Fechamento de fábrica da Ford marca esvaziamento do ABC
Publicado em 21/02/2019 , por Eduardo Sodré
Com benefícios, montadoras começaram a se espalhar para outras cidades ainda nos anos 1990
O encerramento da produção na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo é um marco do esvaziamento no ABC.
A região começou a despontar na década de 1950, quando foi criado o Geia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), no governo Juscelino Kubitschek (1956-1960).
Até então, as empresas se limitavam a montar carros no país, não havia o conceito de indústria automotiva nacional.
A General Motors já estava em São Caetano desde 1930. A Willys-Overland chegou a São Bernardo no início da década de 1950 e, em 1967, foi adquirida pela Ford.
Mercedes-Benz, Scania, Toyota e Volkswagen também se estabeleceram no ABC. Como a indústria automotiva tem uma cadeia extensa de fornecedores, criou-se um polo industrial.
A região ficou nacionalmente conhecida em 1978, quando eclodiu a primeira greve dos metalúrgicos, sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva.
As convenções trabalhistas melhoraram a remuneração e elevaram os custos de produção, mas o mercado fechado garantia projetos longevos com alta margem de lucro por carro vendido.
Outras regiões começaram a oferecer benefícios para atrair as montadoras. A Fiat já havia optado por Betim (MG) e começou a produzir em 1976, mas ainda era um caso isolado.
Além de isenções e concessões de terrenos em outras cidades, a mão de obra mais cara no ABC passa a pesar na escolha de montadoras que planejavam produzir ou se expandir no Brasil.
Em uma nova onda de industrialização, na fim dos anos 1990, as empresas se espalham.
A Renault vai para São José dos Pinhais (PR), cidade que também vira sede da fábrica conjunta de Volkswagen e Audi.
O interior de São Paulo começou a se destacar. A Honda iniciou a produção de carros em Sumaré, enquanto a Toyota ergueu fábricas em Indaiatuba, Porto Feliz e Sorocaba.
PSA Peugeot Citroën se instalou em Porto Real (RJ). A Ford concentrou parte de sua produção em Camaçari (BA) e a Chevrolet seguiu para Gravataí (RS). O grupo Caoa se dividiu entre Anápolis (GO) e, ao adquirir o controle da Chery, começou a produzir em Jacareí, também no interior de São Paulo.
Com as vendas em crescimento contínuo entre 2003 e 2012, o ABC não sentiu de imediato a debandada. Contudo, o período de recessão que veio em seguida esvaziou a região.
Enquanto carros de maior valor agregado “migraram” para fábricas argentinas, modelos de grande volume deixaram de ser produzidos no ABC.
Hoje, os três carros mais vendidos do Brasil são o Chevrolet Onix, o Hyundai HB20 e o Ford Ka. São montados, respectivamente, em Gravataí, Piracicaba e Camaçari.
Com o surgimento de novos polos industriais, o ABC deixa de ser relevante. A situação se agrava com os movimentos internacionais.
As montadoras investem alto no desenvolvimento de carros eletrificados e fazem parcerias globais para redução de custos. Para conter os gastos, fábricas menos eficientes estão sendo fechadas mundo afora.
A indústria automotiva atual faz escolhas que não se prendem a países, muito menos a cidades. Tendem a priorizar regiões que ofereçam melhor escoamento da produção, rede forte de fornecedores e menor custo da mão de obra.
Desde o surgimento de novos polos automotivos no Brasil, O ABC não monopoliza mais essas condições.
Fonte: Folha Online - 20/02/2019
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