Cautela ao usar FGTS como garantia para empréstimo consignado
Publicado em 18/04/2017 , por Martha Imenes
Trabalhador que quiser fazer empréstimo consignado dando como garantia o FGTS deve avaliar a real necessidade, avaliam especialistasEstefan RadoviczPara especialistas, o risco de endividamento dos trabalhadores é muito alto
Rio - A liberação de empréstimo consignado para trabalhadores da iniciativa privada tendo como garantia o FGTS para liquidar o crédito com desconto em folha é visto com reserva por especialistas. Se por um lado vai injetar dinheiro na economia e livrar o empregado de possíveis dívidas, por outro pode deixá-lo sem sem reservas financeiras no futuro. A advertência é da economista Myrian Lund, professora dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV).
“A população não passou por um processo de educação financeira. Então corre o risco de se endividar ainda mais”, alerta a professora. De acordo com as regras, os juros oferecidos pelos bancos não podem passar de 3,5% e deverão ser usados 10% do saldo do fundo e 100% da multa rescisória, que é de 40% sobre o total depositado pelo empregador, como garantia para pegar o empréstimo.
Como a parcela é descontada diretamente do salário, o risco de calote para o banco que emprestar é muito reduzido. Já para o empregado representa menos reservas no fundo, segundo a economista.
“Em tempo de crise econômica, de déficit no INSS, mudanças no sistema de aposentadoria, usar recursos que podem ser sacados quando for aposentar, por exemplo, para fazer dívida é comprometer o futuro”, adverte Myrian.
Opinião similar tem o professor de Economia do Ibmec e da Fundação D. Cabral, Gilberto Braga. Ele orienta o trabalhador que quiser fazer esse tipo de empréstimo a avaliar a real necessidade para evitar se endividar com as parcelas. “É preciso não pegar o dinheiro por impulso. Isso compromete o orçamento doméstico”, diz Braga.
Agregar valor
Uma das dicas que a economista da FGV dá para quem pensa em pegar um empréstimo consignado com o fundo como garantia para usar o dinheiro em uma reforma do imóvel, ou usá-lo na compra de bens duráveis, como geladeira e fogão, por exemplo, é evitar longas parcelas.
“Se não houver solução, o ideal é que o desconto em folha seja feito com o menor número de parcelas possíveis para não comprometer a renda por muito tempo e pagar juros por tanto tempo”, afirma Myrian.
Outro alerta da economista é: “Não tome empréstimo para terceiros”. Ela conta que é uma prática muito comum as pessoas se endividarem para ajudar um amigo ou parente e depois ter que arcar com a dívida sozinho.
Expectativa de pouca queda de juros e endividamento em alta
A expectativa de queda dos juros com a liberação de empréstimo consignado tendo como garantia o FGTS é vista com desconfiança por Mario Avelino, presidente do Instituto Fundo Devido ao Trabalhador. Ele avalia que a nova modalidade de crédito vai reduzir “muito pouco” a taxa de juros cobrada pelos bancos, que já são abusivas.
“Esse tipo de crédito com desconto em folha vai aumentar ainda mais o número de trabalhadores com dívidas, o aumento de consumo para movimentar a economia será insignificante”, afirma.
“O dinheiro da multa de 40% sobre o saldo do FGTS em caso de demissão é sacado de imediato pelo trabalhador onde ele pode usar de forma muito mais produtiva, como por exemplo, quitar dívida com o cartão ou empréstimos, que têm juros na estratosfera, ou ajudar o trabalhador a se manter enquanto não arruma outro emprego, ou investir em um negócio próprio”, avaliou.
Fonte: O Dia Online - 17/04/2017
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