Brasil cria 313,9 mil vagas com carteira assinada em setembro, segundo governo
Publicado em 27/10/2021 , por Thiago Resende
No ano, já foram criadas 2,512 milhões de novas vagas formais
Em setembro, foi registrada a abertura de 313.902 vagas de emprego com carteira assinada no país, segundo dados divulgados nesta terça-feira (26) pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
O saldo foi resultado de 1,780 milhão de contratações e 1,466 milhão de desligamentos no mês, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O resultado foi puxado pelo setor de serviços.
A abertura de vagas formais no mês mostra uma leve desaceleração do desempenho do mercado de trabalho em relação a agosto (368 mil novos contratos) e a setembro do ano passado (319 mil).
Em janeiro de 2021 foram criados 261,2 mil novos contratos e em fevereiro, 397,6 mil. A partir de março, com a alta no número de casos e de mortes de Covid-19, o resultado foi menor. Foram 175,6 mil novos postos de trabalho em março, seguidos de 116,1 mil em abril, e 275,7 mil em maio.
A partir de junho, as contratações se aceleraram. Junho e julho registraram mais de 302 mil novas vagas. Em agosto, esse número subiu para 368 mil. O desempenho de setembro, embora ligeiramente inferior ao mês anterior, mantém o patamar registrado no segundo semestre do ano.
O resultado de setembro ficou um pouco abaixo do esperado pelo mercado.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, calculava que a criação de vagas no mês seria de aproximadamente 350 mil. Rodolfo Margato, economista da XP, previa cerca de 335 mil.
"Esse resultado frustrou um pouco nossas expectativas. [...] O número de demissões seguiu avançando, o que acaba diminuindo o saldo", afirmou Sanchez.
O ministro Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) já previu que, no fim deste ano, o país irá registrar cerca de 2,5 milhões de empregos formais. "Há uma demonstração clara da recuperação da parte formal da economia", disse ele nesta terça.
No acumulado de janeiro a setembro, o saldo no mercado de trabalho formal brasileiro é positivo, com 2,512 milhão de novas vagas num ano de crise provocada pela pandemia. É comum que dezembro tenha um resultado negativo, diante do fechamento de vagas após a alta atividade econômica nos meses anteriores às festas de fim de ano.
No mesmo período do ano passado, haviam sido fechados 558,6 mil empregos com carteira assinada, pois, de março a maio de 2020, por exemplo, o impacto da chegada do novo coronavírus resultou no encerramento de mais de 1,2 milhão contratos de trabalho formais.
"O mercado de trabalho formal permanecerá em trajetória de retomada consistente, ainda que a um ritmo mais moderado a partir do início de 2022", avalia Margato.
Para tentar evitar demissões em massa na crise de 2021 , o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medidas provisórias para que regras trabalhistas sejam flexibilizadas novamente diante do agravamento da pandemia.
Com isso, foi recriado o programa que permite o corte de jornada e salários de trabalhadores da iniciativa privada, além da suspensão temporária de contratos. A medida foi encerrada em agosto.
O saldo de setembro (criação de 313,9 mil vagas) reflete o desempenho positivo em todos os cinco grandes setores da economia brasileira. O resultado foi puxado pelo setor de serviços, que abriu 143,4 mil vagas de emprego no mês.
Em seguida figuram indústria (76,2 mil novos postos), comércio (60,8 mil), construção (24,5 mil) e, por último, agropecuária (9 mil vagas abertas).
Numa análise mais detalhada, apenas algumas atividades econômicas apresentaram resultados acima da média do ano, como alojamento e alimentação (31,7 mil, o segundo melhor resultado do ano), que havia sido impactado negativamente pela pandemia, e indústria de transformação (72,8 mil, retomando o patamar do primeiro bimestre, anterior ao agravamento da pandemia).
Em setembro, o salário médio de admissão formal foi de R$ 1.795,46. Portanto, abaixo do patamar de agosto (R$ 1.813,57), e também menor que o de setembro do ano passado (R$ 1.895,46). Os dados foram corrigidos pela inflação (IPCA).
Especialistas alertam que os dados do Caged precisam ser analisados com ressalvas desde o ano passado, quando houve mudança na metodologia.
Desde janeiro do ano passado, as informações vêm do eSocial, sistema de escrituração que unificou diversas obrigações dos empregadores. Além de reunir mais informações na mesma base de dados, o novo Caged tornou obrigatório informar a admissão e demissão de empregados temporários. Antes, essa comunicação era facultativa.
Fonte: Folha Online - 26/10/2021
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