Confira como proteger a sua aposentadoria na pandemia
Publicado em 27/07/2020 , por Ana Paula Branco
Alvos de assédio de financeiras, parentes e até de quadrilhas, idosos estão ainda mais em risco
SÃO PAULO
A crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus aumentou o risco de assédio a aposentados e pensionistas por bancos, financeiras, amigos e parentes, que veem no benefício previdenciário uma oportunidade de negócio.
Quem recebe aposentadoria ou pensão do INSS tem direito a contratar empréstimos consignados com taxas de juros bem abaixo das praticadas no mercado e com maior prazo de pagamento da dívida.
Essas facilidades colocam o benefício em risco, se não forem rigorosamente analisadas as condições do empréstimo, como o valor a ser pago e por quanto tempo ficará com a dívida, e a empresa com quem está pegando o dinheiro.
Para quem empresta o nome o risco é ainda maior. Caso a pessoa não pague as parcelas do empréstimo, é o nome do aposentado que fica sujo na praça, mesmo que ele não tenha usufruído do valor emprestado.
Na tentativa de proteger o benefício, o INSS estabeleceu diversas normas para conceder o consignado, como bloqueio e carência para novos aposentados.
A partir desta segunda-feira (27), durante o período da pandemia, aposentados poderão solicitar o empréstimo consignado 30 dias após a concessão do benefício, dois meses antes do que determina a lei.
O INSS alerta sobre golpistas que estão telefonando, se passando por atendentes da Central 135, para pedir dados pessoais e do benefício. Na dúvida, interrompa a ligação e ligue para o 135. O INSS não pede confirmação de dados pessoais ou número do benefício quando entra em contato.
5 MANEIRAS DE PROTEGER SEU BENEFÍCIO 1) Bloqueio para empréstimos consignados
- A facilidade de contratação e de pagamento são os maiores atrativos do consignado
- As taxas de juros são mais baixas, com média de 2% ao mês, e o prazo de quitação pode chegar a 84 meses
- No empréstimo pessoal, as parcelas podem ser pagas por boleto, cheque nominal, ou débito automático em conta-corrente
- Já o consignado, o valor é descontado direto na folha de pagamento do aposentado, diminuindo o risco de inadimplência
- Mas quem não tem intenção de contratar o consignado pode pedir o bloqueio de ligações das empresas de crédito
Como
- Acesse o site https://www.naomeperturbe.com.br/
- Informe o telefone fixo ou celular que não quer que receba as ligações
- O cadastro é gratuito
- Após 30 dias da inclusão no cadastro, bancos e correspondentes são proibidos de fazer ofertas
- O bloqueio vale por um ano
Novos beneficiários
- Desde abril de 2019, o novo benefício fica bloqueado* por até 90 dias depois da concessão para solicitar empréstimos consignados
*Por causa da pandemia, até 31 de dezembro de 2020 o bloqueio será por 30 dias
- Para solicitar o desbloqueio o segurado precisa preencher um requerimento pelo site Meu INSS e aguardar de 7 a 15 dias para poder solicitar um empréstimo
- Bancos e instituições financeiras estão proibidos de fazer contato com os beneficiários para oferecer consignados durante os primeiros 180 dias após a concessão
2) Não informe dados pessoais por telefone
- O INSS alerta para golpistas que estão telefonando para segurados, se passando por atendentes da Central 135, para pedir dados pessoais ou o número do benefício
- Com essas informações, quadrilhas fazem compras e empréstimos em nome do aposentado
- Estelionatários estão aproveitando a pandemia, pois, com as agências fechadas, o INSS começou a entrar em contato com os segurados que precisam cumprir exigências
- No entanto, no telefonema, o INSS não pede nenhum dado pessoal ou o número do benefício
- Caso receba ligação solicitando dados pessoais e informação do benefício, o segurado deve encerrar a ligação e entrar em contato com o INSS pelo telefone 135
Atenção!
Em hipótese alguma, transfira dinheiro para contas de desconhecidos com promessa de empréstimo
3) Evite emprestar seu nome
- Por terem facilidade em conseguir o empréstimo consignado, aposentados costumam ser assediados por amigos e parentes
- É importante ter cuidado, pois se a pessoa não conseguir pagar, é o aposentado que terá que arcar com a dívida e ficar com o nome sujo
Diga não
- Quando alguém pedir seu nome emprestado para contratar crédito, mostre-se solidário, mas explique os riscos
- Sugira ajudar de outra maneira, indicando algum trabalho extra, por exemplo
Se aceitar, exija uma garantia
- Se mesmo conhecendo todos os riscos, você decidir emprestar seu nome, exija algum tipo de garantia, como um contrato feito em cartório, nota promissória ou cheque pré-datado
- Isso não evitará que seu nome vá parar na lista de restrição de crédito, mas, depois de pagar a dívida, você poderá entrar na Justiça para tentar receber o valor que desembolsou
4) Acompanhe o extrato do benefício
- Descontos de empréstimos e outros débitos só podem ser feitos na aposentadoria se autorizados pelo beneficiário
- É importante fazer um check up de tempos em tempos para verificar se não há descontos indevidos em sua aposentadoria ou pensão
- Em dezembro, o INSS chegou a bloquear os descontos e mandou associações devolverem R$ 57 milhões a aposentados
- O aposentado vítima de assédio ou abuso por parte de financeiras pode pedir a devolução dos valores descontados
Onde reclamar
- A primeira reclamação do desconto indevido deve ser feita à empresa responsável
- Depois, a reclamação deve ser registrada no site consumidor.gov.br
- O banco ou a financeira terá dez dias para dar uma resposta, que será avaliada pelo aposentado
- Se o responsável pelo desconto não devolver a grana, o jeito é reclamar com o Procon
- Para quem mora no estado de São Paulo, o site do Procon é www.procon.sp.gov.br
DESCUBRA OS DESCONTOS
- Acesse o Meu INSS, pelo site meu.inss.gov.br ou aplicativo
- Informe login e senha
- Do lado esquerdo da tela, clique em "Extrato de Pagamento de Benefício"
- O extrato apresentará quais foram os valores depositados e descontados do beneficiário
Fique atento
O INSS não aceita reclamações sobre descontos indevidos no benefício
5) Fique atento ao tempo do benefício
- Aposentados e pensionistas que acreditam ter direito a alguma correção no benefício têm até 10 anos após o primeiro pagamento para contestar o cálculo ao INSS
- O prazo está mantido mesmo durante a pandemia
- O ideal é solicitar uma revisão nos primeiros cinco anos do benefício, para garantir as diferenças mensais que deveria ter recebido desde o primeiro pagamento do benefício
Saiba como pedir
- Antes de abrir o requerimento com o INSS, é preciso fundamentá-lo com documentos e cálculos que demonstrem que houve erro na análise do instituto
- O melhor caminho é conferir a carta de concessão e a memória de cálculo
Fonte: Folha Online - 25/07/2020
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