Mais de 18 milhões de pessoas estão com nome sujo
Publicado em 29/10/2018 , por Martha Imenes
Veja como conseguir sair do sufoco
Rio - Aposentados e pensionistas do INSS, que já são obrigados a viver com os parcos benefícios, amargam uma triste realidade: eles fazem parte da legião de 62,4 milhões de pessoas que estão com o nome sujo. Pesquisa da SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que 18,3 milhões de pessoas entre 50 e 84 anos ficaram com restrições no CPF por atrasos de pagamento de contas em setembro.
A expectativa para 2019 não é animadora. A previsão de reajuste para aposentados está em 5,45% para quem ganha o salário mínimo e de 4,2%, para benefícios superiores ao piso, conforme proposta do Orçamento-Geral da União apresentada ao Congresso.
O valor pago não tem garantido que beneficiários saiam do vermelho. O aposentado Sebastião Conceição, 65 anos, contou que tem uma dívida há anos, mas não consegue quitar.
"Ganho mais que um salário mínimo, mas não dá pra pagar a dívida do cheque especial. O jeito é esperar caducar", relatou.
Diante desse cenário, qual a alternativa para não ficar com o nome sujo? Para especialistas é possível tomar medidas para voltar ao azul. A principal é colocar o orçamento na ponta do lápis para ter a dimensão do que se ganha e se gasta.
"Essa medida é fundamental para deixar as contas nos eixos", diz Angela Nunes, planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).
Com o diagnóstico financeiro na mão, o próximo passo é cortar gastos supérfluos e avaliar trocas de dívidas. Como um débito no cheque especial, que tem juros 303,2% ao ano, ou do cartão de crédito (274% ao ano) por um empréstimo consignado, que pode cobrar, no máximo, 2,08% ao mês.
"Além de listar as receitas como salário, dinheiro extra, ajuda de familiares, é preciso ver quais são as despesas fixas e as essenciais que a família tem, como aluguel, luz, gás", orienta Gilberto Braga, especialista em Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.
ONDE É POSSÍVEL CORTAR
Por fim, o segurado deve anotar outras despesas, como roupas, viagens e lazer. Com estas informações, dá para analisar onde é possível cortar gastos e quitar as dívidas.
Outro ponto fundamental para sair da inadimplência é não fazer novas dívidas. "Esse é o momento de reorganização da vida financeira e se endividar de novo é realimentar um ciclo negativo", diz Marcellus Amorim, especialista em Direito do Consumidor.
Reajuste anual dos benefícios não recompõe perdas
Todo ano o governo faz projeções de inflação para determinar os índices que serão aplicados para reajustar os benefícios do INSS. Mas, segundo Marcos Bulgarelli, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, ligado à Força Sindical, os percentuais não suprem as necessidades de segurados da Previdência Social, por não repor todas as perdas.
No ano passado, as aposentadorias acima do salário mínimo foram corrigidas em apenas 2,07%. Já a inflação para o idoso está acumulada em 5,15% em 12 meses, segundo o IPC-3i (Índice de Preços ao Consumidor - terceira idade), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
De acordo com André Braz, coordenador do IPC da FGV, os preços monitorados (estabelecidos por contrato ou por órgão público) têm exercido maior pressão no bolso dos brasileiros, em geral. Mas, no caso da energia, por exemplo, afeta especialmente os aposentados.
"Como os idosos acabam passando mais tempo em casa, ficam mais reféns disso. E esse é um gasto difícil de abrir mão, então há pouco espaço para substituir por itens mais baratos, como acontece com a alimentação", afirma.
Os gastos com a conta de luz comprometem 3% das rendas dos mais novos, mas chegam a 4,8% no caso dos mais velhos, de acordo com Braz.
Relação de bancos na internet
Dois pontos que devem ser observados para evitar endividamento é avaliar a real necessidade de recorrer a empréstimo e não pegar o crédito para terceiros, como filhos, netos, parentes e amigos, por exemplo.
O próprio INSS tem em seu site a relação de instituições conveniadas e as taxas cobradas, que não podem ultrapassar 2,08% ao mês para o consignado, e 3% ao mês para cartão de crédito. Os prazos de pagamento variam de um a 18 meses, de 19 a 36 meses, de 37 a 54 meses ou de 55 a 72 meses.
Consultar a listagem é fácil. Ao acessar www.inss.gov.br, vá até o menu lateral que fica do lado esquerdo da página. Na aba "Orientações", selecione a opção "Outras" e, em seguida aparecerá uma listagem que está em ordem alfabética. Nela, o aposentado encontra a opção "Empréstimo Consignado", onde estão as instituições financeiras conveniadas e os juros cobrados.
Fonte: O Dia Online - 28/10/2018
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