Como não cair em golpe no consignado
Publicado em 06/02/2020 , por MARTHA IMENES
Nível de endividamento sobe 11% em 2019 e especialistas advertem: cuidado com a ação de fraudadores
Os juros menores do crédito consignado são atrativos para quem precisa de dinheiro, principalmente aposentados e pensionistas do INSS. O teto que os bancos podem cobrar dos segurados é de 2,08% ao mês. Mas, o que é uma vantagem, por conta do desconto em folha, tem se tornado motivo de dor de cabeça por alguns motivos: a ação de golpistas, assédio dos bancos e financeiras, e o alto nível de endividamento, justamente por conta do juro mais baixo. Dados do Banco Central apontam que as dívidas de aposentados bateram recorde em 2019. Ao todo, foram R$ 138,7 bilhões, 11% de aumento em relação ao ano anterior.
Uma das formas mais corriqueiras para ludibriar os segurados do INSS é quando o golpista se passa por representante de bancos e instituições de crédito para oferecer empréstimo. Os próprios bancos, inclusive, alertam seus clientes sobre a atuação de fraudadores neste sentido e para que tomem cuidado, principalmente com dados pessoais. "Bancos e instituições públicas não solicitam informações por telefone ou e-mail", alerta o BC.
"Antes da minha aposentadoria sair já tinha gente ligando para minha casa oferecendo empréstimo. Ela sabia todos os meus dados, inclusive meu endereço", reclama a professora aposentada Emília de Souza, de 72 anos, moradora de Irajá.
"Os aposentados ganham pouco e muitos são o suporte da família com seus benefícios minguados. Temos casos de pessoas que têm dois, três empréstimos descontados no contracheque porque caem na lábia dessas pessoas", alerta Yedda Gaspar, presidente da Federação das Associações de Aposentados do Estado do Rio de Janeiro (Faaperj).
Endividamento é preocupante
"O pedido de empréstimo consignado está crescendo de forma desordenada e se tornando uma das principais formas de endividamento. É preciso tomar muito cuidado na hora de utilizar essa linha de crédito", alerta Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira.
Domingos orienta que antes de optar contratar um empréstimo consignado, o segurado tem que ter em mente que 30% do seu ganho mensal será destinado ao pagamento do empréstimo. Ou seja, como é descontado em folha, o aposentado ou pensionista sequer vê a cor do dinheiro. "A opção do crédito consignado é muito usada para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras, porém a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento", pontua Domingos.
Os juros, que são o atrativo desse tipo de empréstimo, são um grande perigo. Mesmo com taxas baixas, a cada ano representam um quarto do valor total emprestado. Exemplo: R$ 1.000 emprestados pagará R$ 250 de juros por ano.
Novas regras
Os novos aposentados e pensionistas do INSS que pensam em recorrer a empréstimo consignado já encontram regras diferentes. Desde abril do ano passado a Instrução Normativa 100 determina novas regras para quem quiser pegar crédito com desconto em folha. Uma delas é desbloquear a margem de consignação antes de contratar o empréstimo nos bancos. Mas essa liberação só ocorrerá 90 dias após a concessão do benefício.
Além dos empréstimos ficarem bloqueados, bancos e instituições financeiras conveniadas com o INSS estão proibidos de fazer contato com os beneficiários para oferecer empréstimos durante os primeiros seis meses após a concessão da aposentadoria ou pensão. A proibição de 180 dias vale para telefonemas e outras formas de propaganda que busquem convencer o segurado a contratar um empréstimo.
A medida vista como inovadora pelo INSS é criticada pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). "A instrução é insuficiente pois posterga o problema e não resolve o assédio constante sobre os aposentados", avalia Ione Amorim, economista do Idec.
Fonte: O Dia Online - 05/02/2020
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