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Venda de etanol cai 16% e já reflete efeitos do coronavírus
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Venda de etanol cai 16% e já reflete efeitos do coronavírus

Publicado em 26/03/2020

Paralisação deverá provocar uma queda de 50% no consumo diário do combustível nas próximas semanas

As vendas de etanol hidratado das usinas para o mercado interno caíram 16% na primeira quinzena deste mês na região centro-sul, em relação às de igual período de 2019.

 

Na segunda metade do mês, a queda deverá se acentuar ainda mais, com recuo de pelo menos 30% em relação aos patamares anteriores.

Os dados da primeira quinzena são da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Já a previsão de queda para o mês foram feitos pela coluna com base no aumento do isolamento social ocorrido na terceira semana do mês.

A paralisação de boa parte da atividade econômica, o que reduziu em muito o número de carros nas ruas, deverá provocar uma queda de 50% no consumo diário de etanol nas próximas semanas, em relação aos patamares já registrados pelo setor.

 

A recente aceleração do uso de álcool, que teve preços bem mais favoráveis do que os da gasolina, fez com que o consumo atingisse até 1,8 bilhão de litros por mês, uma média de 60 milhões de litros por dia.

Na primeira semana deste mês, as vendas de etanol hidratado das usinas para o mercado interno somaram 691 milhões de litros, 16% abaixo dos 821 milhões de igual período de 2019.

A queda nas vendas nesta quinzena pode ser explicada também pela menor necessidade de compras pelas distribuidoras, que ainda têm estoques da safra 2019/20.

A safra atual se encerra no final deste mês e a de 2020/21 começa oficialmente no início de abril, embora as máquinas de 43 usinas já estejam nas lavouras colhendo cana.

O problema para o setor é quanto tempo essa paralisação vai durar. Sem vendas e sem preço, as usinas com caixa baixo vão ter dificuldades, devido à concentração dos custos de trabalhadores, de transporte, de colheita e de capital de giro.

A situação é mais delicada para as empresas que atuam apenas na produção de etanol, que são 20% do setor. As outras 80% podem optar por açúcar ou etanol, dependendo do mercado.

Mas a situação não é boa também para o açúcar. Os preços externos caem e as exportações são menores. Muitas empresas, no entanto, terão dificuldades menores, uma vez que fizeram contratos de vendas antecipados a preços favoráveis.

Outra dúvida para o setor é o tamanho da demanda interna de açúcar neste ano de desarranjo da economia, devido ao avanço do coronavírus.

Em vista da menor demanda interna por etanol, a produção de açúcar poderá aumentar em 6 milhões de toneladas nesta safra.

A redução das vendas no setor afeta toda a cadeia e vai chegar ao agricultor. O preço da tonelada de cana recebido pelo produtor é feito com base nos valores de comercialização do açúcar e do etanol nos mercados interno e externo.

A Unica divulgou os dados da safra 2019/20 nesta quarta-feira (25). A moagem de cana-de-açúcar do início de abril de 2019 a 16 de março último somou 583 milhões de toneladas na região centro-sul, 3% mais do que na anterior.

A produção de etanol subiu para 32,8 bilhões de litros, 7% mais do que no período 2018/19. A oferta de etanol hidratado atingiu 23 bilhões de litros, 6,8% mais.

A produção de açúcar ficou praticamente estável, na região centro-sul, subindo para 26,5 milhões de toneladas, 0,6% a mais.

Fonte: Folha Online - 25/03/2020

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