Tesouro Direto rende próximo da poupança; o que faço com meu dinheiro?
Publicado em 08/04/2019 , por Roberto Kovalick
Com queda da Selic, 'era de ouro' do Tesouro Direto pode estar acabando.
A notícia de que o Tesouro Direto está rendendo menos do que a poupança no curto prazo deixou muitos fãs desse tipo de investimento alarmados. Bateu até um saudosismo dos lucrativos anos, em que dava para tirar quase 8% ao ano além da inflação. Pena que esse lucro fantástico era sintoma de uma economia desarranjada e da, então, estratosférica taxa Selic, que chegou a 14,25% entre setembro de 2015 e setembro de 2016.
A crise ainda assombra, mas vivemos num novo cenário, com Selic de 6,5% e perspectiva de que caia ainda mais. É bom para o país. Mas como ficam os investidores do Tesouro Direto? A festa acabou? Analistas ouvidos pelo G1 acham que não. Mas em vez de lucro Heavy Metal, a banda agora toca Bossa Nova. E segue o baile.
O professor da FGV, Fabio Gallo, acha que a era de ouro da renda fixa acabou e que qualquer investidor que queira um pouco mais de retorno vai ter que aceitar mais risco, diversificar seus investimentos. Mesmo assim, ele não abriria mão do Tesouro Direto.
“O Tesouro Direto tem risco zero, tem liquidez, diversos prazos, baixo custo e é fácil aplicar. Na comparação com produtos similares, em relação risco/retorno, ainda continua sendo uma boa opção e deve participar de qualquer carteira diversificada.”
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, acha que a era de ouro do Tesouro Direto está prestes a acabar com uma Selic ainda mais baixa.
“Aí fica difícil competir com outros produtos do mercado financeiro”.
Já Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos, acha que muita gente vai migrar para ativos de risco em busca de retornos melhores. Mas vê outro tipo de migração: da poupança para o Tesouro Direto. Luketic dá como exemplo o Tesouro Direto Selic, que paga basicamente o percentual da taxa básica de juros: "O Tesouro Direto rendeu 32% mais do que a poupança nos últimos três anos. E no futuro, com a taxa de juros de hoje, renderá em média 21% a mais. Portanto, vemos que ainda há muito espaço para o Tesouro Direto crescer."
O professor Fábio Gallo tem uma recomendação para montar uma carteira diversificada. "Se o objetivo é aposentadoria, a renda variável não pode ser mais do que 20% ou 30% da carteira. Agora, se for um jovem, com maior grau de segurança e com objetivo de ter ganhos maiores, a renda variável pode chegar a 80%."
Esse novo mundo de juros baixos vai exigir mais do investidor que quiser lucros maiores. Para investir em renda variável (ações, Fundos de Investimento Imobiliário, etc), é preciso queimar mais pestana do que aplicar no Tesouro Direto.
Assim como investir em Tesouro Direto, escolher o título certo para lucrar mais, exige mais tempo gasto em educação financeira do que simplesmente deixar o dinheiro na poupança. Mas é uma evolução do investidor. Quando mais ele estuda e aprende, mais controle tem sobre o seu dinheiro, menos riscos corre e mais retorno tem.
Fonte: G1 - 06/04/2019
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