Ritual para gastar pode sair caro para o consumidor
Publicado em 15/07/2019 , por Samy Dana
Não é segredo que muita gente usa rituais para consumir. É costume de algumas pessoas, por exemplo, separar o biscoito recheado em duas metades antes de comer ou colocar uma rodela de limão no gargalo se a cerveja for mexicana. Alguns mais bem dispostos até enfrentam filas de dias ou semanas pelo direito de ser um dos primeiros a ter um iPhone. As empresas sabem disso e estimulam esses comportamentos, esperando que ajudem nas vendas.
Mas por que os consumidores adotam hábitos só para alguns produtos e marcas? Em um estudo Kathleen Vohs, Yajin Wang (ambas da Universidade de Minnesota), Michael I. Norton e Francesca Gino (Harvard) sugerem que um ritual ressalta o lado positivo de uma compra ou uma experiência. O trabalho foi publicado na revista Psychological Science Magazine.
Em quatro experimentos, 284 estudantes se envolveram em rituais como quebrar um chocolate ao meio, fazer uma pausa para beber limonada ou bater na madeira e respirar antes de comer cenouras. Depois, davam uma nota, de a 1 a 7, para o quanto aprovavam o alimento. Pode parecer inusitado, mas cada ritual levou a uma avaliação mais positiva, e as pessoas também atribuíam um preço maior ao produto.
Rituais tornam a vida melhor e o consumo mais desfrutável, concluem os psicólogos. Vale para alimentos e também café, nossa bebida mais nacional, segundo um trabalho brasileiro.
Estudo dos professores Ronan Torres Quintão (Instituto Federal de Educação Tecnológica de São Paulo), Eliane Pereira Zamith Brito (FGV-SP) e Russell W. Belk (York University), entre os fãs dos cafés mais refinados, aponta que rituais são usados para se destacar dos consumidores comuns.
Beber o café puro, sem leite e sem açúcar, buscar informações sobre a origem do grão e gastar com cafés gourmet até dez vezes o preço de um café comum no supermercado, bem como com moedores e cafeteiras, estão entre os hábitos dos fãs dos cafés especiais. Geralmente, esse conhecimento vem de baristas ou de comunidades especializadas, levando a novos hábitos de consumo.
Fonte: O Globo Online - 15/07/2019
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