Governo prepara pacote que tenta aliviar queixas dos caminhoneiros
Publicado em 16/04/2019 , por Talita Fernandes e Mariana Carneiro
Anúncio deverá contemplar obras de rodovias, estímulo a cooperativas e pontos de descanso
Diante da dificuldade de conseguir conter a flutuação do preço do diesel, o governo vai anunciar nesta terça-feira (16) um pacote de medidas que possam melhorar as condições gerais do setor de transporte rodoviário.
As iniciativas foram discutidas em reunião desta segunda (15) no Palácio do Planalto que contou com a presença de seis ministros.
Uma entrevista para o anúncio foi marcada para a manhã desta terça.
Entre as ações que serão prometidas está a conclusão de obras de infraestrutura das principais rodovias do país, como a BR 163 e BR 242. Além disso, o governo prometerá construir locais de repouso para os caminhoneiros, pleito antigo da categoria.
Na lista de promessas, deverão entrar ainda o compromisso de estímulo à criação de cooperativas, de maior fiscalização ao cumprimento da tabela do frete e desburocratização da documentação dos caminhoneiros, por meio da adoção de notas eletrônicas para transporte de cargas.
Os detalhes do pacote final do que vai ser apresentado ainda serão debatidos entre os ministérios da Infraestrutura e da Casa Civil na manhã de terça, antes da entrevista à imprensa.
Aos jornalistas, os ministros devem repetir ainda ações que já foram feitas para atender os caminhoneiros, como combate à "indústria de multas" e até iniciativas implementadas pela Petrobras, como a criação do cartão caminhoneiro e o alongamento do prazo, de 7 para 15 dias, de reajuste do diesel.
Segundo relatos feitos à Folha, a ideia é transmitir a mensagem de que o governo tem o empenho de atender os caminhoneiros em pautas que vão muito além da questão do diesel.
Nos bastidores, auxiliares do presidente veem como inevitável a flutuação do preço do combustível de acordo com a variação do valor do petróleo e câmbio, como é feito hoje. Por isso, será necessário vencer esse descontentamento de outras formas.
A ideia é anunciar medidas de baixo custo e mais fácil implantação que possam melhorar as condições gerais do setor de transporte rodoviário.
A interferência feita pelo presidente Jair Bolsonaro na Petrobras na última semana gerou críticas e impôs à petroleira uma perda de R$ 32 bilhões em seu valor de mercado.
Com os anúncios, a intenção da Presidência é afastar a imagem do governo de intervencionista, mas sem que isso gere descontentamentos entre os caminhoneiros.
A reunião realizada nesta segunda durou cerca de quatro horas e seis ministros discutiram soluções para a demanda da categoria. Participaram Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Paulo Guedes (Economia), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Santos Cruz (Governo) e Floriano Peixoto (Secretaria Geral).
Após a reunião, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a estatal é livre para fixar preços dos combustíveis. Auxilares de Bolsonaro afirmam que o presidente não fará nova investida na política de preços, mas o próprio presidente pediu que técnicos lhe explicassem como funciona a formação dos preços de combustíveis. Uma reunião está marcada para a tarde desta terça-feira.
Castello Branco não disse quando a empresa deverá aplicar o reajuste do diesel congelado na semana passada.
"Vamos decidir quando vai ser reajustado ou não. É uma decisão empresarial, diferente da decisão do governo, de políticas públicas", afirmou. "O que significa que a Petrobras é livre [para fixar o preço do diesel".
“Uma coisa é o governo, outra é a Petrobras”, afirmou.
Bolsonaro admitiu que telefonou ao presidente da estatal, na noite de quinta, pedindo para cancelar o reajuste de 5,7% no combustível.
Castello Branco, no entanto, afirmou que o presidente não ordenou o congelamento.
“A decisão foi tomada pela diretoria da Petrobras”, disse. “Ninguém ordenou que a Petrobras não reajustasse”.
Fonte: Folha Online - 15/04/2019
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