Banco deve se adaptar ao perfil do cliente, aponta pesquisa
Publicado em 11/05/2017 , por Nathália Larghi
A constatação de que os brasileiros não têm o hábito de poupar é frequentemente analisada por pesquisas e especialistas. Um estudo do Banco Mundial, por exemplo, mostrou que apenas 28% dos brasileiros haviam guardado algum dinheiro nos 12 meses anteriores.
No entanto, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Na Rua, que investiga comportamentos e valores dos consumidores, colocar todos os brasileiros em uma caixa só pode ser um erro e, por isso, os bancos devem pensar na maneira certa de abordar cada um para manter a saúde financeira dos correntistas.
Após analisar a relação das pessoas com o dinheiro, o estudo mapeou cinco perfis de investidor. Ele foi apresentado nesta quarta-feira, no 9º Congresso de Fundos, realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
A pesquisa foi baseada em perguntas sobre a vida das pessoas. A ideia era entender como as pessoas lidam com o dinheiro a partir da percepção de como elas vivem.
"Vimos que pessoas começavam a lidar com o dinheiro de maneira diferente a partir de algum acontecimento, seja o nascimento de um filho, o desemprego ou terminar a faculdade", explica o planejador estratégico Bruno Azevedo, um dos responsáveis pelo material.
A partir desse diálogo, foi constatado que no Brasil existem cinco perfis: o construtor, o camaleão, o despreocupado, o sonhador e o planejador.
O perfil do construtor engloba aquelas pessoas que trabalham com cautela e, por isso, precisam de muita segurança para dar o próximo passo. Ao contrário dele, existe o despreocupado, aquele que não se planeja muito, mas tem otimismo e confiança de que as coisas darão certo. O camaleão, embora também não seja tão preocupado, é exemplificado como aquela pessoa que se vira de acordo com a situação em que está vivendo. O sonhador baseia suas escolhas em suas emoções e tende a arriscar mais. Por fim, existe o planejador, que traça seus objetivos e metas e quais passos ele irá seguir para atingi-los.
A ideia, portanto, é que é que os bancos adaptem seus serviços para cada um desses grupos, de acordo com seus hábitos e, principalmente, suas necessidades.
"O banco hoje fala com eles como se todos fossem planejadores. E não é assim, o valor de "ter dinheiro" muda de um para o outro", afirma Azevedo.
O planejador explica que as instituições financeiras devem ajudar e ser complementares a cada perfil. "No caso do construtor, o banco precisa incentivá-lo a dar o próximo passo. Para o sonhador, precisa ajudá-lo a colocar os pés no chão. O planejador geralmente é autodidata, ele sabe o que é bom e ruim pra ele, por isso, o banco precisa ser honesto, mostrar realmente as melhores opções.
Ele também precisa olhar para o despreocupado, que quando precisar vai vir até ele. E também com o camaleão, que o banco precisa perceber o esforço dele pra fazer as coisas darem certo e ajudar", diz.
A aproximação dos bancos com os clientes também foi mapeada na pesquisa. Segundo os responsáveis pelo estudo, as pessoas consultadas gostariam de que as instituições pensassem em soluções baseadas nas suas escolhas, que podem ser percebidas através de suas movimentações financeiras.
Alguns participantes, por exemplo, criticaram os bancos que ofereciam cartões de crédito com limites altos para quem já se endividou antes. Outros gostariam que as instituições entrassem em contato ao perceber alguma mudança em seu comportamento, como por exemplo, uma pausa no pagamento de mensalidade de uma faculdade, que pode indicar problemas.
Millennials. O perfil dos millenials - jovens que nasceram entre os anos de 1990 e 2000 - também foi tema de debate. Fabiano Coura, que lidera a operação da agência R/GA no Brasil, explica que as instituições financeiras precisam se adaptar ao estilo de vida desses jovens, oferecendo serviços rápido e personalizados.
"As empresas que vivem no universo dos millenials conseguem entender e oferecer coisas da necessidade deles como nenhuma outra tradicional. O banco, por exemplo, não mostra que seu salário caiu, que dali a alguns dias você vai ter dinheiro para fazer determinada coisa. É preciso conhecer mais intimamente essas pessoas e desenhar soluções para atendê-los melhor", afirma.
Fonte: Estadão - 10/05/2017
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