Lucro do Santander Brasil cresce 24,6% em 2018 para R$ 12,4 bilhões
Publicado em 31/01/2019 , por Tássia Kastner
Alta foi impulsionada por ampliação da carteira de crédito e de receitas com tarifas
O Santander divulgou nesta quarta-feira (30) que seu lucro líquido cresceu 24,6% em um ano e alcançou R$ 12,4 bilhões em 2018.
O resultado reflete a expansão da margem financeira —a receita com operações de crédito— e dos ganhos com tarifas bancárias.
Ao alcançar o atual patamar, o banco praticamente dobrou o resultado que obteve em 2015, destacou em entrevista o presidente da instituição, Sergio Rial. Ele assumiu o comando do Santander naquele ano.
O principal motor de crescimento foi o crédito, que avançou 12%, para R$ 305,3 bilhões.
Os empréstimos para pessoas avançaram 22%, com destaque para cartão de crédito, crédito consignado e imobiliário. As duas últimas linhas, com garantia, têm sido priorizadas pelos bancos para minimizar riscos de calote em um período em que a economia brasileira ainda tem dificuldades de se recuperar.
“Acho que deve ter retomada do crédito imobiliário no país, e o banco estabeleceu uma marca”, disse Rial sobre as perspectivas para 2019.
No ano passado, na esteira da queda da taxa básica de juros, o Santander foi o primeiro a reduzir os juros do financiamento imobiliário para a casa de um dígito, o que puxou o resto do mercado.
Para o executivo, porém, em 2019 a demanda por crédito de empresas seguirá limitada.
Ele disse que as empresas ainda estão com ociosidade em suas fábricas, o que limita o investimento em aumento de produção, e há ainda um movimento para financiamento no mercado de capitais.
Em 2018, os empréstimos a pequenas e médias empresas avançou 9,5% enquanto a carteira de crédito de grandes empresas recuou 3,6%.
No relatório de divulgação de resultados, o banco afirmou que o crescimento da receita com operações de crédito se explica pelo maior volume de empréstimos e também pela maior participação dos empréstimos a pessoas, que pagam juros maiores que empresas.
A margem financeira somou R$ 42 bilhões em 2018, expansão de 12,5% em 12 meses.
Já as receitas com tarifas avançaram 10,6%, para R$ 17,3 bilhões. O crescimento fica acima da inflação do ano, de 3,75%.
Para Rial, o banco não deve se transformar em um prestador de serviço sem custos e que clientes pagarão por enxergar valor no serviço entregue.
Mas admitiu alguns movimentos que diminuam custos ao consumidor, como foi a decisão de zerar a taxa de carregamento sobre os planos de previdência privada.
Nesse caso, Rial disse que a pequena participação do banco no mercado fez com que a perda de receita fosse mínima.
Com o resultado de 2018, o banco fechou o ano com ROE (retorno sobre o patrimônio, uma importante medida de valor para acionistas) de 19,9%.
No quarto trimestre, o indicador ficou em 21,1%, em linha com números obtidos pelo Itaú, maior banco privado do país e a referência do mercado para os acionistas. O ROE praticamente dobrou desde 2014.
“A gente não tem objetivo de ser líder em rentabilidade, e ela varia muito em função de portfólio. A gente não vai em busca de engenharia financeira só para alcançar ROE”, afirmou o executivo.
?O banco não fixa metas de resultados (guidance), mas Rial disse que espera nova expansão do crédito e vê concorrentes trilhando o mesmo caminho no próximo ano. “A concorrência agora começa a sinalizar crescimento de crédito”, afirmou.
Ele disse esperar que juros e inflação em baixa, acompanhado das reformas estruturais, abrirão espaço para o crescimento sustentado do país.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de tributação sobre dividendos, um projeto em estudo pelo governo Bolsonaro, ele considerou que os efeitos podem ser salutares para as empresas.
Ao tributar o lucro, a equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes espera reduzir a carga tributária das empresas, como o Imposto de Renda.
“A redução estrutural da carga tributária é uma necessidade. Tributar resultados é mais saudável que ter tributação estrutural em outros níveis”, afirmou.
Fonte: Folha Online - 30/01/2019
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