Delivery, higiene e álcool em gel são melhores amigos do consumidor
Publicado em 19/03/2020 , por Maria Inês Dolci
Empresas terão perdas que nunca serão compensadas, mesmo quando as coisas voltarem ao normal
Estamos em plena crise provocada pela pandemia de coronavírus, que se torna ainda mais grave por questões estruturais –buraco nas contas públicas. Nas próximas semanas, dependeremos todos, acima de tudo, dos bravos profissionais da área da saúde. E, nas relações de consumo, da entrega domiciliar de produtos e serviços, além de muita higiene e álcool em gel nos locais que continuarem recebendo clientes, como bancos, supermercados e farmácias.
Já tratamos aqui de algumas ideias para amenizar os impactos na economia. Mas gostaria de falar da grande oportunidade que surge para os comerciantes e prestadores de serviços realmente ampliarem a parceria com o consumidor. Porque um dia –espero que logo– a pandemia será contida, os preços do petróleo se ajustarão, as Bolsas de Valores voltarão aos recordes positivos.
Há algumas áreas que sofrem mais do que as outras, pois dependem da movimentação física de pessoas para entretenimento. Refiro-me à arte, à cultura, ao turismo e aos eventos esportivos. Companhias aéreas, hotéis, restaurantes, bares, clubes e casas de espetáculo terão de ser muito criativos para reduzir o impacto negativo em seus resultados.
Provavelmente, terão perdas que nunca serão compensadas, mesmo quando as coisas voltarem ao normal, pois, como disse um economista, ninguém irá inúmeras vezes ao cinema para compensar os filmes que deixou de ver.
Espero que, nas próximas horas, o governo federal anuncie mais providências para garantir o abastecimento de gêneros de primeiríssima necessidade, como alimentos e medicamentos.
Em período de resguardo, acertaram Azul, Gol e Latam, além de companhias aéreas internacionais, em flexibilizar suas políticas para alteração ou cancelamento de voos. Seria insensatez impelir a pessoa a viajar caso estivesse em grupo de risco ou temesse contrair a doença, em um período no qual há projeções de rápida propagação do vírus.
Multiplicar o acesso a álcool em gel nos bancos, supermercados, farmácias e padarias é outra boa prática. Também devem estar disponíveis em postos de combustíveis, pois o frentista tem, por exemplo, de usar a chave do carro para abastecer vários modelos de veículos. Ou seja, é um mundo novo, em que muitos manuseiam itens, como dinheiro em espécie.
É lastimável que, devido ao temor de desabastecimento, famílias façam grandes estoques de produtos. E que, consequentemente, itens como álcool em gel e máscaras tenham praticamente sumido do mercado. Além disso, quando encontrados, os preços são abusivos.
O caso das máscaras é mais grave, pois só são recomendadas para quem tenha sintomas respiratório —pessoas com resfriados, gripes; asmas; bem como as que atendam quem esteja com esses sintomas, e profissionais de saúde, de acordo com o tipo de atendimento.
Há mais medidas que comerciantes e prestadores de serviços poderiam adotar para contribuir com o combate ao vírus.
Em locais cuja frequência seja opcional, como academias de ginástica, a sugestão é que elaborem planos de manutenção mínima do treinamento, como aulas em vídeo, a fim de que seus alunos possam se exercitar em casa ou em um parque. Será uma maneira de praticar exercícios minimamente, enquanto o coronavírus não for controlado.
Entregadores de comida, bebida e outros itens deveriam trabalhar com luvas, máscaras e carregar álcool gel. Isso protegeria os entregadores e os consumidores.
Uma sugestão às administradoras de condomínio: informem os condôminos, zeladores e síndicos sobre como evitar o contágio. Deixem recipientes com álcool em gel perto dos elevadores e na portaria.
Sugiram que vizinhos de prédio se auxiliem, por exemplo, fazendo compras mais urgentes (padaria, supermercado, farmácia) para os mais velhos, que temam adoecer, ou para qualquer morador que esteja sem condições de sair de casa, devido a sintomas de doença respiratória.
Situações como a que o mundo enfrenta atualmente podem ter somente componentes como sofrimento, medo, perda de convívio e de renda. Mas há como ficar menos sombrias, se exercermos algo sempre exaltado, mas não tão praticado: a solidariedade humana.
Fonte: Folha Online - 18/03/2020
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