Brasil tem menor risco em 28 meses com exterior e indicadores positivos
Publicado em 17/05/2017 , por DANIELLE BRANT
Filipe FrazãoO risco-Brasil atingiu o menor nível desde dezembro de 2014 e o dólar teve a sexta queda consecutiva com uma melhora do humor no exterior e também com a avaliação de que o país começa a mostrar sinais de que está saindo da recessão
O CDS (credit default swap), que mede o nível de risco de crédito de um país, recuou 0,99% nesta terça-feira (16), para 196,9 pontos. É o menor patamar desde 29 de dezembro de 2014, quando o CDS do país estava em 187,9 pontos.
A queda se deu em linha com a redução do CDS da maioria dos países do mundo. Na América Latina, por exemplo, só Venezuela e Costa Rica viram seu risco-país subir nesta terça-feira.
A melhora no exterior ocorreu apesar de recentes turbulências envolvendo principalmente os Estados Unidos —o presidente americano, Donald Trump, enfrentou polêmicas envolvendo a demissão de um diretor do FBI e o compartilhamento de informações confidenciais com a Rússia.
"Em linhas gerais, as eleições na França acabaram bem, as controvérsias do Trump não têm evoluído e a crise com a Coreia do Norte esfriou. Então esse bom humor no exterior está contando", afirma o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.
Aqui, indicadores positivos sinalizando a recuperação da economia ajudaram a melhorar a percepção de risco dos investidores. Na segunda-feira (15), o Banco Central divulgou que seu indicador de atividade econômica cresceu 1,12% no primeiro trimestre do ano.
É o primeiro crescimento para qualquer trimestre desde os últimos três meses de 2014, quando o IBC-br subiu 0,21%.
Outro dado que trouxe confiança foi o emprego formal, que voltou a reagir em abril. Entre demissões e contratações, foram criadas 59,8 mil vagas com carteira assinada, o melhor resultado para o mês desde 2014.
"A melhora em relação ao Brasil é mais localizada do que no resto do mundo. A recessão praticamente acabou, a inflação em queda permite que a taxa básica Selic caia mais agressivamente, o que provocaria nova melhora no risco-país", avalia Paulo Gomes, economista da Azimut Brasil Wealth Management.
Ele vê espaço para que o risco-país recue para 160 pontos até o fim do ano, caso a nota de crédito do Brasil seja elevada por alguma agência de classificação de risco e as reformas da Previdência e trabalhista sejam aprovadas no Congresso.
Por outro lado, uma derrota na votação da reforma da Previdência ou uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de cassar a chapa Dilma-Temer poderiam levar o risco-país novamente acima dos 200 pontos.
DÓLAR
O dólar também espelhou a melhora na percepção de risco e recuou pela sexta sessão seguida.
O dólar comercial teve queda de 0,35%, para R$ 3,097, menor valor desde 21 de março. O dólar à vista caiu 0,44%, para R$ 3,091, nível mais baixo desde 22 de março.
O enfraquecimento do dólar acompanhou a desvalorização da moeda americana no exterior. Entre as 31 maiores divisas do mundo, 26 ganharam força ante o dólar nesta terça-feira.
A queda refletiu a preocupação com dados do mercado imobiliário americano, que colocam em dúvida a retomada econômica do país. As novas construções de casas caíram ao menor nível em cinco meses.
A recente polêmica de Trump envolvendo o compartilhamento de informações confidenciais com a Rússia também causou preocupação entre os investidores.
No cenário doméstico, o Banco Central contribuiu para a queda do dólar, ao retomar suas intervenções no mercado cambial. A autoridade monetária vendeu 8.000 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) por US$ 400 milhões. Com isso, sinalizou que deve rolar integralmente os contratos de swaps de junho, de US$ 4,435 bilhões.
BOLSA
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no mercado, subiu 0,31%, para 68.684 pontos, na sexta alta consecutiva. É o maior patamar desde 21 de fevereiro deste ano,
Das 59 ações do índice, 36 subiram, 20 caíram e três encerraram o dia com os preços inalterados.
O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 9,04 bilhões, enquanto a média diária do ano é de R$ 8,108 bilhões.
As ações mais negociadas da Petrobras subiram pelo sexto dia seguido. A alta foi de 0,13%, para R$ 15,70. Os papéis com direito a voto ficaram estáveis em R$ 16,19. No exterior, os preços do petróleo caíram, mas os investidores têm considerado a política de venda de ativos da estatal e seu plano de negócios ao avaliar a companhia, na opinião de José Francisco Gonçalves, do Fator.
Os papéis da Vale subiram nesta sessão, acompanhando a valorização dos preços do minério de ferro. As ações mais negociadas da mineradora subiram 3,22%, para R$ 25,94. Os papéis com direito a voto avançaram 2,29%, para R$ 27,26.
No setor financeiro, os papéis de bancos tiveram resultados mistos. As ações do Itaú Unibanco caíram 0,12%. Os papéis preferenciais do Bradesco subiram 0,16%, e os ordinários tiveram queda de 0,13%. As ações do Banco do Brasil se mantiveram estáveis em R$ 34,75. As units —conjunto de ações— do Santander Brasil caíram 1,83%.
As ações da JBS despencaram 8,62%, após ver sua receita líquida cair 14,3% na comparação anual, para R$ 37,6 bilhões.
Fonte: Folha Online - 16/05/2017
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