Vale a pena dar imóvel como garantia em empréstimo? Veja vantagens e riscos
Publicado em 27/06/2017 , por Karina Trevizan
Taxas de juros são menores que outras linhas de créditos, mas consumidor inadimplente pode perder sua casa; bancos vem ampliando ofertas na linha de crédito.
Muito comum em outros países, a tomada de empréstimos com imóveis como garantia é pouco utilizada no Brasil. Mesmo com taxas de juros mais baixas na comparação com outras linhas de crédito e longos prazos para pagar, o risco de perder a casa ou apartamento ainda inibe muitos consumidores.
Recentemente, os bancos aumentaram o foco nessa modalidade de crédito. O Itaú e o Santander já tinham o produto, mas renovaram sua oferta. A intenção dos bancos é oferecer a hipoteca como uma linha de crédito mais barata do que créditos mais tradicionais, como o cheque especial e até mesmo o consignado.
A vantagem em optar pela alienação de uma casa, apartamento ou terreno como garantia para a tomada de empréstimos são os juros mais baixos e os prazos maiores de pagamento. Um consumidor que já esteja comprometido com o cheque especial, por exemplo, pode trocar sua dívida por outra mais barata. Porém, há o risco de perder o imóvel para o banco caso não consiga pagar as parcelas. A operação é conhecida no mercado como “home equity”, ou simplesmente “hipoteca”.
Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC, diz que a incerteza é um fator de peso na hora de escolher um tipo de linha de crédito. “A principal razão é a resistência do consumidor proprietário de um imóvel. O Brasil é um país com muita incerteza, e há o medo de perder o imóvel”.
Calife também cita o lançamento recente como uma das razões pelas quais a maioria dos consumidores não se sente segura em dar seus imóveis como garantias para empréstimos. “É um tipo de modalidade ainda muito incipiente. É muito recente. Em outros mercados, como o europeu, isso existe há pelo menos uma centena de anos”, diz.
Entre os maiores bancos, a Caixa Econômica Federal, o Branco do Brasil, o Bradesco e o Santander lançaram produtos de crédito com imóvel como garantia em 2008. O Itaú Unibanco, em 2014.
O que oferecem os bancos
Entre os maiores bancos, as taxas mensais de juros para as hipotecas variam de 1,22% a 1,75%, segundo levantamento feito pelo G1 com o Santander, o Itaú Unibanco, a Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil. As taxas são menores que as de empréstimo pessoal, por exemplo, que vão de 4,14% a 6,08% nos mesmos bancos, segundo médias divulgadas pelo Banco Central.
No Santander, desde o lançamento da linha de crédito, em 2008, o produto continuou praticamente o mesmo, porém passou um período "esquecido" em meio ao boom das construtoras e a demanda mais baixa. A partir de 2016, houve uma retomada da procura dos clientes por esse tipo de crédito e o banco decidiu “relançar” o produto. O Santander tem as taxas mais baixas na comparação com os concorrentes.
“A gente escolheu dar foco nesse tipo de transação porque faz mais sentido ter acesso a uma linha como essa, com um prazo mais dilatado para pagar e um custo muito menor do que as linhas mais comumente usadas, como cheque especial e cartão de crédito”, conta Fabrizio Ianelli, superintendente executivo de negócios imobiliários do banco.
Sem revelar números, Ianelli afirma que a demanda por esse tipo de crédito tem crescido com força e o banco tem procurado destacar o produto. Na segunda semana de junho, as taxas de juros dessa linha de crédito foram reduzidas. “Em relação ao que a gente estava fazendo no mesmo período de 2016, houve um crescimento de 2 dígitos [da contratação desse tipo de crédito]. A gente está, cada vez mais, treinando e conversando com os gerentes sobre o que se trata o produto. Quando você passa a ter uma oferta explicada para o cliente, como uma consultoria, a conversão aumenta”.
Já as taxas mais altas do home equity foram informadas pelo Banco do Brasil. No banco, a aposta principal é no consignado, que possui taxas muito parecidas às da linha de crédito com imóvel como garantia. “Especificamente sobre a home equity, [...] ela fica como uma das opções de atendimento de uma eventual necessidade dos clientes”, diz Edson Pascoal Cardozo, diretor de empréstimos, financiamentos e crédito imobiliário do BB.
“Temos um grupo de clientes com perfil para linhas de crédito mais baratas, como o consignado. É uma carteira que cresce com uma certa constância, diferente desse tipo de financiamento, que acaba sendo menos procurado”, diz Cardozo.
Enquanto o consignado responde por quase metade da carteira de crédito à pessoa física do BB e já cresceu 2,5% até agora no acumulado do ano, as hipotecas não representam mais de 0,5% da carteira e têm apresentado demanda estável. Cardozo acredita que isso seja “porque as outras linhas são menos burocráticas e não tem que alienar nada”.
O Bradesco e a Caixa Econômica Federal também oferecem o crédito com imóvel como garantia desde 2008. Já o Itaú Unibanco lançou crédito com imóvel como garantia mais tarde que os demais bancos, em outubro de 2014. Agora, em junho deste ano, o banco lançou uma nova linha de crédito nesse segmento, mirando um público diferente do anterior.
Enquanto a primeira linha tinha adesão, principalmente, de clientes que buscavam levantar recursos para fazer investimentos, na mais atual o público alvo são os que já possuem algum financiamento e podem trocá-lo por outro, mais barato, como explica Cristiane Magalhães, diretora do banco.
“O que a gente acabou de lançar é essa linha de crédito para aquelas pessoas que já têm crédito em outros produtos, de prazo mais curto e taxas de juros maiores, e agora têm essa oportunidade de juntar essas dívidas num crédito com prazo maior e taxas mais atrativas”, afirma. “O que a gente fez foi automatizar o processo. Na hora em que a gente ‘empacota’, digamos assim, fica mais fácil de explicar e oferecer o produto ao cliente.”
Serasa fará os registros
Em março desde ano, a Serasa Experian anunciou que foi autorizada pelo Banco Central a fazer, a partir de outubro, o registro de imóveis dados como garantia para operações de crédito. Entre as informações que serão registradas estão o nome das partes envolvidas e o valor do financiamento.
Quando a operação começar, toda vez que um banco registrar um imóvel como garantia de crédito no cartório, deverá informar à Serasa pelo site ou integração de sistemas, como explica o gerente de pessoa jurídica da entidade, Rafael Prado.
“O objetivo da medida é dar mais meios para o Banco Central monitorar as garantias de imóveis presentes nas operações de crédito imobiliário e nas de home equity”, diz Prado. “O sistema de crédito tende a se tornar cada vez mais sólido e seguro”.
Segundo Prado, os bancos terão acesso apenas aos dados que cada um deles registrou, e somente o BC terá a base de dados completa e consolidada.
Fonte: G1 - 26/06/2017
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