Caixa reduz empréstimos e lucro sobe 34% no primeiro semestre
Publicado em 21/08/2018 , por Anaïs Fernandes
Banco diz que evitou exposição a carteiras de maior risco, como à pessoa jurídica
A Caixa Econômica Federal cortou despesas administrativas e colocou o pé no freio no oferecimento de crédito comercial para organizar suas contas sem depender de suplementação externa.
O banco reportou, nesta segunda-feira (20), lucro líquido de R$ 3,46 bilhões no segundo trimestre, alta de 8,6% em relação aos três primeiros meses do ano e de 34% ante igual período de 2017.
No primeiro semestre, o lucro do banco soma R$ 6,65 bilhões, 63,3% superior ao de 12 meses atrás e o maior montante já alcançado pela Caixa em um semestre.
O resultado operacional atingiu R$ 9,1 bilhões no primeiro semestre, crescimento de 127% sobre 2017.
O desempenho foi possível pela queda de 5,8% nas despesas administrativas —só gastos com pessoal recuaram 7,5%, em meio a planos de demissão voluntária— e redução nas despesas com provisão para crédito duvidoso, dado que a carteira do banco diminuiu no período.
Ao mesmo tempo, as receitas com tarifas avançaram 6,5%, impulsionadas por serviços relacionados a conta-corrente e fundos de investimentos. As receitas com operações de crédito, por outro lado, caíram 13,7%, conforme o saldo da carteira e taxas de juros encolheram, afirmou Arno Meyer, vice-presidente de finanças e controladoria do banco.
A carteira de crédito ampla da Caixa totalizou R$ 695,3 bilhões no semestre de 2018, um recuo de 2,9% na comparação anual, apesar do aumento de 3,6% no crédito habitacional —o banco detém 69,3% de participação no mercado neste segmento.
Segundo a Caixa, houve redução na exposição de carteiras consideradas de maior risco —como à pessoa jurídica, que despencou 25,7%—, num esforço para adequar a instituição a Basileia 3 (sistema de regras financeiras internacionais criado para garantir solidez a bancos).
A Caixa ressalta que, mesmo diante do recuo do crédito, a instituição manteve sua participação no mercado superior a 20%, em linha com o planejado pela empresa.
"Em função da restrição de capital que enfrentamos em 2017, e que vamos resolver em 2018, desaceleramos o crescimento da carteira de crédito. Isso gerou também uma redução de 0,4% no total de ativos da Caixa", disse Meyer.
Ele acrescenta que o patrimônio líquido da instituição, por outro lado, cresce a um ritmo de 22%. "Isso mostra a expressiva desalavancagem, isto é, que estamos recompondo o capital do banco ao mantermos a carteira de crédito constante."
"Para o próximo ano, o desafio é expandir as carteiras comerciais, isso será enfrentado", completa.
IMÓVEIS
A carteira imobiliária chegou a R$ 436,4 bilhões em junho, sendo R$ 250,9 bilhões concedidos com recursos do FGTS, um aumento de 13%, e R$ 185,6 bilhões com recursos da poupança, que recuaram 7%.
Sobre a suspensão em agosto da linha de financiamento Pró-cotista para imóveis usados, a mais barata depois do Minha Casa Minha Vida, o vice-presidente da Habitação da Caixa, Paulo Antunes, diz que há tratativas com o Ministério das Cidades para uma suplementação adicional, mas Nelson de Souza, presidente do banco, afirma ver dificuldades para que isso se concretize.
"Há limitações devido à peça orçamentária do FGTS, tendo em vista que existe prioridade para famílias com renda bruta mais baixa", diz Souza.
O montante destinado a essa operação em 2018 era de R$ 1,4 bilhão e já foi usado. A Pró-Cotista para imóveis novos, que possui um orçamento de R$ 2,1 bilhões, ainda está aberta.
A linha, que não determina limite de renda, só pode ser acessada por trabalhadores com pelo menos três anos de vínculo com o fundo. Os beneficiados precisam estar trabalhando ou ter saldo na conta do FGTS equivalente a pelo menos 10% do valor do imóvel.
O segmento imobiliário representa agora 63% da composição da carteira da Caixa, contra 59% em 2017, enquanto o crédito para empresas não ultrapassa 9% —antes, era de 11%.
"Temos interesse em voltar para a carteira de pessoa jurídica, mas focados em micro e pequenas empresas, que acreditamos que dialogam melhor com a Caixa", diz Souza.
A mudança na composição da carteira do banco acabou gerando uma redução de 30,9% na despesa de provisão para devedores duvidosos, que foi de R$ 7,1 bilhões. Isso porque, embora o financiamento a empresas possa dar retornos maiores, ele também é considerado mais arriscado.
O índice de inadimplência acima de 90 dias fechou junho em 2,50%, recuo de 0,4 ponto percentual em comparação ao primeiro trimestre de 2018 e estável em relação ao primeiro semestre de 2017.
A inadimplência na habitação avançou de 1,64% no segundo trimestre de 2017 para 1,80% neste ano, enquanto a inadimplência no segmento comercial passou de 5,15% para 5,46%.
"A inadimplência está relacionada a taxa de desemprego e grau de desalento. A inadimplência cai lentamente conforte o ritmo de crescimento da economia também é mais lento", diz Meyer.
RECURSOS
Com uma reestruturação interna do balanço, a equipe econômica da Caixa avalia que não será necessário novo aporte do Tesouro Nacional no banco. Já foi autorizada uma transferência de R$ 878 milhões, numa devolução de dividendos distribuídos pela Caixa que aguarda aprovação no Congresso.
"Esse aspecto de requerimento de capital é passado. Estamos nos distanciando cada dia mais disso", disse Nelson de Souza, presidente da Caixa.
Paulo Henrique Angelo, vice-presidente de risco do banco, destacou, porém, que recursos que voltem do Tesouro são importantes para uma "visão prudencial" da gestão. "Mas o robusto contingenciamento do último ano nos colocou em uma situação mais confortável no que diz respeito a requerimento de capital", afirma.
O banco passou por uma situação grave de escassez de recursos no último ano, colocando em dúvida a capacidade da instituição de cumprir normas internacionais de saúde financeira.
"Quando tivemos que enfrentar a questão de restrição de capital, havia um cardápio de opções na mesa, como venda de carteira, captação do Tesouro, suporte do FGTS. No fim o que prevaleceu foi essa forma orgânica de resolver o problema, mas nenhuma dessas opções está descarta. Apenas não são mais necessidades ou questões cruciais para a Caixa", diz Meyer.
Ao final de junho, a Caixa tinha 90,8 milhões de correntistas e poupadores --88,1 milhões deles de pessoas físicas-- e 4,2 mil agências e postos de atendimento.
Fonte: Folha Online - 20/08/2018
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