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IPCA avança 0,83% em maio, maior alta para o mês em 25 anos
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IPCA avança 0,83% em maio, maior alta para o mês em 25 anos

Publicado em 11/06/2021 , por Leonardo Vieceli

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Indicador acumula alta de 8,06% em 12 meses, diz IBGE

RIO DE JANEIRO

Pressionado pela energia elétrica, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou em maio. No período, o indicador oficial de inflação avançou 0,83% no país, após variação de 0,31% em abril. Foi o maior resultado para maio desde 1996 (1,22%), informou nesta quarta-feira (9) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com isso, o IPCA aumenta a distância em relação ao teto da meta de inflação. No acumulado de 12 meses até maio, a alta chegou a 8,06%. A variação estava em 6,76% até abril.

O teto da meta de inflação é de 5,25% neste ano. O centro da meta é de 3,75%. 

O resultado de maio ficou acima das previsões do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 0,71% no período. 

Conforme o IBGE, os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta no mês. O maior impacto (0,28 ponto percentual) e a maior variação (1,78%) vieram de habitação, que acelerou em relação a abril (0,22%).  

O resultado desse grupo é atribuído, especialmente, à elevação na energia elétrica, que subiu 5,37% e teve o principal peso no índice entre os itens (0,23 p.p.). A conta de luz mais cara está relacionada à crise hídrica.

Em maio, passou a vigorar no país a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,169 na conta de luz a cada 100kWh (quilowatt-hora) consumidos.

Com a escassez de chuva, os custos de geração de energia elétrica ficam maiores, o que gera repasse para os consumidores.

A situação segue no radar de analistas. É que, no ?último dia 28, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) citou as dificuldades hídricas ao anunciar a aplicação do patamar 2 da bandeira tarifária vermelha para o mês de junho, ao custo de R$ 6,243 para cada 100kWh de consumo.

Durante a pandemia, o IPCA também ganhou corpo com a disparada de preços de alimentos e, em seguida, de combustíveis. Alta do dólar e avanço das commodities ajudam a explicar o comportamento desses itens na crise sanitária.

Conforme o IBGE, o segundo maior impacto na inflação de maio veio do grupo transportes (0,24 p.p.), que teve aumento de 1,15%. Dentro desse segmento, a alta da gasolina, de 2,87%, foi a que mais chamou atenção. Em abril, os preços do combustível haviam recuado 0,44%.

“Ainda é muito cedo para falar em uma pressão de demanda. O que se observou foi uma pressão de preços monitorados, como energia e combustíveis”, apontou Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE, lembrando que o desemprego em alta inibe o consumo das famílias.

“Alguma demanda pontual pode estar relacionada ao auxílio emergencial, em produtos como eletrodomésticos, equipamentos, vestuário”, acrescentou.

Em maio, o grupo de saúde e cuidados pessoais teve alta de 0,76%, enquanto o de alimentação e bebidas avançou 0,44%. Os segmentos tiveram impacto de 0,10 p.p. e 0,09 p.p. no índice do mês, atrás de habitação e transportes.

Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) subiu a taxa básica de juros no começo de maio. À época, confirmou aumento de 0,75 ponto percentual na Selic, que passou para 3,50% ao ano.

Na ocasião, o Copom também sinalizou nova alta na mesma magnitude em junho, para 4,25%. O colegiado volta a se reunir na próxima semana.

“É evidente, um processo inflacionário toma parte do consumo das famílias e mitiga o avanço da economia", afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. "A gente deve continuar assistindo a esse avanço nos próximos meses. O acumulado em 12 meses só deve ceder perto do último trimestre do ano, com o efeito da base de comparação", acrescenta.

Em 2021, o IPCA registrou alta de 3,22% até maio.

"Já se esperava um avanço da inflação, mas os níveis assustam. A principal novidade é o impacto das contas de energia elétrica", destaca o economista Gustavo Inácio de Moraes, professor da PUCRS.

Segundo ele, a perspectiva é de que o IPCA supere mesmo o teto da meta ao final de 2021. "A questão é saber em qual intensidade", diz

Fonte: Folha Online - 10/06/2021

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