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WhatsApp lança serviço de transferência em parceria com grandes bancos
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WhatsApp lança serviço de transferência em parceria com grandes bancos

Publicado em 05/05/2021 , por Paula Soprana e Isabela Bolzani

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Um ano após a tentativa frustrada de entrar no mercado, app anuncia função semelhante ao Pix junto a Bradesco, BB e Itaú

Após nove meses de negociação com o Banco Central, o WhastApp lançou nesta terça (4) um serviço de transferência bancária gratuita entre usuários no Brasil. Quase um ano após a tentativa frustrada de lançamento, o recurso estreia com a parceria de 3 dos 5 maiores bancos do país: Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.

Não entraram na leva Santander e Caixa Econômica Federal.

A opção começa a ser disponibilizada gradualmente nas próximas semanas. O Brasil é o segundo maior mercado do app de mensagens no mundo, com mais de 120 milhões de pessoas, atrás apenas da Índia, que tem 400 milhões.

Usuários que tiverem cartões de débito, pré-pago ou combo das instituições Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Itaú, Mercado Pago, Next, Nubank, Sicredi e Woop Sicredi, com as bandeiras Visa e Mastercard, poderão transacionar dinheiro pela plataforma. O processo é todo feito no aplicativo e é isento de taxas.

A operação das transações é feita pela Cielo, que é fornecedora do Facebook. Cartões de crédito não são válidos.

Em junho, o WhatsApp anunciou o serviço e uma opção de pagamentos para empresas. Na época, o BC vetou os dois tipos de operação.

Na primeira tentativa, o sistema contava com as bandeiras Visa e Mastercard, a Cielo como operadora e as instituições BB, Nubank e Sicredi.

Poucos dias depois, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e o BC suspenderam o acordo entre a empresa e as instituições financeiras, alegando dúvidas sobre a natureza do serviço e solicitando esclarecimentos sobre o modelo de negócios.

Houve especulação no mercado de que o BC teria acatado uma reclamação dos grandes bancos privados sobre a solução e, ainda, barrado o serviço para proteger o Pix, sistema de pagamentos instantâneos da autoridade monetária que foi lançado depois, em novembro de 2020. Na época, a autoridade monetária negou.

Em março deste ano, a instituição incluiu o Facebook, dono da plataforma, na categoria de iniciador de transações de pagamentos, uma espécie de instituição de pagamentos, o que permite o repasse de dinheiro entre CPFs.

O pagamento a empresas, como o pagamento de compras, que tem potencial direto de ganhos ao WhatsApp (prevê uma taxa de 3,99% por transação), ainda não foi aprovado. “A companhia continua trabalhando com o BC para disponibilizar pagamentos para empresas”, diz o WhatsApp.

O Brasil é o segundo país a ter o recurso de transferências —o primeiro foi a Índia. Em vídeo, Mark Zuckerberg, presidente-executivo da gigante de tecnologia, diz que “pagamentos digitais são muito importantes neste momento”, mais seguros que dinheiro vivo e dispensam filas de banco.

“Este é um dos primeiros países do mundo a ter pagamentos no WhatsApp. Isso porque sabemos o quanto o WhatsApp é importante para o Brasil”, afirma.

O sistema funciona a partir do Facebook Pay, modelo que integra as informações de pagamentos de WhatsApp, Facebook e Instagram, que pertencem à companhia. Segundo Zuckerberg, é um “método simples e seguro de enviar dinheiro numa conversa”.

Os representantes dos bancos parceiros destacam que a opção serve como uma praticidade a seus clientes, que terão outra forma de transferir sem pagar taxas, o que se tornou viável desde o lançamento do Pix, em novembro, que logo se popularizou.

A Folha apurou que as bandeiras construíram uma estrutura de custo diferente e que os bancos envolvidos em cada transação recebem uma taxa de intercâmbio.

Segundo Marcos Valério diretor do Bradesco Cartões, o serviço “acelera o processo de digitalização democrática dos meios de pagamento”.

Já para João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard no país, “até 2030, 55% dos brasileiros esperam que todas as transações sejam realizadas em tempo real”.

Por enquanto, o WhatsApp não pretende ganhar dinheiro direto com a operação, disse Matthew Idema, diretor de operações do WhatsApp.

“Pagamos uma taxa pequena para as bandeias de cartão de crédito, mas a ideia não é gerar lucro com esse serviço. Há anos pesquisas mostram que as pessoas querem mandar dinheiro para famílias e amigos, e não queremos incluir taxas que dificultem esse processo”, afirma Idema.

A longo prazo, o Facebook se beneficia por ter entrado cedo nesse mercado enquanto ainda detém, de longe, o aplicativo de mensagens mais usado entre os brasileiros. Para Yasodara Córdova, pesquisadora de internet na Kennedy School, em Harvard, esse modelo enforca a competição antes mesmo de ela começar.

“A vantagem competitiva do WhatsApp é uma base de dados gigante sobre o que as pessoas fazem —mesmo que não seja possível ler as mensagens. Com Facebook, WhatsApp e Instagram, criam um monopólio de dados que dificilmente abrirão a competidores.”

O WhatsApp é um dos poucos serviços incorporados gratuitamente em planos de operadoras de celular.

Os cartões de débito movimentaram R$ 762,4 bilhões no Brasil em 2020, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), alta de 14,8% ante o ano anterior.

Segundo o Sicredi, 5 milhões de associados poderão utilizar a funcionalidade. O BB afirma que 23,3 milhões de cartões de clientes têm o débito ativado. No Nubank, são 29,5 milhões com cartão combo, e, no Inter, 10 milhões. Itaú e Bradesco não abriram os números.

Em termos de segurança, a transferência no Facebook Pay exige uma senha de seis dígitos ou a biometria. O serviço é disponibilizado na versão mais recente do WhatsApp.

Fonte: Folha Online - 04/05/2021

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