Crédito encolhe na Caixa e lucro no 2º tri é sustentado por venda de ações da Petrobras
Publicado em 04/09/2019 , por Tássia Kastner
Sem a receita extra, banco teria crescido apenas 3% na comparação com abril a junho de 2018
Apesar das promessas de que a Caixa Econômica daria crédito"à padaria do seu Joaquim", um exemplo do presidente Pedro Guimarães sobre como seria a sua gestão à frente do banco público, a carteira de crédito encolheu no segundo trimestre de 2019.
O crédito para Pessoa Jurídica encolheu 30,7% entre junho do ano passado e deste ano. Para pessoa física, a redução foi de 7,9%. A carteira de crédito rural foi encolhida em 22,7%.
Houve alta no financiamento à habitação, porém bem mais modesta que a dos concorrentes, de 3,6%. A Caixa é o maior banco de financiamento imobiliário do país, com uma carteira de crédito que supera os R$ 450 bilhões. Suas operações dependem em parte do programa Minha Casa, Minha Vida, que sofre com atrasos nos repasses do Tesouro.
Segundo Gabriel Dutra, vice-presidente de Finanças e Controladoria, as novas operações de crédito voltaram a ocorrer, mas devido ao tamanho da carteira da Caixa, isso demora a aparecer no tamanho da carteira.
Já Pedro Guimarães, presidente da Caixa, afirmou que “não tem nenhum problema em reduzir o tamanho da carteira”.
Apesar da queda nas operações de empréstimos, o banco conseguiu elevar sua margem financeira (receita com juros, a principal de uma instituição financeira) em 12,8%, a R$ 14,1 bilhões. Atribuiu o resultado maior em operações com valores mobiliários (operações no mercado financeiro) e a um menor custo de captação. A taxa Selic, que é a baliza do custo do crédito, caiu apenas no final de julho, de 6,50% para 6%, mas a expectativa de redução permite que os bancos paguem menos pelo dinheiro dos clientes.
O lucro do banco público cresceu 21,6%, a R$ 4,2 bilhões. Esse número só foi possível, no entanto, porque considera a entrada em caixa do dinheiro da venda das ações da Petrobras, operação realizada em junho.
Foram contabilizados R$ 2,2 bilhões, que serão devolvidos ao Tesouro Nacional.
Pedro Guimarães defendeu a devolução de recursos ao Tesouro, com a chamada “despedalada do banco” pregada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o executivo, o banco já pagou R$ 3 bilhões e recebeu autorização do conselho de administração para pagar mais R$ 7,5 bilhões, agora pendente de aval de órgãos reguladores.
O custo das primeiras emissões de IHCD (Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida) chega a 20% ao ano, mas deveria custar um terço dado o atual custo de crédito, segundo Guimarães. Com excesso de capital em Caixa, faz sentido fazer os pagamentos.
“Se tivesse índice de capital próximo do mínimo ou menor, poderia ser outra discussão”, afirmou Guimarães.
Sem esses chamados efeitos extraordinários, e aqui a Caixa inclui ainda a despesa de R$ 683 milhões com um PDV (Programa de Demissão Voluntária), o banco teria lucrado R$ 3,7 bilhões no segundo trimestre, alta de apenas 3%.
O presidente da Caixa comemorou a saída da ressalva do balanço do banco, colocada pelos auditores em 2016 por causa de investigações de corrupção pela Polícia Federal. Segundo Guimarães, esse foi um dos motivos para a demora na publicação dos números do segundo trimestre, após o término da temporada de balanços dos bancos têm ações negociadas em Bolsa.
A Caixa também divulgou que não conseguiu cobrar mais tarifas de seus clientes no segundo trimestre. A receita com prestação de serviços ficou estável em 12 meses, em R$ 6,6 bilhões.
Houve um tombo de 21% nas tarifas com cartões e de 5,3% nas de conta-corrente. A alta de 8,9% nos pagamentos do governo ao banco público para prestação de serviços, a principal origem das receitas de prestação de serviços da Caixa, ajudou a deixar o período no zero a zero.
“A Caixa no segundo semestre vai ter participação mais ativa nas mídias tradicionais”, afirmou o executivo.
Os números do banco público destoam dos obtidos pelos quatro maiores bancos de capital aberto do mercado —Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander.
No agregado, ainda que o crédito estivesse desacelerando, eles conseguiram ampliar a carteira de crédito no período e também expandir a receita de serviços. No consolidado, eles lucraram 20% mais entre abril e junho.
VENDA DE ATIVOS
Guimarães defendeu que o banco venda participação no Banco Pan, uma sociedade com o BTG Pactual, mesmo após a forte valorização dos papéis do banco na Bolsa.
“Não existe nenhuma pressa para vender a participação do Panamericano, mas a participação não é estratégica”, afirmou. Ele sinalizou que a venda deve ser via mercado, pela oferta de ações na Bolsa (follow-on) e não para um parceiro estratégico. “Conversando com o regulador há uma clareza que ele prefere via follow-on, que não seja para um comprador específico. Não pretendemos fazer a venda de uma vez só”, disse Guimarães.
Ele também comentou o plano de venda de subsidiárias, que está em andamento. Ainda que inicialmente
tenha previsto dois IPOs (oferta pública inicial de ações) por semestre, espera agora no máximo um para esse ano, da Caixa Seguridade.
“Quando falei em duas operações por semestre, sempre foi uma no começo e outra no fim. Não quero colocar uma data, porque depende de uma série de etapas. Precisamos de toda a tranquilidade com CVM [Comissão de Valores Mobiliários], TCU [Tribunal de Contas da União] e Banco Central”, disse Guimarães.
“Tudo que eu não queria é correr e aos 48 do segundo tempo alguém segurar a operação”, acrescentou.
Para Guimarães, a primeira operação vai criar os parâmetros para a venda das outras divisões. A segunda deve ser a da Caixa Cartões, que tem uma etapa adicional, que inclui tirar a divisão do guarda-chuva da CaixaPar. Segundo ele, houve uma forte demanda pela operação de adquirência (maquininha), que está na fase de concorrência. Será escolhido um parceiro para operação, assim como um parceiro para bandeira.
Fonte: Folha Online - 03/09/2019
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