Com geada, preços retomam tendência de alta no campo
Publicado em 02/08/2021
Consumidor vai sentir no bolso o aumento de arroz e de café; o do milho virá no custo das carnes
Geada e seca no Brasil e um clima incerto nos Estados Unidos devolveram as altas aos produtos agropecuários no mercado interno neste mês.
Após uma tendência de queda em junho, os preços voltaram a subir no campo. Esse custo vai chegar ao bolso dos consumidores nas próximas semanas.
O mercado de grãos está tão interligado que a alta de um dos componentes dessa cadeia pressiona também os outros. A elevação do milho, o principal item na composição da ração, coloca como opções para as indústrias deste setor outros produtos substitutos, como o trigo e o arroz.
Já afetado pela seca, o milho recebeu novo impulso nos preços com a geada. A alta foi de 14% neste mês, acumulando 103% em 12 meses. Após ter registrado o preço recorde de R$ 103 em maio, a saca recuou para R$ 86 em junho, mas já voltou para os R$ 100.
O aumento ocorre porque a safrinha, que tinha um potencial para 90 milhões de toneladas, deverá ficar próxima de 65 milhões. Com isso, as importações, que estão na faixa de R$ 92 por saca, vão aumentar em agosto.
O arroz, produto essencial na alimentação diária do consumidor, também retomou o caminho da alta. Após ter sido negociado a R$ 106 por saca no último trimestre de 2020, caiu para R$ 69 no final de junho, e já voltou para R$ 75, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, o produtor já pede R$ 80 por saca.
O feijão também ganhou fôlego para novas altas. As recentes geadas atingiram áreas de produção antes não afetadas. A oferta da leguminosa será menor.
Parte das lavouras de trigo, já afetadas pelo excesso de frio nas últimas semanas, poderá ser novamente prejudicada pelas geadas atuais. Além da redução na produção, haverá uma queda na qualidade do cereal, que terá como destino a indústria de ração.
Com os parâmetros de importação na faixa de R$ 1.500 por tonelada, os produtores paranaenses negociam o cereal a R$ 1.492, segundo o Cepea, 22% a mais do que há um ano.
O grande salto fica para o café. A saca do arábica está acima de R$ 1.000, obtendo alta de 26% neste mês e de 106% em 12 meses. Exportações aceleradas, estoques baixos e quebra de safra vão aquecer os preços nas prateleiras dos supermercados.
Seca e geada derrubam também a produtividade da cana-de-açúcar. Com isso, os preços mantêm tendência de alta. O açúcar está em R$ 118 por saca, 51% a mais do que há um ano, e o etanol supera os R$ 3 por litro na usina. O repasse para a bomba é certo.
A soja, com as incertezas climáticas nos Estados Unidos, segundo maior produtor mundial, está em R$ 169 no porto de Paranaguá, 7% a mais do que há um mês.
A recuperação dos preços atinge também o setor de carnes, devido ao maior apetite da China e à elevação dos custos de produção.
As exportações de carne bovina já somam 130 mil toneladas neste mês; as de frango, 313 mil; e as de suíno, 67 mil.
Exportações e custos de produção maiores fizeram a carne de frango subir 7% neste mês no mercado interno. A suína teve alta de 5%, enquanto a bovina ficou estável.
No caso do boi, a seca e a geada afetam as pastagens, obrigando parte dos pecuaristas a colocar mais bois no mercado.
Fonte: Folha Online - 29/07/2021
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