Crise Faz Consumidor Vender Dados E ‘Caçar’ Descontos Instantâneos
Publicado em 23/11/2021 , por Adriana Mattos
Com a Black Friday, cresce a troca de informações entre clientes e empresas, especialmente com ofertas de “cashback” , descontos e liberação de pontos acumulativos Apenas um quarto dos brasileiros não aceitam fornecer os seus dados pessoais a sites e aplicativos em troca de algum desconto ou vantagem na hora da compra. Cerca de 37% liberam as informações se receber qualquer tipo de benefício e 40% fornecem dados se conhecem a empresa que os solicita, segundo levantamento feito em outubro com 1,7 mil pessoas pela Zmes, agência de marketing digital fundada por Marcelo Tripoli.
Nesta semana, quando ocorre a principal data comercial do varejo online, a Black Friday, cresce a troca de informações entre clientes e empresas, especialmente com ofertas de “cashback” , descontos e liberação de pontos acumulativos. No caso do cashback (recebimento de percentual da compra em dinheiro numa conta digital), que vem sendo alvo de fortes ações neste ano, o interesse, porém, é menor que do que em outras ferramentas. O cashback perde para o frete grátis em todos os segmentos de produtos. A depender da categoria que o cliente procura, ele perde também para ofertas exclusivas como fator de atração para o cliente liberar seus dados pessoais.
A análise considerou categorias de produtos não duráveis, de marcas vendidas em supermercados. Clientes que compram bebidas alcoólicas e produtos de cuidados para casa preferem ofertas exclusivas do que cashbacks. O cashback só não perde em nenhuma categoria quando comparado ao recebimento de pontos no momento da compra.
O desconto instantâneo mostra forte apelo: ele supera todos os outros benefícios no segmento de bebidas não alcóolicas e fica em segundo lugar em snacks e cuidados pessoais e com a casa.
“Os benefícios são uma espécie de barganha, e agora que houve essa perda de renda, o cliente quer a vantagem no curto prazo, no momento já da compra, de maneira que ele possa usar isso de forma mais rápida”, disse Tripoli. “O frete grátis tem alta atratividade, mas ele já vem sendo alvo de maiores limitações pelas empresas, porque implica muitas vezes num subsídio alto, e sendo mais usado especialmente pelos sites de fora, os novos “entrantes”.
O levantamento envolveu também 16 empresas entrevistadas, e os dados dessas companhias puderem ser comparados com respostas dos entrevistados. Entre essas indústrias estão Nestlé, P&G, Ambev, L’oreal, entre outras.
As fabricantes dizem que 32% das suas vendas, em média, ocorrem por meio dos sites das varejistas — o maior índice entre os canais analisados. Mas as pessoas que responderam às perguntas não deram o mesmo destaque para os sites. Ele é o terceiro canal mais citado, entre aqueles mais usados para compras, perdendo para aplicativos e os marketplaces (shopping virtual).
“Pode não parecer, mas esses 32% é representativo. Há pouco tempo era próximo de zero, porque havia menor mapeamento do retorno sobre o capital investido nos sites, e essa análise da performance do investimento vem crescendo”, afirma o executivo.
Entre os atributos mais valorizados por aqueles que compram no on-line ou nas lojas, a pesquisa mostra que a experiência vivida no momento da compra é uma vantagem maior dos pontos físicos (é importante para 82%, em respostas múltiplas, versus 53% no on-line).
Já os preços são vistos como motivo mais vantajoso para a compra on-line (66% assim declaram, versus 31% que veem preço como vantagem na loja) . O sortimento não tem tanto apelo na decisão — quase empatam como vantagem no site e nas lojas (40% e 34%, respectivamente).
Fonte: Valor Econômico - 22/11/2021
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