Advogados enxugam estrutura e cobram menos pelos serviços
Publicado em 24/07/2017 , por GILMARA SANTOS
Escritórios de advocacia menores e com serviços flexíveis ganham espaço entre empresas de pequeno porte.
"Buscamos modelo de negócio escalável, que não seja limitado geograficamente", diz a advogada Thaís Guedes, do escritório InHands.
No InHands, as empresas podem ter um advogado a partir de R$ 299 por mês, com direito a duas horas de assessoria jurídica no período. "Ele pode, também, acumular horas e ter a opção de um serviço mais elaborado. Ou se preferir, faz pagamento extraordinário, caso as horas que tenha não sejam suficientes para a demanda", diz Guedes.
Há outros planos, como o que garante 12 horas de consulta por R$ 1.649 por mês.
O escritório, criado em fevereiro de 2016, conta com 200 clientes entre Rio de Janeiro e São Paulo.
"Empresas pequenas têm grande dificuldade em contratar assessoria jurídica. Assim, planos mais flexíveis ajudam esses empreendedores a terem acesso ao serviço", comenta Guedes.
Depois de atuar em escritórios atendendo grandes empresas, a advogada Gislaine Santos viu um nicho formado por firmas menores e start-ups. Desde o início deste ano, atua nesse mercado.
Para ficar mais próxima do cliente, ela trabalha em esquema de co-working ou na sede do próprio contratante, dependendo do serviço.
"Faço de um contrato ou uma audiência até assessoria jurídica empresarial completa. Depende da necessidade do cliente", diz Santos.
Por não ter uma estrutura física ou funcionários, a advogada, que trabalha em parceria com um colega, diz cobrar valores mais acessíveis, até 40% menores do que se estivesse estabelecida em uma estrutura tradicional.
Foi o preço que atraiu para ela César Machado, da empresa Antares, que faz instalação e climatização de ar-condicionado. Sem condição de contratar assessoria jurídica, ele conta que fez um mal negócio em um contrato e acabou perdendo R$ 400 mil.
"Antes, só contratava advogado para apagar incêndios, era muito caro. Hoje tenho assessoria preventiva por um valor mensal que posso pagar", diz Machado.
Os advogados vão à empresa uma vez por semana, e ele pode ligar para tirar dúvidas quantas vezes quiser.
Outra banca que também fugiu do modelo tradicional foi a Flandoli Ajzen Advogados. As sócias Marina Flandoli e Paula Ajzen também não têm uma grande estrutura e trabalham sozinhas.
"Conseguimos cobrar cerca de 30% menos, dependendo do serviço, porque temos uma estrutura enxuta", afirma Flandoli.
"Temos uma carteira de 40 clientes fixos e outros 20 pontuais", diz Ajzen.
Para atender às novas necessidades dos clientes, o escritório Dorta & Horta Advogados refez o seu modelo de negócio para atuar de forma customizada. "Com um trabalho mais preventivo, reduzimos a judicialização, diminuindo a estrutura do escritório e os valores cobrados", afirma Pedro Horta.
O escritório GMP Advogados também aposta no trabalho preventivo para reduzir os custos das empresa.
"Nosso escritório foi criado com a filosofia da assessoria preventiva. O objetivo é proporcionar tranquilidade, garantindo assistência personalizada", diz a advogada Tatiane Cardoso Gonini Paço.
De acordo com ela, há um aumento dos serviços pontuais em função da crise.
Advogados da área penal também têm produtos desenhados para pequenas empresas. Segundo Daniel Burg, para casos simples, como furto entre funcionários com imagens de câmeras, seu escritório cobra R$ 250 por mês. "Conseguimos oferecer por esse valor porque são padrões repetitivos, em que já atuamos", diz Burg.
A Ordem dos Advogados do Brasil tem uma tabela sugestiva de honorários. Os escritórios consultados dizem considerá-la.
Fonte: Folha Online - 23/07/2017
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