Nível de endividamento das famílias em SP é o maior desde 2004
Publicado em 08/10/2021 , por Lucas Bombana
Pesquisa da FecomercioSP aponta que 70% dos consumidores estavam endividados em setembro
A perda de poder de compra provocada pela alta da inflação, junto a um crescimento econômico que se desenha cada vez menor, tem feito o endividamento das famílias brasileiras alcançar os maiores níveis dos últimos anos.
Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostram que, em setembro, o percentual de famílias endividadas na capital paulista atingiu 69,2%.
O nível de endividamento apontado pelo indicador no mês passado foi o maior desde dezembro de 2004, quando alcançou 69,7%, e já vem em trajetória ascendente ininterrupta desde o início do ano. Foram ouvidas cerca de 2,2 mil consumidores na capital paulista para a pesquisa.
Além disso, o resultado de setembro representa um aumento de 10,7 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano passado, e de 2 pontos ante agosto.
Os dados apontam ainda que, entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, a taxa de endividados atingiu 71,1%. Já para as famílias com ganhos acima desse patamar, o percentual cai para 63,5%.
As estimativas da FecomercioSP indicam que são hoje cerca de 2,76 milhões de lares com algum tipo de dívida no estado de São Paulo, um aumento de 81 mil em relação ao mês anterior, e de 442 mil em bases anuais.
JUROS ACIMA DE 300% NO CARTÃO DE CRÉDITO
Neste cenário, a pesquisa aponta que a utilização do cartão de créditoacaba sendo uma das principais alternativas encontradas para a manutenção do consumo.
No mês passado, as famílias que declararam ter dívidas no cartão chegaram ao maior patamar da série histórica iniciada em 2004, de 81,1%, ante 80,7% em agosto, e 72,8% há um ano.
“Com a inflação subindo ao longo dos últimos 12 meses, as pessoas não conseguem mais comprar a mesma cesta de consumo e usam mais o cartão de crédito para parcelar essas compras, trazendo um alívio momentâneo e jogando as dívidas para frente”, diz Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP.
Frente aos juros cobrados na modalidade, no entanto, a saída muitas vezes acaba só aumentando o tamanho do problema.
Levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) revela que a taxa média de juros do cartão de crédito à pessoa física foi de 12,5% ao mês em agosto, chegando a 310,9% ao ano, no maior patamar desde março de 2018.
INADIMPLÊNCIA DESIGUAL
Os dados da pesquisa da federação de comércio mostram também que a inadimplência avançou para 19% na capital paulista. Em agosto, o percentual havia sido de 18,8%, e de 18,1%, em setembro de 2020.
Na quebra por renda, contudo, a inadimplência chega a 22,9% entre aqueles com até dez salários mínimos, e cai para 8,9%, entre aqueles com faixa de renda acima desse patamar.
Em termos absolutos, são 759 mil famílias que não conseguiram pagar a dívida até a data do seu vencimento, de acordo com a FecomercioSP, sendo 10 mil a mais em relação ao mês anterior. Em setembro de 2020, eram 717 mil.
Dietze diz ainda que as perspectivas não são muito animadoras. “Temos uma inflação estrutural de oferta que vai continuar alta e seguir impactando o orçamento das famílias”, afirma o assessor.
Ele acrescenta que o pagamento do 13º salário no fim do ano pode trazer algum alívio, mas de caráter apenas pontual. Para 2022, a expectativa do especialista é por um quadro estaginflacionário, com inflação elevada e crescimento baixo pressionando o custo de vida das famílias, e, em especial, daquelas de menor renda.
Fonte: Folha Online - 07/10/2021
Notícias
- 25/11/2024 68,1 milhões de consumidores estavam inadimplentes em outubro
- Etanol se mostra como opção mais vantajosa que gasolina em 11 Estados e no DF
- Prevent Sênior, Amil e mais 12 planos são processados por práticas abusivas; veja lista
- Trabalhadores recebem primeira parcela do décimo terceiro nesta semana
- Pé-de-Meia: pagamento a estudantes começa nesta segunda
- Após Carrefour, Intermarché suspende venda de carne sul-americana na França
- Custos de ultraprocessados e álcool ao SUS atingem R$ 28 bi por ano
- Juíza absolve acusados pela “lava jato” de abrir contas para lavagem de dinheiro
- Quais medidas devem ser incluídas no pacote de corte de gastos? Ex-diretor do BC analisa
- Terceira Turma reforma decisão que condenou plano de saúde a pagar exame realizado no exterior
- Plano de saúde é condenado por cancelamento de contrato de adolescente com TEA
Perguntas e Respostas
- Quanto tempo o nome fica cadastrado no SPC, SERASA e SCPC?
- A consulta ao SPC, SERASA ou SCPC é gratuita?
- Saiba quais os bens não podem ser penhorados para pagar dívidas
- Após quantos dias de atraso o credor pode inserir o nome do consumidor no SPC ou SERASA?
- Protesto de dívida prescrita é ilegal e dá direito a indenização por danos morais
- Como consultar SPC, SERASA ou SCPC?
- ACORDO - Em caso de acordo, após o pagamento da primeira parcela o credor é obrigado a tirar o nome do devedor dos cadastros de SPC e SERASA ou pode mantê-lo cadastrado até o pagamento da última parcela?
- CHEQUE – Não encontro à pessoa para qual passei um cheque que voltou por falta de fundos. O que posso fazer para pagar este cheque e regularizar minha situação?
- Problemas com dívidas? Dicas para você não entrar em desespero
- PROTESTO - Qual o prazo para o protesto de um cheque, nota promissória ou duplicata? O protesto renova o prazo de prescrição ou de inscrição no SPC e SERASA?
- O que o consumidor pode fazer quando seu nome continua incluído na SERASA ou no SPC após o pagamento de uma dívida ou depois de 5 anos?
- Cartão de Crédito: Procedimentos em caso de perda, roubo ou clonagem
- Posso ser preso por dívidas ?
- SPC e SERASA, como saber se seu nome está inscrito?
- Acordo – Paga a primeira parcela nome deve ser excluído dos cadastros negativos (SPC, SERASA, etc)