BC mantém Selic em 6,5% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado
Publicado em 01/11/2018 , por Tássia Kastner
Conforme amplamente esperado pelo mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter de forma unânime a taxa Selic em 6,5% ao ano, no menor patamar histórico em que foi colocada em março deste ano.
De 43 estimativas coletadas pela Bloomberg, apenas duas previam alta nesta reunião, para 6,75%.
No atual patamar, a taxa é considerada expansionista, capaz de estimular a economia brasileira, que tem dificuldades de se recuperar após a crise econômica iniciada em 2014.
No comunicado, o Banco Central informou que indicadores da atividade econômica continuam evidenciando recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual que o vislumbrado no início do ano. E disse ainda que o cenário externo permanece desafiador, com apetite ao risco em relação a economias emergentes aquém do nível vigente no início do ano.
"Os principais riscos seguem associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global", diz o comunicado.
O processo de aumento dos juros básicos nos Estados Unidos deve reduzir o fluxo de investimentos em países emergentes, o que pode elevar o patamar do dólar. Além disso, a guerra comercial dos Estados Unidos contra a China tem o potencial de reduzir o crescimento econômico mundial, dizem os economistas.
Analistas vinham destacando que a inflação passou a se acelerar de forma mais rápida que o esperado nos últimos meses, mas o movimento deve se arrefecer a partir de novembro. Em 12 meses até setembro, o IPCA (indicador oficial de inflação do país) alcançou 4,53%, próximo do centro da meta, que é de 4,5%. A alta foi puxada pela subida dos preços dos combustíveis.
Havia a preocupação com a valorização do dólar, que chegou a alcançar os R$ 4,20 durante o mês de setembro. O desenrolar da disputa eleitoral com a vitória do candidato considerado pró-mercado fez a moeda americana voltar ao nível de R$ 3,70, o que diminuiu a expectativa de repasse para os preços.
No comunicado, o Banco Central disse que deve pautar sua atuação considerando as expectativas para a inflação e que "choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário", ou seja, na propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque.
Em relatório, o BTG Pactual ressaltou que a pressão sob a inflação deveria se dissipar em breve. “Também é importante mencionar que a pressão sobre os combustíveis deve ser revertida em breve pelo fortalecimento do câmbio e pela queda nos preços do petróleo”, escreveu o banco.
No comunicado, o Copom disse ainda que a "conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural". A taxa só deve voltar a subir quando houver mudanças nas projeções para inflação e recuperação da economia.
A expectativa do mercado financeiro é de que a taxa volte a um patamar neutro para a economia, ao redor de 8% ao ano, ao final de 2019.
Fonte: Folha Online - 31/10/2018
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