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Após disputa com Centauro, Magazine Luiza compra Netshoes
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Após disputa com Centauro, Magazine Luiza compra Netshoes

Publicado em 17/06/2019 , por Filipe Oliveira

Companhia, que foi avaliada em R$ 445 milhões, foi alvo de sucessivas propostas desde abril

Assembleia de acionistas da varejista virtual Netshoes decidiu nesta sexta-feira (14) pela proposta de aquisição feita pela Magazine Luiza, que avalia a companhia em R$ 445 milhões.

A empresa vinha sendo desde abril alvo de uma disputa que também contava com a participação do Grupo SBF, dono da rede de lojas Centauro, com sucessivas propostas das duas interessadas.

Devido ao interesse das duas, o valor oferecido mais do que dobrou no período. A proposta do Magazine Luiza foi aprovada por 90,32% dos acionistas votantes.

A proposta inicial, do Magazine Luiza, oferecia US$ 2 (R$ 7,76) por ação da Netshoes.

Na última quinta-feira (13), o Magazine Luiza ofereceu US$ 3,70 por ação da companhia, igualando o que era até então a última proposta da Centauro, o equivalente a US$ 115 milhões (R$ 445 milhões).

A Centauro contra-atacou na noite do mesmo dia, propondo desembolsar US$ 4,10 por ação, mis do que o dobro da proposta inicial,mas foi vencida na votação dos acionistas.

Na própria noite de quinta, a Netshoes comunicou ao mercado ter recebido a nova proposta da SBF, mais alta, mas que seu conselho de administração mantinha a recomendação de aceite da proposta do Magazine Luiza.

A empresa afirmou que, uma negociação com a dona da Centauro exigiria mais tempo de negociação e para aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Segundo o comunicado, devido às necessidades de caixa da companhia, optar pela proposta da Centauro criaria riscos para a Netshoes.
O Cade aprovou a aquisição da Netshoes pelo Magazine Luiza ainda em maio.

A operação da varejista virtual será incorporada ao Magazine Luiza até o dia 19 de junho.

Na própria noite de quinta, a Netshoes comunicou ao mercado ter recebido a nova proposta da SBF, mais alta, mas que seu conselho de administração mantinha a recomendação de aceite da proposta do Magazine Luiza.

A empresa afirmou que, uma negociação com a dona da Centauro exigiria mais tempo de negociação e para aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Segundo o comunicado, devido às necessidades de caixa da companhia, optar pela proposta da Centauro criaria riscos para a Netshoes.

A Netshoes abriu capital há dois anos, mas desde então vinha sendo penalizada por investidores por seu endividamento elevado e crescimento do prejuízo. Desde o IPO, os papéis recuaram 85,3% na Bolsa.

No primeiro trimestre deste ano, a companhia registru perdas de R$ 66,7 milhões.

Pedro Guasti, presidente do conselho de comércio eletrônico da FecomércioSP, diz acreditar que, mesmo com os resultados negativos, a companhia seguiu interessante para compradores por ter uma marca forte, uma operação consistente (com eficiência e agilidade nas entregas) e uma grande base de consumidores.

A companhia afirmou em relatório de resultados do primeiro trimestre ter 23,9 consumidores cadastrados em suas plataformas.

Na avaliação de Guasti, as dificuldades financeiras da Netshoes são decorrência de ela não ter feito a transição para um modelo de multicanalidade, que se tornou tendência no comércio eletrônico nos últimos anos.

A partir dele, consumidores podem, por exemplo, comprar um item no site e retirar na loja, experimentar produtos em espaços físicos e fechar a compra no site ou trocar produtos adquiridos em um canal a partir de outro.

Na avaliação de Guasti, a falta de integração de canais tornou a Netshoes dependente de altos investimentos em publicidade para conseguir clientes na internet, usando plataformas como Google, Facebook, Instagram, comparadores de preços ou programas de afiliados (que recompensam quem direciona clientes para uma loja).

Renan Mota, cofundador da CoreBiz, consultoria especializada em comércio eletrônico, diz acreditar que a estrategia da Netshoes de priorizar crescimento em detrimento da rentabildiade pressionou os resultados da empresa.

Em sua avaliação, negociação fortalece a Netshoes, em razão da oportunidade de integrar seu canal de vendas digital com as lojas físicas do Magazine Luiza.

"Estão comprando algo que tem potencial  muito grande, mas que, na minha opinião, seria impossível de realizar apenas no mundo online."

"Muitas empresas surgiram no comércio eletrônico acreditando que haveria muito dinheiro no futuro. Para crescer rapidamente e aproveitar isso, elas preferiram queimar caixa com o objetivo de crescer a base de clientes para, depois, pensar em como rentabilizar isso."

Patricia Cotti, diretora-executiva do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo) aponta que a operação se insere em movimento da Magazine Luiza de transformar sua operação, dando ênfase cada vez maior na digitalização.

Com a aquisição, a empresa ganha mercado e portifólio rapidamente em um segmento que, apesar de já ter itens disponíveis em seu site pelo sistema de marketplace (vende de produtos de terceiros em troca de comissão), ainda era pequeno, diz. 

LOJA DE RUA

A Netshoes nasceu na rua Maria Antônia, em São Paulo, em espaço vago de um estacionamento aberto pelos pais de um dos criadores da empresa, Hagop Chabab.

Ele iniciou o negócio junto com seu primo, Marcio Kumruian, presidente da companhia, ambos de ascendência armênia.

Quando a primeira loja foi aberta, no ano 2000, seu forte era vender calçados femininos para as alunas do Mackenzie, universidade que fica na mesma rua do primeiro endereço da Netshoes, conta o livro "Sem Limites", (ed. Gente), sobre a história da empresa e escrito pelo jornalista José Eduardo Costa. 

Após a abertura de loja no shopping Ibirapuera, que acabou sendo um fracasso, a os sócios decidiram passar a usar a internet para vender o grande estoque remanescente. Anos depois, a companhia passou a se concentrar no comércio eletrônico.

As ações do Magazine Luiza subiram 0,94% nesta sexta-feira, a R$ 211,57, quarta maior alta do Ibovespa.

O grupo SBF chegou a recuar cerca de 2% durante o pregão, com mínima de R$ 11,32, mas fechou estável, a R$ 11,60.

Na Bolsa de Nova York, as ações da Netshoes cederam 2,63%, a US$ 3,70 (R$ 14,43), após acumularem 23,5% de alta nos dois pregões antecedentes.

Raio-X

Netshoes
Faturamento  R$ 326,7 milhões (1º trimestre de 2019)
Resultado Prejuízo de R$ 66.9  milhões
Funcionários Cerca de 2 mil
Concorrentes Centauro, Bayard, DECATHLON

Magazine Luiza
Faturamento  R$ 5,3 bilhões (1º trimestre de 2019)
Resultado Lucro líquido de  R$ 132,1  milhões
Funcionários 27 mil 
Concorrentes B2W, Mercado Livre, Via Varejo

Centauro
Faturamento R$ 664.2 milhões (1º trimestre de 2019)
Resultado Prejuízo de R$ 4,1 milhões 
Funcionários 6.000
Concorrentes  Netshoes, Bayard, Decathlon 

Fonte: Folha Online - 14/06/2019

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