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Delação da JBS narra pagamento mensal a fiscais sanitários
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Delação da JBS narra pagamento mensal a fiscais sanitários

Publicado em 14/07/2017

O empresário Wesley Batista, acionista e sócio da JBS, afirmou em delação premiada que a companhia fez durante anos pagamentos mensais a auditores agropecuários encarregados de fiscalizar suas unidades de produção.

Os fiscais recebiam ente R$ 1.000 e R$ 20 mil, segundo um dos anexos da colaboração do empresário.

Mediante pagamento, os fiscais trabalhavam fora de seu expediente normal e atendiam pedidos para "flexibilizar" a aplicação das normas sanitárias.
Wesley afirma que os abatedouros funcionam mais de 16 horas por dia em seis dias da semana, mas o Ministério da Agricultura não possui pessoal suficiente para garantir a inspeção durante toda a jornada semanal.

A JBS pagava então os fiscais para que ampliassem o horário de trabalho ou ficassem de sobreaviso.

De acordo com o empresário, por vezes o objetivo do pagamento era também flexibilizar a aplicação das normas de fiscalização. Mas isso, diz Wesley, não afetava a segurança alimentar do produto.

Segundo o jornal "Valor Econômico", a empresa fez pagamentos a cerca de 200 fiscais e a lista com o nome dos servidores será encaminhada em breve ao Ministério Público Federal.

O presidente da JBS afirmou que pagar fiscais do governo é uma prática comum do setor e ocorre há muitos anos no país.

"Como todas as empresas brasileiras produtoras de produtos cárneos com atividades de abate de que tem conhecimento, múltiplas plantas das empresas de produtos cárneos do Grupo JBS também incorreram nessa prática", afirma Wesley em breve relato num dos anexos de sua delação.

Detalhes do esquema podem arranhar a já abalada imagem da carne brasileira no exterior. Em junho, os Estados Unidos suspenderam a importação de carne bovina in natura do Brasil, motivando questionamento de outros países.

CARNE FRACA

O pagamento de propina a fiscais sanitários foi um dos alvos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano.

A JBS, dona das marcas Seara e Friboi, estava entre os 21 frigoríficos investigados, mas não teve plantas interditadas na ocasião.

Três empresas, entre elas a BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), tiveram fábricas fechadas temporariamente.

Apesar da repercussão negativa do caso, que motivou embargos à carne brasileiro no exterior, a secretaria da Saúde do Paraná afirmou que análises laboratoriais realizadas em amostras de produtos dos frigoríficos Peccin, JBS, BRF e Transmeat nos dias seguintes à Carne Fraca estavam regulares.

Os testes indicaram que não havia presença de micro-organismos prejudiciais à saúde ou de aditivos em excesso.

Até a deflagração da operação, a PF realizara análises em apenas um caso investigado.

Fonte: Folha Online - 13/07/2017

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