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Como vai ser o primeiro programa nacional de caça ao coronavírus
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Como vai ser o primeiro programa nacional de caça ao coronavírus

Publicado em 20/04/2020

Governo federal vai fazer testes de pessoas sob risco, analisadas por robôs

O governo federal vai começar o primeiro programa de rastreamento de possíveis doentes de Covid-19 casado com testes da doença.

 

O rastreamento já existe, argumenta Erno Harzheim, secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. A novidade é que a procura de doentes deve ser associada à realização de até 30 mil testes por dia.

O governo firmou uma parceria público-privada com uma rede de laboratórios para fazer os exames.

Desde o início de abril, existe um sistema em que o governo procura possíveis doentes pelo telefone e oferece consultas automáticas por meio de um aplicativo de celular, por ligações telefônicas ou
por um “chat”. É o TeleSUS.

Em um primeiro momento, as pessoas falam com um robô. Se o sistema de inteligência artificial identifica um caso grave, a gente é automaticamente encaminhada para falar com enfermeiros ou médicos.

Se houver risco de síndrome respiratória grave, o sistema monitora o caso sob suspeita a fim de saber se a pessoa procurou ajuda médica —volta a ligar em uma hora. Quem tem sintomas de gripe e coisa similar é monitorado a cada 24 horas ou 48 horas.

Agora, pessoas com mais de 60 anos e de grupos de risco que tiverem “sinais e sintomas de síndrome gripal” identificados pelo TeleSUS serão encaminhadas para fazer o teste de Covid-19. Haverá postos móveis de coleta nas capitais e cidades com 500 mil habitantes, conta Harzheim.

O governo fez uma chamada de emergência para contratar até 3 milhões de exames do tipo RT-PCR, 30 mil por dia. Esse teste, em suma, procura sinais de pedaços de vírus. Não é aquele chamado “teste rápido” (que detecta anticorpos).

Até sexta-feira (17), 5,2 milhões de pessoas haviam sido atendidas no TeleSUS. Cerca de 128 mil procuraram o serviço. A maioria, 4,8 milhões, recebeu ligações do sistema do governo. Outras 297,4 mil estavam sob monitoramento.

Das atendidas, 93% eram saudáveis e 3% eram de risco moderado ou alto. Cerca de 118 mil pessoas tiveram teleconsulta com profissionais de saúde.

Desde o início de abril, o Ministério da Saúde e o IBGE melhoraram e ampliaram os cadastros nacionais de saúde (CadSUS e Sisab), conta Harzheim. O ministério teria dados individuais da população quase inteira, inclusive telefone, tratados de forma anônima, diz o governo.

O governo telefona e recebe ligações pelo número 136, pelo qual é possível fazer uma análise de risco de modo automático, usando teclas de opções. É possível fazer essa espécie de exame, digamos, por um aplicativo de celular (Coronavírus SUS, que pode ser baixado em qualquer loja de apps) e pelo chat do ministério (https://coronavirus.saude.gov.br/telesus).

Este jornalista testou o serviço e pediu a pessoas com sintomas que fizessem o teste. O sistema pareceu funcionar, pelo menos nessas sete experiências. Atenção: já existe bandido tentando dar golpe se passando por gente da Saúde.

Ignore ligações que não venham do número 136 ou 00136.

Os dados coletados pelas consultas devem alimentar uma central de análise, informações em tese relevantes para localizar o avanço da epidemia e procurar quem teve contatos com pessoas talvez infectadas. Ainda não se sabe como será a utilização prática dessas informações, segundo outro secretário do Ministério da Saúde, que preferiu não se identificar.

Sem testes e rastreamento de doentes e gente sob risco, não haverá modo seguro de relaxar os isolamentos. O Brasil ainda está entre os países que menos testam na América do Sul.

Fonte: Folha Online - 19/04/2020

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