Code — lotéricas da Caixa, por exemplo, oferecem a solução. Segundo o BC, uma ferramenta que divulgue os locais que permitem saque e troco via Pix pode ser criada pela instituição. O cliente tem direito a oito saques gratuitos por mês do Pix Saque ou Troco.
Na hora de sacar:
- O estabelecimento gerará um QR Code no valor de saque desejado
- No aplicativo do banco ou instituição financeira de escolha, faça a leitura do QR Code e autorize o débito do valor em sua conta
- Receba o valor em espécie do estabelecimento
COMO RECEBER TROCO USANDO O PIX
- Efetue a compra de produto ou serviço em estabelecimento que autorize pagamento via Pix através de QR Code.
- Na hora de pagar com o QR Code, o valor debitado na transação deve ser superior à compra e incluir o troco a ser recebido em espécie
- Receba o valor do troco em espécie
- Atenção: o extrato da transação deve discriminar o valor da compra e o valor sacado na forma de troco, segundo o BC
Fonte: Folha Online - 20/02/2022
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