Impossível pagar os caros planos de saúde? Veja o que pode ser uma saída
Publicado em 03/07/2019 , por Regina Pitoscia
O uso da tecnologia para promover a desintermediação e simplificar os modelos de negócios já passou pelos transportes com o Uber, pelos imóveis com o Airbnb, pelo entretenimento com a Netflix, pelas finanças com as muitas fintechs, e agora chega aos serviços de saúde. E com resultados positivos não só para o consumidor, mas para as partes envolvidas em todo o processo, com a eliminação de altos custos, desburocratização, e distribuição mais equânime do resultado da operação.
O sistema Dandelin que chegou ao ramo de serviços de saúde há um ano pode ser boa opção para quem não tem ou não teve condições de bancar as altas mensalidades dos planos de saúde convencionais. E com certeza deve haver muita gente nessa situação.
Estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, apontou a dificuldade econômico-financeira de quem depende dos planos de saúde no País: o reajuste das mensalidades em 18 anos, de 2000 a 2018, foi de 382%, bastante acima da inflação oficial de 221% acumulada no período. Sem condições de suportar essa discrepância no reajuste, nos últimos quatro anos mais de 3 milhões de brasileiros cancelaram seus contratos com as operadoras.
O consumidor, com seu salário reajustado quando muito pela inflação, não teve seu poder aquisitivo preservado para permanecer nos convênios particulares. Sem falar dos que perderam o emprego ou tiveram sua renda achatada. A saída não foi outra senão sair em busca de planos mais populares, que começaram a proliferar pelos grandes centros urbanos ou, na pior das hipóteses, ficar na dependência do atendimento pelo serviço público, com toda a sorte de problemas que isso possa implicar.
A fintech Dandelin foi criada com bases nos princípios da economia compartilhada, na produção de valores coletivos e descentralização de poder. A plataforma conecta pacientes a médicos por meio de um simples aplicativo e deverá, em breve, estender o mesmo sistema para outros serviços de saúde, como os de laboratórios e hospitais.
O interessado faz um cadastro, sem nenhum custo inicial, e no dia seguinte já pode começar a usar os serviços de consulta, sem as famosas e duras carências. Por enquanto, a rede funciona na cidade de São Paulo, com uma lista com 700 médicos credenciados, em mais de 30 especialidades, e mais de 17 mil horários disponíveis. O programa passará a funcionar também em Belo Horizonte nos próximos meses e está aceitando o pré-credenciamento de usuários.
O participante faz consultas necessárias em número ilimitado e, por elas, paga uma mensalidade que poderá variar, mas não será superior a R$ 100 reais. Pagamento que será feito com o cartão de crédito, sempre no fim de cada mês. Os custos do uso real dos serviços são rateados entre os participantes, atualmente em torno de 2.700: quanto maior o número de participantes menor o custo de cada um.
“Além de baixar os custos para o participante, temos condições de fazer um repasse maior aos médicos”, afirma Felipe Burattini, diretor e fundador da Dandelin. Ele explica que atualmente a média de retorno de uma consulta paga pelos convênios tradicionais gira entre R$ 20 e R$ 30 reais e com o aplicativo ele chega em R$ 100 reais.
Interessante notar que por esse esquema ganha o usuário com custos mais baixos, ganha o médico com repasse maior e também a administradora da plataforma. Mas nada comparado com os ganhos das maiores operadoras de planos de saúde, que acabam ficando com a maior parte dos recursos de cada serviço.
Evidente que por oferecer apenas consultas nesse momento, não dá para comparar os serviços da Dandelin com os de um plano de saúde mais completo. Mas ele pode ser uma saída para quem ficou sem eira nem beira em relação a um convênio médico e precisa fazer uma consulta e não pretende enfrentar as filas do SUS (Sistema Único de Saúde).
Burattini, que atua há muito tempo no setor de saúde, percebeu a oportunidade de usar os conceitos da economia compartilhada em uma plataforma tecnológica para a prestação de serviços, com qualidade e custo mais baixo. Existe uma equipe na Dandelin que prospecta médicos, treina atendentes, visita consultórios para o credenciamento na rede. E há todo um cuidado de checagem de CRM e informações sobre os profissionais antes que passem a fazer parte do seu cadastro.
No aplicativo há um sistema de avaliação recíproco, do paciente em relação ao médico e vice-versa. Na medida em que uma das partes não esteja de acordo com os padrões de relacionamento predeterminados, poderá haver exclusão da rede.
A partir de agosto, o diretor prevê a inclusão de serviços de laboratório e, posteriormente, de convênios para internação e cirurgias.sempre com a mesma perspectiva de custos reduzidos aos usuários. O aplicativo Dandelin está disponível tanto para Androids como para iOS, nas lojas virtuais Google Play e Apple Store.
Fonte: Estadão - 02/07/2019
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