Índices de confiança veem consumidor cauteloso
Publicado em 01/10/2019 , por Karla Spotorno
Instáveis, indicadores de setembro mostram direções opostas e mostram que economia tem recuperação lenta
Mesmo com a reforma da Previdência aprovada pelos deputados e encaminhada no Senado Federal, os indicadores de confiança mostraram comportamentos distintos em setembro. Dos dez divulgados até esta segunda-feira, 30, quatro tiveram alta em relação a agosto. Outros dois ficaram estáveis, mas registraram queda no subíndice referente à situação futura. E quatro tiveram baixa.
Entre aqueles que registraram alta, os índices relativos ao consumidor e ao varejo, divulgados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), estão relacionados à entrada de recursos na economia com a liberação de, aproximadamente, R$ 42 bilhões do FGTS e do PIS/Pasep para o trabalhador. "A alta da confiança do consumidor em setembro foi influenciada pelo maior ímpeto em relação às compras nos próximos meses, tendência que parece estar diretamente relacionada ao início da liberação de recursos do FGTS", avaliou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, quando da divulgação do indicador.
As diferentes direções sobre a evolução do otimismo do brasileiro com a economia reforça a natureza instável desses indicadores, considerados antecedentes. Na avaliação do economista do Banco Votorantim Carlos Lopes, a instabilidade nos índices de confiança é normal para momentos pós recessão como o vivido pelo Brasil atualmente. "Retomadas de crise intensa costumam ser erráticas. Então, não teríamos mesmo uma trajetória firme e linear da confiança", disse Lopes.
"A grande ociosidade da economia, a lenta recuperação do mercado de trabalho, o ajuste fiscal (que resulta em menor investimento público) acabam limitando a velocidade de recuperação da atividade e, portanto, a confiança", afirmou o economista. Lopes acrescenta que a economia segue fraca, recuperando-se lentamente. "Como a recuperação do emprego segue lenta, é natural que setores ligados à renda demorem mais a reagir. Por outro lado, setores mais ligados a crédito podem andar mais, visto que os juros estão bem baixos", disse o economista do Votorantim.
Ainda que a confiança esteja mais alta do que no ano passado, os indicadores ainda não retornaram para os níveis anteriores à recessão, como observa o economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi. Ele pondera que a recuperação da atividade econômica é, naturalmente, um processo lento. "Está mais lento do que o previsto inicialmente", diz Rabi. "Sabemos que um fator que vai destravar a economia é a aprovação da reforma da Previdência. A partir disso, outras agendas serão priorizadas", afirmou o economista
A votação da PEC previdenciária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e, depois, no plenário foi remarcada para esta terça-feira, 1.
Fonte: Terra - 01/10/2019
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