Com alta da Selic, consumidores devem ficar atentos com dívida
Publicado em 04/02/2022 , por Gabriel Leonan
Especialistas alertam para os perigos que giram em torno do reajuste da taxa básica de juros da economia, Selic, que elevou de 9,25% para 10,75% ao ano
Após o Banco Central anunciar nesta quarta-feira, 2, o reajuste de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia, Selic, que elevou de 9,25% para 10,75% ao ano, os consumidores com dívidas devem ficar atentos, já que débitos no cheque especial e cartão de crédito ficam maiores. No caso da caderneta de poupança, os investidores deixam também de encontrar um impacto positivo no rendimento a partir do reajuste. Esse é o oitavo aumento consecutivo da Selic e, segundo o planejador financeiro e especialista em finanças Marlon Glaciano, isso se deve diretamente ao aumento da inflação, que em setembro de 2021 atingiu dois dígitos, chegando a 10,25%.
“A taxa Selic sempre será aumentada enquanto estivermos com a inflação muito elevada, como estamos no momento. O Copom aumenta a Selic, como uma alternativa de conter a inflação, para que a inflação não possa disparar de uma forma exorbitante, perdendo o controle”, afirma.
Com o aumento da taxa básica de juros, os olhos se viram para a caderneta de poupança. Porém, desde que voltou para a "poupança velha", a modalidade de investimento não vale o rendimento. "O aumento da Selic não vai impactar no rendimento das cadernetas de poupança. Desde o fim do ano passado, quando a Selic ultrapassou o percentual de 8,50% ao ano, a remuneração da poupança voltou à regra antiga, deixando de pagar 70% da taxa básica de juros", explica o economista e professor da Fundação Dom Cabral, Gilberto Braga.
No caso da "poupança velha", os rendimentos são sempre calculados com 0,50% ao mês ou 6,17% ao ano, independentemente da taxa de juros que estiver em vigor. Até abril de 2012, os depósitos feitos eram aplicados com a "poupança velha".
"O brasileiro está acostumado em concentrar o dinheiro na caderneta de poupança por ser a forma mais segura de investimento. Mesmo com o aumento, a gente tem uma inflação que não atualiza e nem corrige o dinheiro, continua deixando de ganhar", avalia Felipe Nogueira, especialista em finanças e investimentos.
Por isso, nesse cenário, Glaciano explica que, para quem quer investir, ter um produto de renda fixa, que remunera mais e não gera risco, é algo mais vantajoso. Há opção como as que os bancos oferecem como o CDB ou CDI, os títulos públicos ainda na possibilidade de renda fixa, mas é preciso ficar alerta ao percentual do Imposto de Renda.
Juros altos
Com o aumento da Selic, os consumidores com financiamento de imóveis ou veículos se veem com dificuldades para fechar as contas, já que os juros são reajustados. "Para quem é investidor, é muito legal ter um produto de renda fixa que remunera mais e não oferece riscos. Em contra partida, o dinheiro tem perdido poder de compra. O consumidor vai no mercado e vê a carne cara, óleo caro e, no posto de combustível, a gasolina cara. Também fica muito ruim para quem quer pegar crédito, fazer empréstimos ou financiar algo de valor", avalia Glaciano.
Para o professor da Fundação Dom Cabral, a situação que já era complicada para quem está endividado, mas com a nova taxa da Selic ficou ainda pior. "Para o consumidor comum e para a pessoa endividada, o cheque especial, o cartão de crédito e os empréstimos se tornam mais onerosos. Nesse cenário, para quem já está endividado, fica ainda mais difícil reverter essa situação", disse.
Já para o consumidor que já enfrenta os débitos e quer sair do vermelho, o melhor caminho é renegociar essas dívidas. “O que os inadimplentes podem fazer é tentar pegar um empréstimo com juros mais baratos possível. Dessa forma, eles vão tentar pagar todas as dividas para organizar o seu orçamento, pagando somente a esse banco que foi tomado o empréstimo”, disse Braga.
Como os consumidores devem pagar mais caro pelas dívidas, outra possibilidade é tentar fazer portabilidade entre bancos para encontrar taxas menores nas instituições financeiras. No entanto, antes da migração, é preciso colocar na ponta do lápis se será vantajosa a mudança, já que será cobrado o Custo Efetivo Total (CET), tarifas e o IOF do banco.
Fonte: O Dia Online - 03/02/2022
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