Distribuidoras temem corrida aos postos antes do fim do subsídio do diesel
Publicado em 28/09/2018
Crise fiscal é obstáculo para manutenção do desconto por um período mais longo
As distribuidoras de combustíveis temem uma corrida aos postos na véspera do fim da subvenção ao preço do óleo diesel, marcado para o dia 31 de dezembro. As empresas defendem uma retirada gradual do subsídio de R$ 0,30 por litro.
“Tem que haver uma transição, uma rampa [para a retirada gradual do subsidio]”, disse nesta quinta (27) o presidente da Raizen, que opera com a marca Shell, Luiz Henrique Guimarães. Ainda não há uma proposta para o tema, mas o mercado defende que o subsídio não seja estendido integralmente.
Na quarta (26), o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, disse que o tema será debatido com equipes de transição após as eleições. A crise fiscal é um obstáculo para a manutenção do desconto por um período mais longo. Este ano, o subsídio vai custar R$ 9,5 bilhões.
“Se houver este aumento [de R$ 0,30 por litro], certamente a gente tem que estar preparado”, disse o presidente da BR, Ivan de Sá, acrescentando que poderá ser necessário ampliar os estoques nos postos no fim do ano.
Guimaraes apontou também a possibilidade de transferência indevida de recursos na cadeia dos combustíveis como uma das preocupações para o fim do subsídio. Segundo ele, as distribuidoras ou postos que tiverem comprado diesel mais barato ao fim de 2018 ganharão mais dinheiro quando o preço subir.
Movimento contrário ocorreu no início da subvenção. Em seus balanços, as três maiores distribuidoras do país apontaram perdas somadas de quase R$ 600 milhões com a venda, a valores mais baixos, de estoques comprados antes da implantação do subsídio.
A Raizen anunciou na quarta que a intervenção nos preços levou a empresa a suspender investimentos de até R$ 2 bilhões em infraestrutura para armazenagem e transporte de combustíveis. Guimarães, porém, não quis detalhar quais projetos foram suspensos, alegando que trata-se de informação estratégica da companhia.
Nesta quinta, a BR informou que não teve projetos suspensos. A empresa, porém, não tem atuação forte nas importações e, por isso, foi menos prejudicada pelo tabelamento do preço do diesel.
Pelo contrário, tem recuperado a participação de mercado perdida para distribuidoras regionais que tiveram atuação mais agressiva nas importações quando os preços justificavam a compra no exterior, disse o presidente da companhia.
Fonte: Folha Online - 27/09/2018
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