Dia de pânico nos mercados faz Bolsa desabar 9% e dólar subir para R$ 3,39
Publicado em 19/05/2017 , por DANIELLE BRANT
A crise que atingiu em cheio o governo Michel Temer fez os mercados brasileiros acionarem travas de proteção contra fortes volatilidades nesta quinta-feira (18). Os mecanismos, porém, foram insuficientes para evitar que a Bolsa tivesse o pior dia desde 22 de outubro de 2008 e que o dólar subisse R$ 0,26 em um dia, para R$ 3,39.
O dólar comercial encerrou o dia com forte alta de 8,16%, para R$ 3,390. Foi a maior valorização diária desde o início de 1999. O dólar à vista, que fecha mais cedo, teve ganho de 8,68%, para R$ 3,373.
A Bolsa brasileira desabou 8,80%, aos 61.597 pontos, depois de acionar, pela primeira vez desde 2008, o circuit breaker, a trava que interrompe seus negócios em caso de forte instabilidade.
O volume financeiro foi quase o triplo do registrado em um pregão normal: R$ 23,7 bilhões, contra média diária de R$ 8 bilhões no ano.
O pânico nos mercados foi uma reação à notícia de que o presidente Michel Temer foi gravado sugerindo a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. A informação foi dada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", e confirmada pela Folha.
Pela manhã, a forte valorização do dólar fez o Banco Central anunciar leilão adicional de 40 mil contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), na tentativa de oferecer ao mercado proteção adicional para empresas e investidores.
Mais cedo, a autoridade monetária tinha emitido um comunicado indicando que atuaria para manter a funcionalidade dos mercados.
"Foi uma abertura de mercado com pouca informação sobre as notícias de quarta-feira, então esperávamos um mercado mais estressado", avalia Alexandre Fialho, diretor de câmbio da Cotação.
Segundo ele, a forte valorização do dólar ocorreu pela gravidade da delação e pela incerteza em torno do que acontecerá nos próximos dias, principalmente em relação à permanência de Michel Temer no governo.
A crise na qual o governo mergulhou trouxe também dúvidas quanto à aprovação das reformas que vinham sendo conduzidas pelo Planalto, como a da Previdência e a trabalhista.
"Havia um cenário de melhora, uma confiabilidade de que o governo seria tocado até 2018 e faria as reformas economicamente necessárias. Já havia uma curva de juros caindo e a inflação retrocedendo. O mercado tomou um choque, porque o cenário para as reformas ficou mais difícil", ressalta.
BOLSA
Já a Bolsa brasileira acionou o circuit breaker quando o Ibovespa caía 10,47%, aos 60.470 pontos. O circuit break é uma ferramenta acionada quando o índice tem variação negativa de 10% em relação ao fechamento anterior.
A última vez em que a Bolsa havia recorrido ao mecanismo tinha sido justamente em 22 de outubro de 2008, quando o Ibovespa recuou 10,18%.
As ações da Petrobras chegaram a cair 20%, enquanto os papéis do setor financeiro, que tem maior peso no índice, recuaram quase 20%. Os negócios ficaram interrompidos por 30 minutos e retomados às 10h50. Por volta de 11h, a Bolsa atingiu a mínima do dia, com queda de 10,7%.
A Bolsa chegou a esboçar uma melhora por volta de 15h, após o colunista Ricardo Noblat, do jornal "O Globo", dizer que Temer renunciaria no pronunciamento que faria às 16h.
Em seu discurso, porém, Temer descartou deixar o cargo, o que fez o Ibovespa aprofundar a queda novamente.
"O mercado esperava uma renúncia que não veio ou uma fala mais contundente. Mas o Temer manteve aquela história de que há uma conspiração contra ele, mas não diz de onde vem a conspiração. Foi um comunicado frágil para o que o mercado esperava", ressaltou Alvaro Bandeira, economista-chefe home broker Modalmais.
No dia, as estatais tiveram as maiores quedas do Ibovespa. Os papéis com direito a voto da Eletrobras caíram 20,97%, enquanto as mais negociadas fecharam em baixa de 16,96%. As ações do Banco do Brasil se desvalorizaram 19,91%.
Os papéis mais negociados da Petrobras recuaram 15,76%, para R$ 13,15, e as com direito a voto perderam 11,37%, para R$ 14,27.
As ações mais negociadas da mineradora Vale subiram 0,39%, a R$ 25,54, e as com direito a voto se valorizaram 0,07%, para R$ 26,86.
O dia não foi um desastre para todas as ações do Ibovespa. Os papéis de exportadoras conseguiram fechar em forte alta, impulsionados pela valorização do dólar.
As ações da Fibria, de celulose, subiram 11,48%. Os papéis da Suzano se valorizaram 9,86%, Klabin avançou 1,64% e Embraer fechou com ganho de 2,67%.
JUROS
A instabilidade também afetou o mercado de juros. Os contratos mais negociados passaram a prever queda menor da taxa de juros na próxima reunião do Copom (comitê de política monetária), no final de maio.
Antes da crise que atingiu o governo, o mercado trabalhava com um corte de 125 pontos-base a 150 pontos-base. Agora, passa a ver uma queda menor na taxa Selic, de apenas 75 pontos-base, o que levaria o juro básico a 10,50%.
"Todo mundo apostava em juros para baixo. Agora, não sei se vai ter corte de juros nesta reunião ou se o BC vai esperar o cenário se definir", avalia Lucas Marins, analista da Ativa Investimentos.
O contrato de juros futuros mais negociado, com vencimento em julho de 2017, subiu de 10,361% para 10,800%.
O contrato com vencimento em janeiro de 2018, que indica a perspectiva para a Selic no final deste ano, avançou de 8,975% para 10,075%.
A instabilidade gerada nas taxas de títulos públicos fez o Tesouro cancelar os leilões previstos para esta quinta-feira.
"O Tesouro Nacional informa que, em razão da volatilidade observada no mercado, não realizará os leilões de venda de Letras do Tesouro Nacional - LTN, com vencimentos em 01/04/2018, 01/04/2019 e 01/07/2020 e Letras Financeiras do Tesouro Nacional - LFT, com vencimento em 01/03/2023, programados para hoje."
O risco-Brasil medido pelo CDS (credit default swap) tinha alta de 29,03%, para 265,9 pontos.
Fonte: Folha Online - 18/05/2017
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